O uso pedagógico dos parques
Nos tempos áureos da criança que um dia nos habitou, rememoramos com saudosismo as pracinhas que brincávamos onde existiam balanços, escorregadores e gangorras nas quais vivenciamos momentos importantes em nosso desenvolvimento físico e psíquico. Na caixa de areia as crianças se encontram, trocam brinquedos e inventam brincadeiras, fazem amizades que abrilhantam o universo onírico da infância. Aprendemos com as pracinhas a interagir com o mundo, arriscando movimentos, caindo e levantando entre risadas e choramingos observa-se atentamente as árvores e os animais. Por essa conexão afetiva com esses espaços de aprendizagem carregamos com carinho as lembranças dos nossos “Parquinhos do Coração”!
Além das pracinhas e dos parques infantis, podemos lançar mão de aulas ao ar livre que podem propiciar vivências significativas e momentos divertidos aproveitando o panorama deslumbrante de paisagens inóspitas ou a visitação aos sítios arqueológicos. Existem potencialidades infinitas de uso pedagógico dos elementos históricos, culturais e naturais que habitam os parques e unidades de conservação. Na região do extremo sul catarinense e litoral norte gaúcho podemos listar alguns lugares que podem ser explorados pelos educadores, pesquisadores, estudantes e comunidade em geral: a) Parque José Lutzenberger (Parque da Guarita) e o Instituto Metereológico de Torres localizado nesse mesmo parque; b) Parque Estadual da Itapeva (PEVA); c) REVIS Ilha dos Lobos; d) Parque Nacional Aparados da Serra (PARNA); e) Parque Tupancy em Arroio do Sal/RS; f) APA Morro da Borússia e Parque Eólico em Osório/RS; g) APA Lagoa da Itapeva e APA Lagoa do Jacaré; h) APA Rota do Sol; i) Morro dos Macacos em Passo de Torres/SC; j) Parque Ecológico Maracajá na cidade de Maracajá/SC. Apenas para citar alguns locais emblemáticos para saídas de campo sem a pretensão de esgotar o tema.
Há cerca de uma década tenho me dedicado aos processos educativos centrados em elementos do Patrimônio Cultural, uma metodologia conhecida como Educação Patrimonial e já tive oportunidade de conduzir atividades, organizar encontros e ministrar “aulas ao ar livre” com públicos distintos. Presenciei e ouvi relatos que dão significados as experiências em que ocorre processos que vão da observação, registro, investigação e apropriação do conhecimento de maneira interdisciplinar procurando despertar o sentimento de identidade cultural e zelo pela natureza. O interessante é produzir um material didático e paradidático específico para nortear as atividades pedagógicas e o estudo do meio sob a perspectiva crítica, assim como o fomento e criação/ adaptação de jogos colaborativos e dinâmicas de grupos. Já não brinco no escorregador e nem ando de balanço como criança, mas me deslumbro a cada visitação aos parquinhos ecológicos que estão impregnados na minha Alma!
Publicado no Jornal Litoral Norte/RS e Jornal A Folha/ Torres.