DA ETERNIDADE
TADEU BAHIA - Autor
“Físicos têm ideias já bem desenvolvidas sobre como era o estado inicial do universo e como pode acabar sendo seu estado final - muito provavelmente um vácuo, o resultado inevitável da contínua expansão.” (Julie Rehmeyer - FQXi - 30/08/2011).
Recordo das noites dos tempos, quando o nada sequer existia e tampouco nada habitava o caos... Só havia um silêncio profundo no espaço. Nada do nada imaterial, que não se pode ver ou sentir, nenhuma sensação ou fluído, nada do nada objeto, palpável e racional, nem como objeto sequer essência. Não havia estrelas, nem astros nem sóis, só o mergulho absoluto nos pélagos escuros e vazios do inexistente. Sequer memória de alguma coisa existia, porque nenhuma coisa existia que pudesse criar no interior de si a sua própria e indefectível história, ou o seu próprio registro como Ser. Tempo: ente indefinido e infinito, o antes e o depois de si mesmo; tempo: frio absoluto, sem pensamentos, é como um estado de coma quando se adormece como se entorpecido, entregando-se ao próprio vazio de si mesmo, como um retorno ao útero, como numa regressão em que sentimos na pele o frio gelado do retorno, dos átomos se desfazendo e retornando ao caos primordial, indefinido, incorpóreo, vazio... por que voltamos a não existir. Nem como ser... nem como nada... nem corpo/matéria, nem fluído transcendental de Espírito, porque este, também adormece, como quem cochila momentaneamente no colo primordial e etéreo da sua imaterialidade.
Assim era e é a noite dos tempos, caríssimos Iir:. A noite misteriosa e infinita dos tempos que ainda habita nos dias de hoje em alguns pontos dos cosmos sem fim. Assim estava o caos, antes do advento do Universo, imerso na sua solidão silenciosa, fria e aterradora. Isso porque existe o terror nas noites dos homens, quando eles não conseguem explicar o inexplicável e definir o indefinido que habitam dentro de si mesmos. Então, da amplitude do caos surge uma faísca de energia que sequer é percebida, mas ela emerge daquele redemoinho desordenado e na sua essência pagã vai crescendo, inflando na sua massa não identificada, na sua frieza sem forma, ausente de conteúdo - nem substância, na sua imensidão gelada e cega, sem direção, igual à ignorância daqueles que não são iniciados na nossa Sublime Ordem:. O homem comum não sabe orientar-se diante do desconhecido, nenhum deles. Já os Maçons não. Os Maçons são outra elite de Ser e consequentemente terrores neles não existem. Os Maçons são antes de tudo Iluminados e pautam-se pela serenidade absoluta em todos os sentidos e direções, caracterizada na sua consciência cósmica, silenciosa e onisciente. O MAÇOM É A HARMONIA E O REFLEXO DE SI PRÓPRIO! As suas sendas são iluminadas pela luz da Sabedoria e da Razão que já existiam no tempo do caos primordial que antecedeu a criação dos mundos, de todos os mundos habitáveis e civilizados de universos desconhecidos até o momento pela maioria de todos nós, mas que eles existem, existem sim! Este postulado não se discute! O Maçom é a ordem dentro da desordem. Razão e Caos. O Maçom é a Ordem Exata! A síntese da equação absoluta que traduz o resultado perpétuo do cálculo da plenitude geométrica existente entre o Esquadro e do Compasso.
A Via Láctea é apenas uma faixa mágica e tênue de luz que paira/flutua altaneira e nobre sobre a escuridão do caos primordial que sempre existiu e perenemente existirá no Universo. Nós habitamos e fazemos parte dessa réstia de luz chamada Via Látea e é justamente esta luz que dá razão as existências de civilizações inteiras, a maioria delas, até o momento, desconhecidas da raça humana... NÃO ESTAMOS SÓS!... Nunca estivemos... E de repente do nada surge o Universo... do caos absoluto brota a luz, a luz da vida, inicialmente pálida e difusa, débil chama, mas que vai adquirindo força e luminosidade assemelhando-se ao sol, quando nasce nas manhãs, surgindo do vazio que habitava a noite, espantando a escuridão do caos das madrugadas frias com a luminosidade dos seus raios mornos e serenos. A serenidade de morte da noite, da noite que falece todos os dias, quando os primeiros raios do sol rasgam as cobertas frias das madrugadas com os seus raios iluminados da energia vital que move as coisas do mundo!
A razão absoluta do sol, com a sua luminosidade finita, é compreendida como o fim temporário do estado de ignorância dos homens quando desconheciam as luzes da Maçonaria, quando ainda não tinham sido iniciados nos seus augustos e sagrados mistérios. Galileu Galilei quase perde a sua vida por teimar diante do seu carrasco inquisidor que a terra era redonda... e que por si, movia! A Igreja Católica condenou o Galileu Galileu... Naqueles tempos, ninguém podia ser mais sábio que a igreja, mas apesar de tudo, a terra até hoje continua a girar sobre o seu próprio eixo, e ela se move, como se para comprovar a teoria, hoje transformada em prática do Galileu Galilei. A Igreja Católica não gira sobre o seu próprio eixo justamente porque não é um corpo físico, constituído de volume e forma, mas sim um corpo de fé que consiste no seu próprio princípio teísta que por si acredita nela, alicerçada no seu monoteísmo, na crença de um só Deus, dignificada no seu teísmo cristão. Já a Maçonaria é como o sol, meus queridos Iir:. um sol bonito e maravilhoso a clarear o mundo maçônico com a perenidade dos seus raios. Mas pergunta-se: após o sol não existe noite? Ela não volta, volta sim, mas não volta para os Maçons, meus Iir:. pois eles trabalham desde o meio-dia até a meia-noite. Mas os nobres Iir:. ainda perguntariam: mas depois da meia-noite todas as Lojas Maçônicas não fecham? Evidentemente que sim, mas é somente depois da meia-noite, segundo as palavras do nosso Ir:. Sebastião Alves Vieira que os Iir:. Maçons de todo o Universo começam as suas peregrinações culturais pelas ruas, avenidas, ladeiras, esquinas e praças descalças e mal iluminadas do mundo, difundindo as suas ideias, seus postulados, seus ensinamentos!
Após a meia-noite os Maçons ministram a sua doutrina nos mundos conhecidos e desconhecidos dos páramos cósmicos e as luzes dos seus conhecimentos iluminam o caos: URBE E CAOS... Nada mais posso falar porque iria de certa forma invadir os segredos de outros graus maçônicos que ainda não me pertencem. Portanto contenho-me no grau que agora estou falando diante de todos vocês, meus Iir:. no grau sereno de Aprendiz, de Aprendiz Maçom... Aprendiz do Mundo, das coisas do mundo, da serenidade concreta e racional do mundo: URBE E CAOS onde chegaremos gradativamente, seguindo a senda da perseverança e do paciente e necessário estudo que nos levará ao conhecimento dos graus futuros mediante a observação atenta do contido nos nossos Rituais. Os nossos Rituais são os nossos guias, assim como a Estrela D’Alva está como um guia de luz para os primeiros raios de sol que voltam a invadir as trevas da noite com a serenidade dos seus raios, carregados da sabedoria universal maçônica. É por isso, meus abnegados Iir:. que vós futuramente também ensinarão após a meia-noite, vós também sereis peregrinos, peregrinos do Saber, assim que as Lojas Maçônicas encerrarem os seus trabalhos e o sopro universal da vida deixar de habitar em vosso corpo material, então, como eficientes apóstolos do GADU, na companhia dos nossos Ir:. Elementares, vocês também prosseguirão na sua caminhada ministrando os ensinamentos maçônicos no seu eterno caminhar.
O Mundo Maçom... O Mundo Maçom é constituído por sábios ensinamentos que expressam uma série de Símbolos e Ritos, que nada mais são do que vários exemplos de ensinamentos não só do campo material, mas, sobretudo, do lado espiritual da nossa Ordem, não só presentes na nossa exegese maçônica, também encontrados pelas esquinas e estradas do mundo profano, por onde desde tempos longínquos peregrinaram os pés descalços dos primeiros filósofos, sábios, poetas, alquímicos, anjos, bruxos, cabalistas, matemáticos e geômetras, bem como os próprios Maçons. O mundo surgiu do caos e ao caos retornará, assim como o homem. Já os Maçons não retornarão ao caos porque dele não vieram. Os Maçons são INICIADOS, portanto, somos seres ILUMINADOS, detentores de luz, de luz própria e quem possui essa luz não perece... é imortal, daí sermos ETERNOS. Nós, os Maçons, não somos filhos da luz, quem o é, é o próprio LÚCIFER como o seu próprio nome o diz: “Lúcifer (em hebraico, heilel ben-shachar; em grego é heosphoros) é uma palavra do Latim (lucem ferre) que quer dizer "portador de luz", representa a estrela da manhã (a estrela matutina), a estrela D'Alva, o planeta Vênus” E nós, meus Iir:. quem somos nós? Somos homens JUSTOS e PERFEITOS daí não sermos “filhos da luz”, como o Lúcifer o é... Somos detentores e proprietários das nossas próprias luzes. Eis a nossa diferença.
Na qualidade de Iir:. Maçons, somos eternos e íntegros nos nossos exemplos, virtudes e dignidade; somos eternos nas nossas razões e ensinamentos; eternos na nossa humildade e seriedade ao levarmos para todos os nossos conhecimentos, como obreiros universais que somos, como seres Iluminados, pois, para este mister aqui viemos e aqui estamos. Não queria dizer isso que acabo de vos falar, pois não me sinto pertencente a este mundo. Faço parte de outros mundos, alguns ainda incógnitos e sem nome, sinto isso em mim, bem dentro de mim, embora não tenha de dar satisfações de mim mesmo para mim mesmo, mas para vós que ainda não fazem parte de mim. Presto esta satisfação a vós, queridos Iir:. como numa forma de explicar-lhes que não pertencemos a nós mesmos. Frente a este habitat visivelmente concreto que me cerca, trazendo-me oxigênio para respirar e chão para pisar, para me dar apoio e sustento a um corpo que carrego comigo... Não sou nada disso que sois, eu nada mais sou, pois sou ELEMENTAL!
Não preciso de nada disso de que precisais. Não preciso das coisas materiais do mundo. Sou apenas um Espírito, um Espírito Iluminado, flamejante de luzes, apenas isso, e que no momento vos atende pelo nome passageiro de TADEU BAHIA:. Não sou nada de concreto que vocês presentemente vêm, ou julgam ver. Como humano já não existo mais. Todas essas roupas que ocultam o meu Espírito, esse terno escuro que ora me apresento diante de vós e que esse suposto corpo carrega pelo efeito físico da Lei da Gravidade, são desnecessários para mim. Não sou humano, repito, sou E S P Í R I T O situação que vocês todos meus Iir:. passarão a continuar a ser depois que desencarnarem. Eu, contudo já morri, já morri várias vezes, por isso declaro o meu estado real de Espírito, embora vestido desta roupa passageira e podre da carne, que me enche de pecados os quais eu depuro através de bons exemplos e obras, em atos e palavras que um dia reencontrarei nos lábios futuros dos vossos Espíritos, e também de outros que por aqui já passaram outrora, embora essa situação não fique registrada nas vossas lembranças terrenas. Vocês sempre retornarão, outras vezes, e sempre nos encontraremos pelos caminhos iluminados da ETERNIDADE!
Gosto de andar de pés descalços e nus e os sentir pisarem na textura macia da terra, na grama nova, nos barros dos tempos, nas ruas descalças onde pisamos em pedras miúdas que magoam gostosamente os nossos pés. Poder passear embaixo da água da chuva, brincar nas poças de lama, pisar nas poças de água dispersas pelos caminhos, poder chegar na beira do rio e me abaixar, igual a uma criança e brincar com as mãos com as pedrinhas do fundo, olhar a luz azul e maravilhosa do rio e brincar com as ondas que faço com as minhas mãos rápidas e inquietas, onde no fundo das suas águas vejo surgirem pequenos sóis e estrelas, quando dos céus desce a chuva que molha as plantas, dá bebida às aves e sacia a sede dos animais e dos homens todos... Lá, no azul do céu, onde está o GADU, para onde volto de vez em quando e depois retorno, trazendo comigo o conhecimento dos astros e das estrelas, dignificados nos Símbolos Místicos e Universais dos nossos Rituais Maçônicos, sinais, toques e palavras que retratam nos seus traçados geométricos e pronúncias guturais toda a sabedoria da Eternidade, que depois de corretamente decifrados se transformarão na própria sabedoria do Mundo e de todos os homens, quando todos terão a oportunidade de poder subirem – todos juntos e em harmonia – os degraus da “Escada de Jacó” quando terão acesso ao Rei dos Mundos, ao GADU, e então voltaremos todos ao espaço incorpóreo que vocês aqui chamam poeticamente de “céu”, homens profanos e maçons, em igual pé de igualdade, unidos por um mesmo sentimento fraterno e universal, assim como a água da chuva que cai na terra e depois evapora e regressa aos céus em forma de nuvem, assim todos nós um dia para lá retornaremos, despidos de corpos, imersos nas luzes dos nossos Espíritos, Iluminados e leves, flutuando iguais as nuvens, na nossa forma abstrata e sem forma, mas uníssonos numa mesma UNIÃO, pois nesse momento o caos não mais existirá na noite dos tempos.
Os Maçons não são os sábios das eras antigas e obscuras da humanidade, de antes do tempo e das idades, eles são os sábios de sempre, de todo o sempre! O seu início não teve começo e o seu fim jamais existirá. Os Maçons não têm corpo. O corpo não existe. O segredo apenas existe e a essência do segredo é a certeza de que a Morte também não existe, digo isso com certeza, pois como Espírito que sou de nada preciso para existir: nem de um corpo quiçá uma alma. O que é um corpo sem ter um Espírito que o habite? O que é uma alma se não tiver um Espírito para iluminá-la? O tempo precisa do dia e da noite, das luzes do sol e da lua, do brilho aterrador e poético dos astros e das estrelas, assim como o mundo para ser mundo também necessita de tudo isso. O mundo é o corpo, o tempo é a alma... Mas somente a humanidade é o seu Espírito, caracterizado pelos Espíritos de todos os homens iluminados por um mesmo feixe de luz. Adão, saído da terra, razão do seu próprio nome... Adão foi uma lenda, nunca o primeiro homem. O primeiro homem que habitou o planeta Terra nela não nasceu. O homem é uma criação do universo e como ser onisciente e onipresente que é, está em todas as partes e tudo sabe. Não somente o GADU está em todas as partes e tudo sabe, também os homens estão e sabem por que não somente o GADU é Deus, nós, os homens todos, Maçons ou profanos somos Deuses... Somos Deus de nós mesmos!
Onde é que se esconde a profundidade das coisas, de todas as coisas? Onde está escondida a sabedoria do Universo? O Universo não tem sabedoria... Ele tem formas abstratas e indefinidas, espaços claros ou escuros, nuances de escuridão e sombras, silêncios absolutos ou estrondos monumentais... Sábios, meus Iir:. são os homens, quando deixam de ser homens e esquecendo-se da matéria que por um breve período lhes forneceu sustento e forma, tornam-se à semelhança do caos e para lá retornam, como no começo dos mundos, ao seu estado primordial, infinitamente quasar, pura energia que com sua força titânica retornam à sua origem absoluta, ao seu início líquido, primitivo, inconsciente, à sua infinita inconsciência e anti-matéria, ao seu próprio Ser... ao seu próprio NADA!