Igreja: lugar de perdão e acolhida
Assis Silva
Não julgueis, e não sereis julgados. Pois com o mesmo julgamento com que julgardes os outros sereis julgados; e a mesma medida que usardes para os outros servirá para vós.
Mt 7, 1-2.
A Igreja deve ser uma família ou a extensão da família de sangue. Como o próprio nome já diz: Assembleia de Deus. Por isso, deve ser um lugar em que todos devem ser e se sentirem de fato bem acolhidos.
Centrada na pessoa de Jesus Cristo, a Igreja deve ser um lugar para todos: “bons” e “maus”, “pecadores” e “santos”, “ricos” e “pobres”, todos devem ter o seu lugar e ninguém pode e nem deve ser excluído. Em várias passagens dos evangelhos vemos que Cristo estava com os excluídos, pecadores. A Igreja é convidada a fazer o mesmo.
O problema é que às vezes em vez de acolher as pessoas, acaba julgando-as. Não cabe a igreja o papel de Juíza, não é chamada a ser tribunal e sim família. São Tiago escreve em sua carta que “um só é o legislador e juiz: aquele que é capaz de salvar e de fazer perecer. Tu, porém, quem és para julgares o teu próximo?” (Tiago 4, 12). Pode-se e deve-se julgar a ação, mas nunca a pessoa. As pessoas buscam a Igreja para serem compreendidas e acolhidas, não para serem julgadas. A sociedade já as rotula e as julga, a igreja deve fazer o contrário.
São Tiago ensina ainda que “se alguém de vós se desviar da verdade e outro o reconduzir, que este então saiba: quem faz voltar um pecador do seu caminho errado, salvará sua alma da morte e cobrirá uma multidão de pecados” (Tiago 5, 19). Ou seja, deve-se sim reconduzir as pessoas ao caminho certo, mas se deve prestar atenção de como se faz isso. A igreja deve ser mais acolhedora que excludente, perdoar mais e julgar nunca. Conhecemos aqueles que nos amam verdadeiramente quando erramos, quando estamos no fundo poço. Nossos verdadeiros amigos estão conosco não só nos momentos de glória, mas principalmente quando caímos.
O próprio Cristo lembra de que não são os que têm boa saúde que precisam de médicos e sim os de saúde precária. Quando alguém errar, os discípulos de Cristo devem ser os primeiros a acolher. Excluir não é de acordo com o que Cristo ensina, pois Ele deixa claro que se deve perdoar infinitamente, “setenta vezes sete”. Excluir não é levar a pessoa para Deus, mas desprezá-la. A Igreja deve fazer comunhão, não excomunhão.
Oxalá, se as pessoas pudessem olhar para os cristãos como irmãos (as) e sempre que precisarem, pudessem recorrer a eles sem medo e sem receio. Creio que isso seria o ideal, o grande desejo de Cristo. Belíssima e sábia é a passagem do livro do Eclesiástico que diz: “amigo fiel é poderosa proteção: quem o encontrou, encontrou um tesouro”. Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro, mas quem tem um irmão, tem mais que um tesouro. Deve-se levar o tesouro que é o cristianismo para as pessoas que precisam. Como? Sendo acolhedores, amigos, irmãos (as), aqueles (as) que sempre levam uma palavra de consolo. Não precisa fazer muito, mas o pouco que se fizer, que seja feito com amor, por causa de Cristo.
Por todos os aspectos mencionados acima, da acolhida, do perdão, tem-se uma Igreja-família. Um lugar em que se busca fazer experiência de Deus e não somente escutar teorias, normas morais. Se todos somos filhos do mesmo Pai (Deus), amigo-irmãos de Cristo, então é preciso seguir os exemplos do mestre: acolher, perdoar, amar.