SENTIDE-SE!
Ensaio inspirado em ‘Fala comigo doce como a chuva’, de Tennessee Williams.
"Quando acordei, eu estava deitado numa banheira cheia de cubos de gelo derretendo e cerveja."
Excelente! Formidável! Do encontro daquilo que se recompunha com a metade da outra parte do eco, resplandeceu a ira do covarde de outrora. Cagando regra como se fosse uma missão. Incitando uma repentina e alcoviteira noção do que supõe ser o melhor a se fazer. Faça! Considerando sua relatividade, sempre há tempo de se mudar o vento. Sempre há espaço para se determinar a direção. Dirija! Mas escolha com sabedoria e respeito, o argumento, no que couber. Aperte. Encolha. Abasteça! Não é desprezível o limite que se tende a zero, se do ângulo obtuso houver alguma incorreção. Corrija! No fim, o que se abstém é deveras tênue, mas não chega a ser irrelevante; então, que seja. Nesse caso, obter não é exatamente possuir; hipocrisiar não é mentir; referenciar difere da paráfrase; citar não é repetir; mas é tudo a mesma coisa. Coiseie! Porque depois do fim, numa reencarnação da escrita dos tempos da ditadura, cada sílaba será sentida com o mesmo impacto de uma estrela-do-mar. Mareie-se! Porque se não houver onda, derrete-se o gelo todo que está na banheira, a fim de inundar-se o que sei lá o quê... mas... evite as reticências. Aí não seria digno! Digne-se! Porventura, dignidade não se busca; dignidade é o que há, é o que resta. Reste-se! Se mesmo assim o vento não mudar a inflexão do gerúndio conjugado no imperativo, desiste-se do maral e do sudoeste, admitindo-se o terral. Numa menção de generosidade extrema, isolar-se será diferente de isolar; assim como, orgulhar-se, de orgulhar. Quando você está inconsciente tudo vale, tudo faz sentido. Sentide-se! E mesmo que o gelo não derreta e continue boiando, mergulhe na banheira!