CANTATA PARA CANÔZINHA VELLOSO
TADEU BAHIA – Autor
Canôzinha Velloso, matrona do tempo gostoso dos bondes puxados a burro, quando a modernidade ainda andava de pés descalços pelas ruas já calçadas da velha Santo Amaro da Purificação. Nos seus tempos de criança os mais velhos andavam em formosos ternos de casimira, chapéus na cabeça e saudavam as damas com gentis galanteios pelas ruas românticas da cidade.
Canôzinha Velloso, dos tempos saudosos do Apollo e da Lira de Santo Amaro, com os seus carnavais que deixaram saudades. O andar das moças e dos rapazes ao cair das tardes na sombra gostosa, sob os umbrais e portais das construções coloniais da cidade, construída com o suor dos escravos dos tempos dos antigos Engenhos de Açúcar, quando a civilização negra aqui plantou as suas mágicas raízes para não mais voltar...
Canôzinha Velloso e as Igrejas da Purificação e do Rosário, sempre altaneiras, marcos católicos e tradicionais da cidade com as suas procissões antigas, cheias de aparatos solenes, com os seus andores bonitos, mas sempre românticas, que nos meus tempos de criança eu sempre tomava parte, guiado pelas mãos saudosas e hoje ausentes do Meu Pai...
Canôzinha Velloso acompanhou e acompanha as Histórias e estórias contadas desta digna cidade que a abriga e enaltece. Mulher de olhar sempre cândido que ao nos observar, parece, que lança no fundo das nossas Almas a mais bela e santificada prece!
Canôzinha Velloso, mulher de velhas e gostosas histórias, sempre divertidas e abençoadas pelo seu sorriso maroto que num piscar de olhos enche os nossos Espíritos da mais tenra alegria! As suas mãos leves e carinhosas, tais pétalas suaves da mais fina flor, ao nos pegar pelas mãos afagando-as docemente, enche o nosso Espírito do mais puro e inesquecível amor!
(Salvador/BA, em 22 de dezembro de 2012).