Da titular, licenciada, ao sempre em exercício (59)

Querido,

não adianta tentar convencer-me do contrário: vou estar, sim, na despedida. Perdi a abertura por uma bobagenzinha qualquer, mas desta vez não deixo passar. Assim como os da luz fogem os zelotes, sinto falta, em alta, é dos holofotes.

Não é que não esteja gostando deste breve afastamento. Não só estou plenamente satisfeita com o teu desempenho, como também, vou-me sentindo mais solta a cada dia que passa. Ou, em outras palavras, mais presa às coisas que se devem prezar na vida. Pena é haver limites de tempo constitucionais a esse statu quo. Diz, por favor, se gastei bem meu latim. É de tempos ginasianos, do Estadual de Beagá. Mas éramos felizes, e não sabíamos.

Quase não vi Usain Bolt, o raio que parte. Que velocidade estonteante. Mais rápido, bem mais do que a apuração dos malefícios propinísticos de nossa Pátria gentil. Os outros contendores parecem, ao seu lado, anõezinhos à volta de Branca de Neve. Descomunal. Desb(r)ancou Carl Lewis. Fosse na Olimpiadas de 36 em Berlim, o Führer ia fumar de ódio ao vê-lo no pódio.

Nossa contagem de medalhas é que anda num ritmo bem lento, né? E não é corpo mole não. Essa turma rala nos treinos, na preparação, mas vai ver que algo na metodologia ande errado. Onde já se viu, por exemplo, uma Coréia do Norte à nossa frente na contagem de troféus, eles que são antípodas e nós, em casa? Mas deles vamos ganhar. Já dos da outra Coréia, a do Sul, aí já seria quimera.

Por outro lado, entre os latino-americanos, seguimos na dianteira da rabeira. Mas há que se subir muita ribanceira pra chegarmos à zelite.

Voltando, vou resolver esse problema com o Barack. Ele me deve uma sobre a questão da xeretagem. Até hoje não me deu resposta. Talvez seja por causa de meu inglês que, definitivamente, é mais fritânico.

Não tenho visto Romerito, mas estou segura de que ele ande ajudando tua equipe na aprovação de matérias essenciais à governança. Da última vez que nos comunicamos acenei com a possibilidade de garupa, mas ele preferia o cano. Ou seria o colo? Desequilibrei-me só de pensar.

Eduardito é que anda sumido, conquanto conste diariamente na folha de rosto da Platinada. Não gosto das gravatas dele. Se pudesse o enforcaria só para ele aprender a endurecer o pescoço. Contudo, a cruz que carrega, sem par, é que fá-lo claudicar.

Acho que já mencionei isso, mas o repito aqui: que simpático e humano ires à escola para buscar o Michelzim. Sei que com a agenda que tens, não podes fazê-lo sempre, mas como estou de folga - no momento cuido de uma missiva circular aos ínclitos Senadores, e estou numa dificuldade braba com as mesóclises - disponho-me a ir pegar o garotinho, se precisares e se em mim confiares nessa sublime tarefa.

Sei que nem sempre Chela pode-se deslocar sem a atenção diutuna dos paparazzi e isso de fato, incomoda.

Fico gozando. O feriado que, numa segunda, faz tão bem à uma mente fecunda. Bessias já está de saída para levar-te esta. E meu bejim, atrasado, mas afetuoso como de hábito, e hálito, pelo dia dos Pais.

Mimita, a que não se imita, nem se limita.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 15/08/2016
Reeditado em 22/08/2016
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