Fazer amor - ensaio
Fazer amor!
O que é para você fazer amor?
Para muitos, vem logo a questão “carne + gozo” na cabeça.
Para outros, vem o “sentimento + emoção” dando um toque meio poético à questão.
No entanto, responda o que é amor? Ou, o que é amar? Alguém, algum dia, já conseguiu, ou irá conseguir responder estas 2 perguntas? Acho pouco provável, pois penso que faltam palavras no nosso vocabulário para transformar em letras algo tão sublime.
Aí, então, me pergunto: como podemos afirmar com tanta ênfase em determinados momentos da nossa vida que amamos tal ou qual pessoa? E ainda mais, como podemos definir que estamos “fazendo amor” com aquela pessoa? O amor é algo (ou alguma coisa) que possa “ser feito”?
Perguntas difíceis, não são? Quase impossíveis de serem respondidas de forma completa, sendo – acho eu – justamente isto que instiga os poetas e escritores a produzirem seus textos sobre o amor e sobre o amar. Então, aqui deixo mais um texto para você ler e formar a sua convicção do que é “amar” e “fazer amor”, posto que seja sempre algo (ou alguma coisa) muitíssimo individual.
O Amor é por simplesmente ser, ou seja, não tem causa, nem efeito...ele (ou ela, ou isto) simplesmente é, e pronto! Está em nós e, ao mesmo tempo, é em todos nós.
Quando dizemos “te amo” na verdade estamos depositando nosso amor naquela pessoa que escolhemos para ser a(o) fiel depositária(o) do nosso amor, mas o amor é de cada um e está em cada um. Paradoxalmente ele é incompleto quando em nós, então temos sempre a necessidade de depositá-lo em alguém. Este talvez seja o lado mais enigmático do amor, posto que ele é completo na essência (ou seja, como falei, ele é porque é e pronto), mas incompleto na sua totalidade (ou seja, para vivê-lo por completo temos que depositá-lo em alguém).
Considero o amor, ainda, a linguagem Divina dentro de todos. Habitualmente não uso minhas convicções religiosas, teológicas ou filosóficas, até por respeito à crença dos vários (as) que me lêem, mas aqui não tem jeito! Todas as religiões e correntes filosóficas, mesmo sob a ótica da metafísica, acreditam em uma força maior do que tudo e todos e que participa das nossas vidas cotidianamente e no tocante ao amor não consigo deixar de citar seu papel.
Então, “fazer amor” na verdade, para mim, é “viver o amor” de maneira a unir 2 pessoas em uma só, posto que o amor não pode ser produzido, mas sim vivido, tendo em vista que jaz dentro de nós de maneira inata desde a infância e dada sua essência traz consigo a necessidade de ser depositado em alguém. A vivência desta experiência – fazer amor –, então, traduz de maneira palpável, física e orgânica através de um ato sexual, aquilo que temos dentro de nós, daí ser um momento tão importante.
A carne está presente quando vivemos o amar, sim, sem dúvida posto que somos feito dela, contudo não pode ser “só carne” pois assim nos tornamos “açougueiros”! Neste tocante, concordo com Rita Lee que foi sábia na sua música, pois soube separar melodicamente sexo de amor, contudo acho que ainda tem muito mais a ser dito sobre o amar.
Existe também todo um clima pretérito: roupas, perfumes, jantares, locais, enfim, tudo aquilo que a imaginação permite e induz, pois, afinal de contas, não é um ato mecânico que será realizado, mas sim a vivência de uma experiência linda e para esta vivência o lado “carne” pede uma preparação, uma aproximação que leva à excitação. Respeita-se aqui, então, as características de cada um: a mulher mais delicada, o homem mais objetivo, com carinho e compreensão ambos chegam a um meio termo preciso das suas necessidades.
Daí, no vivenciar do amor a mulher acolhe o homem no âmago do seu ser, dando-lhe aconchego, conforto, ternura, calor, permitindo-lhe assim sentir o que de mais puro possui e que é produzido no interior do seu eu, quase que traduzindo organicamente a pureza da emoção que toma conta de si.
A bomba hormonal se amaina, as guardas caem, as mascaras sedem, o corpo nu dá a perfeita conotação do seu estado psicológico, ou seja, desnuda e sem disfarces e completamente aberta para aquele momento.
O homem por sua vez, ternamente recepciona este gesto e retribui com sua masculinidade e virilidade a feminilidade daquela que agora o acolhe.
Os corpos viram 1 só. O amor os une.
O acoplamento é perfeito, pois se assim não for, não será amor, mas sim só mero sexo.
Fazendo amor, então, o casal vive a extensão do seu amar, tornando humano o que de Divino há dentro de cada um. Os sons, os gemidos, o cheiro, o suor, os olhos, enfim, todos os sentidos em harmonia para a total recepção um do outro, capturando aquilo que de dentro da(o) parceira(o) é produzido.....saindo do seu interior.....saindo da sua essência.
Foco total na troca, na integração e na união.
O clímax acaba acontecendo como mera conseqüência e, muitas vezes, acaba assumindo papel secundário, pois o prazer maior não vem do gozar, mas sim do viver aquele momento.
Então, ainda juntos, olhos perscrutantes buscando atingir o âmago do ser amado para que o som da frase “eu te amo” ecoe no fundo do eu daquela(e) que ali está, o cansaço bate, o corpo tomba, a alma voa em par embalada pelo abraço que os mantém unidos ainda como tentativa de prolongar aquela sensação Divina que nenhuma palavra explica. O sono muitas vezes chega como prêmio, deixando os corpos unidos no período seguinte de repouso e recomposição física.
Para mim, fazer amor é assim sendo este uma pequena e incompleta visão deste momento tão lindo, pois, por mais que escrevesse, jamais conseguiria transformar em palavras o que sinto.
Espero que você goste do texto e que lhe sirva de inspiração para amar e ser amado(a) cada vez mais.
Fique com Deus.