PAI
meu pai morreu
nunca mais sua mão a me espremer como o vinho
nunca mais seu dedo e seu carinho
nunca mais a embriagues de seu apogeu...
lá se foi meu pai ceifado
congelado de sonhos e adeus
pra terra prolífica dos enterrados
tentando na escuridão da terra encontrar a deus...
dizem que os demônios
preenchem os espaços vazios no gerúndio
a saudade é terra de um único latifúndio
é ali que durmo em todos os meus sonhos...
vi ali meu pai vestido de nada
a dormir um sono cavernoso
meu pai deixa-me a lágrima salgada
e no inverno de sua falta o mistério gozoso
fez-se nu na frente do espelho
descoloriu-se como um anjo que talvez seja quem sabe um serafim
tirou a suavidade do azul, do verde, apenas os meus olhos vermelhos
despiu-se de seu ego amarelo e agora rabisca sua asa dentro de mim