Da desempossada ao empossado
Querido,
quantos dias sem correspondência. Mas a paciência é mais, é a raiz da sapiência. Estou aguardando, ansiosa, novas da viagem à China. Trouxeste um souvenir para Chelinha - que não seja uma canequinha? E nos encontros oficiais, mesoclizaste comme il faut? Conta, conta, quero saber tudo, tudinho, tim-tim-por-tim-tim...Ao longo dos longos vôos, deu para compor mais algum daqueles teus romanteróticos poemas outrora? Pensaste em mim?
Ao se aproximar a Data Nacional, a emoção tomou conta de mim. Não pude nem ficar na capital. Sabes bem como sou emotiva. Sobretudo diante daqueles guapos de farda, a baterem continência. Ah, abro mesmo a guarda do coração - que não resguarda. Aí, que fiz? Parti para o Rio Glande do Sul que, mais que Minas, me acolheu e na hora H não encolheu. Viste só com que determinação e fidalguia os Senadores gaúchos votaram para que eu voltasse. Gente do melhor calibre. Tanto Taurus, quanto Rossi. Ah, que recuerdos apasionados traigo en mi pecho, de Teixeirinha y su Terezinha. Inolvidables.
Tentei acompanhar pela TV a cobertura da parada do Sete de Setembro, onde eu me sentia uma deusa encastelada. Era adoração desenfreada. E agora, em tua aparição original, logo a Platinada, parece querer boicotar-te. Mostraram mais a reporter Delis do que a ti próprio. Acho que os Marinhos merecem um puxão de ovelhas. Não se faz isso com um recém-empossado, do G-20 regressado. Mas vê, Chelinha estava des-lum-bran-te. Um show de imaculice.
Não vi Michelzim. Será que os deveres de casa superaram os deveres cívicos? Esse sistema educacional nosso é por vezes massacrante. Carece reforma urgente. E o amigo de todas as hor(d)as, o Buarque - chique mas não o Chico - vem fazendo da Educação o seu lema de campanha. Uma hora, será que ganha? Nunca se sabe, né? Aliás, embora de tudo ciente, o Gilberto é que nunKassab...Esse moço, tão cobiçado das donzelas não sei porque, não abre o coração pra elas...
Não tive notícia do paradeiro de Inácio. Devia estar em cana. Da boa. Não é de tomar pinga a toa. Vou cuidar agora de meu chimarrão. Mando-te uma bomba e a erva, sem dilação.
Besos fronterizos, Didil