“JOGA PEDRA NA GENI!”
Pelos viciosos círculos dos impiedosos “coliseus” humanos, segue um
Mini-Ensaio do pensamento.
Nesses últimos tempos, cá em “terras brasilis”, vivemos o que se poderia metaforizar de “um reality show” sócio-político de horrores.
Não falta emoção...ruim.
Em análise ao momento, penso que tanto a HISTÓRIA do decurso da HUMANIDADE quanto a própria História das literaturas brasileira e mundial, em prosas e em versos, poderiam ilustrar perfeitamente muitas cenas da tendência “gladiadora” da raça humana, a meu ver, uma raça perigosíssima porque, a despeito da incrível inteligência, é uma raça traiçoeira e predadora de si mesma.
Na minha epígrafe, como todos sabem , eu me reporto à obra “Geni e o Zepelin”, um dos temas de “A ÓPERA DO MALANDRO” , a do grandioso Chico, maravilhoso compositor de belas canções e poesias que ilustram a nossa MPB e cujos versos “cáusticos” ali muito bem contam da nossa tendência social hipócrita e apequenada, a que a mim, principalmente pelas cenas sociais e políticas que hoje nos são veiculadas a jato pelo mídia, me reporta aos clássicos da IDADE MÉDIA, épocas das babáreis humanísticas afloradas e encenadas com glórias: o humano execrando o seu igual.
Costumo pensar comigo que “nossos coliseus modernos e contemporãneos" , nas essências, continuam os mesmos , o que muda é apenas os tempos, a toque de “neo-formatações” sócio-políticas embasadas nos interesses e nos propósitos das novas eras, sempre surreais.
Deve ser da nossa perene saga humana, uma vez que dizem que o sofrimento gera profundo aprendizado, no nosso caso, aprendizado inútil, ao que tudo indica.
Portanto, lhes digo que não espero muito da humanidade desumana, mas a minha perplexidade sempre vence a si mesma.
A propósito, Maquiavel um dia nos ensinou , e talvez tenha sido mal interpretado, que “os fins justificam os meios’, e na nossa História mais recente, a que tristemente nos conta de nós memsos, temos visto meios que quase nunca justificam nosso terríveis fins escusos e ocultos que hoje se esfacelam a olhos nús.
Maquiavel teria muito, muito que reaprender, não apenas conosco brasileiros, mas com o entorno mundial que nos cerca.
Quem me lê deve estar se perguntando sobre qual fato precisamente me inspiro para o presente ensaio, e aqui esclareço que me espanto conosco todos os dias.
Falo do tudo, absolutamente...do tudo que culmina com o nosso assustador contexto de tudo!
Digo que penso sobre as cenas que nós brasileiros protagonizamos ao mundo nessas últimas horas, sobre esse nosso mundinho tão perdido nos horrores corruptivos que dilaceraram nossos pétreos valores, como se hoje fossemos um triste resquício duma sociedade “iceberg”, derretida pelo aquecimento energético das velhacarias e das injustiças, em meio à dignidade humana zerada, levada ao cúmulo da enésima casa da animalidade irracional.
Por aqui acontece de tudo, e obviamente o pensamento explicativo mais fácil , mais automático que nos vem a mente, é o de culpar os políticos corruptos pelos nossos horrores , nós, tão culpados quanto eles, cidadãos (?) filhotes dessa geração pós- ditadura dos mesmos horrores que, ao que tudo indica, não soubemos implementar educação para o exercício duma sagrada democracia verdadeira, se é que ela existe mesmo, eu ainda tenho dúvidas.
Muito bem, as perguntas que lanço:
Donde vêm os nossos políticos atuais , se hoje e graças a Deus temos o privilégio de eleições diretas?
De qual seio social implementado vêm os políticos, afinal?
De que valores cultivados no seio das famílias, células primas da sociedade, vêem os políticos?
Quem os colocou ali? Com quais propósitos?
Ou as minhas perguntas são “out fashion” para uma sociedade progressista, tão de vanguarda?
Penso que os mesmos atores sociais votantes, os que hoje descontentes atiram pedras no seus ex-ídolos, são os que também se satisfizeram dos frutos diretos ou indiretos das corrupções agraciadas e agora ceifadas pela crise e PELA LEI, posto que TARDIAMENTE se apercebem das condições indignas de vida que nos encontramos, as que as próprias corrupções corroeram no cerne das dignidades múltiplas.
Corrupção é tragédia, seja ela pequena ou grande e hoje somos doutores nessa dor de”pele”.
Desabafo aqui nesse meu curto pensamento, posto que também tento me humanizar frente ao tudo que nos vem a público a nos desintegrar psicologicamente, e lhes digo que assistir a comemoração efusiva da execração dum "ex-homem público executivo", na maca duma ambulância e nas adjacências de um Hospital público...também não não me causa alegria alguma.
Aliás, me causa náusea, não porque esteja eu aqui defendendo ilícitos, mas porque penso que flagrantemente retornamos à idade média.
Deve ser porque a vingança, dizem, " é um prato que se come frio”...e portanto deduzo aqui comigo: se torna insaciável e impalatável às fomes do tudo do primordial que nos levaram.
Um homem suspeito de coronariopatia colocado num ambiente stressor veiculado ao mundo...
Meu Deus, o que foi aquilo? Um coliseu sanitário?
Era um teste ergométrico com a droga dos horrores?
A cena que nos foi mostrada, e que com certeza já correu o planetinha, a dum político escancaradamente invadido no seu leito de doença (não discuto a veracidade ou não dos fatos sanitários e políticos ), reverbera contra nós mesmos enquanto sociedade civilmente organizada, hoje TOTALMENTE DESORGANIZADA, a me levar a apenas um diagnóstico sócio-político-jurídico: o de que perdemos todo o senso de humanismo , o de “ser gente”, o de respeito conosco mesmos.
E mais que isso: perdemos o tecnicismo das ciências humanas para resolver tanto as simples quanto as sérias situações políticas e sociais com regras humanas; hoje montamos coliseus para nós mesmos, um extremo paradoxo existencial, aonde na verdade, os alvos “GENIS” somos todos nós , BICHOS RACIONAIS dum circo armado, ali expostos aos nossos infortúnios, em meio à feras IRRACIONAIS surgidas de nós mesmos, as advindas das corrupções do tudo, inclusive dos valores socais mais elementares, e assim, nos protagonizamos nos pequenos e grades atos, mostrando ao mundo o quanto nos degeneramos em pouco tempo pelo abandono social, todos ao léu de tamanha má sorte política que diplomamos nas urnas.
Como mero cidadão não sei qual a nossa solução a curto prazo.
Mas a longo prazo, com certeza indiscutível, é começar reeducar hoje em caráter de emergência antes que nos dizimemos.
Estamos socialmente nas “macas dos horrores”, disrítmicos, ofegantes, agonizantes, desoxigenados de rumos, obstruídos socialmente por uma epidemia de velhacos, no teste diário da vida ergométrica em stress contínuo, sem remédios efetivos, num torpor social drogadito assustador, às vezes revigorados pelas ruas sociais “angioplásticas”, quando conseguimos recuperar em parte o fluxo da consciência roubada de nós...por nós mesmos para, enfim, respirarmos nossas células quase necróticas...algo aliviados de nada.
Para terminar meu pensamento de forma algo ecumênica, volto lá atrás, há dois mil e dezesseis anos, numa cena histórica quando o povo estava para decidir quem morreria na cruz: se um ladrão notório ou se um ser, tido como revolucionário do bem.
O povo, tão inconsciente como hoje, crucificou a si mesmo.
E aos céus se ouviu uma prece de bondade e humanismo:
“Pai , perdoai!- porque eles não sabem o que fazem...”
E o mais triste é constatar que até hoje, continuamos a não sabê-lo...
Portanto, lanço meu coração de Homem mundano ao mesmo oráculo pela humanidade.
E depois de rezar pela graça de nunca ter a desgraça de cair entre feras humanas a rogar pela justiça tão falha dos Homens, chamarei o 192 com urgência, na esperança do milagre da sua aparição ao doente comum, posto que estamos todos muito adoentados, a eternamaente "ESPERAR POR GODOT", apequenados numa formatação social extremamente patológica e de prognóstico nada animador.