Sem a CULTURA e o MEIO AMBIENTE não SoMoS NaDa
Cada vez mais a anedota de Millôr Fernandes em que ressalta que temos um grande passado pela frente faz sentido diante dos retrocessos evidenciados nas esferas políticas e sociais. Os setores fundamentais da sociedade estão sendo negligenciados e os direitos dos cidadãos estão profundamente ameaçados. Cortes exorbitantes nas áreas da educação, saúde e segurança pública trazem o caos à galope onde inviabiliza todo projeto de desenvolvimento de uma nação. Sob o jugo do neoliberalismo o chicote do capital açoita e tortura a classe trabalhadora plantando a semente da desesperança num diversificado futuro de possibilidades. Agora é o momento em que só a luta muda a vida. Resistência, organização e articulação para superar as adversidades sob a austeridade e arbitrariedade das decisões políticas de gabinete que acabam atingindo grande parcela da população e como afirma o dito popular “a corda arrebenta para o lado mais fraco”. Além dos absurdos que presenciamos em nível federal e estadual, como um efeito cascata o município de Torres está sofrendo as consequências de escolhas unilaterais na transição de governo. Foi noticiado na semana passada a ‘fusão’ (para não dizer extinção) das Secretarias de Cultura e Esporte e de Meio Ambiente e Urbanismo. O conjunto de pessoas que estão envolvidas direta ou indiretamente com essas duas secretarias sequer foram consultados. Lógico que não haverá tal consulta, pois há um REPÚDIO generalizado nesta proposta. O município de Torres foi pioneiro no Litoral Norte na implantação de uma secretaria para se preocupar especificamente com as questões ambientais. Essa iniciativa se disseminou e outros municípios aderiram a criação de secretarias de meio ambiente em sua estrutura administrativa. Até hoje, somos lembrados pela empreitada e que culminou em mais um jargão: Torres, cidade ambiental. Segundo os novos gestores, a atual SMAURB estaria atrelada a Secretaria de Planejamento para dinamizar e acelerar os processos diante das demandas de licenciamentos ambientais. Ou seja, o departamento estaria a mercê dos anseios do setor imobiliário impulsionado pela voraz ganância da construção civil desenfreada. Welcome to the Tower$$$$$ !
Em relação a recém criada Secretaria de Cultura e Esporte e seu desmembramento em parte para a Secretaria de Turismo e outra parte na Secretaria de Educação é uma das maiores incoerências já previstas pelo novo governo. A criação de uma secretaria de cultura é uma demanda histórica da classe artística de Torres que se prolonga desde a “Casa da Terra” na década de 1990. Ano passado tivemos um edital para promoção e financiamento de projetos culturais no município com o fundo municipal da cultura – FUMCULTURA – que dispunha de um recurso total de cento e cinquenta mil reais. Foram contemplados dez projetos no valor de oito mil cada um totalizando oitenta mil reais e setenta mil reais ficaria para o edital do segundo semestre de 2015 que nunca ocorreu. Pergunta que não quer calar: onde foi parar os outros setenta mil reais destinado ao FUMCULTURA? Sumiu... e mais uma vez a classe artística é prejudicada e o município sai perdendo. Houve a formação do Conselho Municipal de Políticas Culturais (COMPCULT) e a proposta de elaboração do Sistema Municipal de Cultura que faria um diagnóstico das expressões artísticas da região. Ainda temos um longo caminho a percorrer e muito o que aperfeiçoar e não é suspendo as atividades que podemos demonstrar o nosso melhor. Algo imprescindível para um povo que quer progredir de maneira ética e ecológica procurando valorizar aquilo que tem de melhor, sua cultura peculiar imersa em exuberante natureza. Descortina-se um panorama arcaico e contraditório onde toda semeadura será proveniente de atos de coragem. Estamos sendo usurpados e a cada dia perdendo a noção do real significado da cidadania. É um direito termos uma estrutura para atender as necessidades culturais e fornecer subsídios para a gestão ambiental do território. As secretarias podem e devem aperfeiçoar seus serviços para melhor atender as demandas locais investindo na formação dos seus servidores. A cultura não é local para desocupados e nem o meio ambiente para abrigar eco-chatos ou liberar projetos. São pontos chave para se refletir e agir pensando no futuro a médio e longo prazo. Um utópico oásis que contribuirá para a emancipação humana e para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Para a militância um recado: tomemos as medidas legais e organizemos manifestações públicas contra mais este ataque aos nossos direitos constitucionais, pois Sem a CULTURA e o MEIO AMBIENTE não SoMoS NaDa !!!!
Publicado em Jornal A Folha/Torres-RS e Jornal Litoral Norte RS.