MABEL VELLOSO, UMA MULHER E TANTO!

TADEU BAHIA:. – Autor

“Multipliquei-me, para me sentir,

Para me sentir, precisei sentir tudo,

Transbordei, não fiz senão extravazar-me

Despi-me, entreguei-me,

E em cada canto da minha alma há um altar a um deus diferente”

(ÁLVARO DE CAMPOS)

Na pia batismal recebeu um nome solene e pomposo: MARIA ISABEL VIANA TELLES VELLOSO, porém, as pessoas da Família e os amigos só a tratam pelo nome carinhoso de MABEL, a nossa querida poetisa e escritora MABEL VELLOSO.

Nascida em Santo Amaro da Purificação, no dia 14 de fevereiro de 1934, numa madrugada de quarta-feira de cinzas, é filha do senhor José Telles Velloso (o nosso saudoso e sempre lembrado senhor Zezinho) e da dona Claudionor Viana Telles Velloso, a dona Canozinha.

A Mabel é uma das irmãns mais velhas dos consagrados artistas santamarenses, Caetano Veloso e Maria Bethânia, que ainda crianças foram embaladas pelas canções de ninar e a ouvir estórias de fadas, castelos e príncipes encantados, contados e cantadas pela doce e meiga irmãzinha mais velha, que desde aqueles tempos já conduzia com zelo e arte os primeiros passos do Caetano e da Bethânia pelas veredas românticas da poesia.

A MULHER

Pessoa dócil, meiga, amorosa ao extremo e muito dedicada, não só à sua imensa Família, bem como às suas três filhas maravilhosas que fez vir ao mundo, a fim de enfeitar-lhe a vida. A Mabel Velloso compartilha junto com as suas crianças o seu próprio universo: a Juvina Dulce, a Jú; a Maria Clara – a minha eterna Lala! – e a encantadora e suave Isabel, que os nossos lábios apaixonados e carinhosos chamam simplesmente de Belô, na exuberância da sua juventude, enfeitando os momentos alegres ou tristes desta poetisa e mãe extremada; desta dona de casa aflita e preocupada com o alto índice de custo de vida, da inflação, do aumento crescente do desemprego e da falta de amor e mais compreensão entre os homens.

Mabel, transparente igual à água, na pele de professora aposentada, que ainda participa ativamente dos estudos dos seus dois netos Jorginho e Ana Luíza, como fazia há anos atrás com as suas três filhas, ensinando e orientando nos momentos difíceis, esclarecendo dúvidas, resolvendo problemas e ajudando-os nos deveres de casa. Dois rebentos morenos do ventre abençoado da minha Lala Velloso, o Jorginho e a Ana Luíza. Recordo quando o Jorginho era pequeno e a Mabel o auxiliava nos desenhos, nas escolhas das figurinhas para ilustrarem os cartazes a fim de colocá-los no mural da escolinha etc.

Hoje a labuta prossegue inexorável com a Ana Luíza que principia a dar os seus primeiros passos na escola do mundo...

Levando até hoje uma vida cultural ativa, quase sem descansos, a Mabel Velloso ainda encontra tempo para dividir com os trabalhos da cozinha com a sua ajudante e não é raro encontrá-la afobada e sorridente entre pratos para enxugar, panelas para temperar, roupas para lavar e recordo saudoso das fraldas do Jorginho e até bem pouco tempo também as da Ana Luíza para acabar de enxugar e depois passar a ferro, enquanto a minha Lala ralava na Universidade! Ainda tinha a lista do supermercado para fazer, ao tempo em que pedia à minha Lala para pegar o rol de roupas a fim de conferir as peças trazidas pela lavadeira.

Uma mulher exuberante que nesta lufa-lufa intenso e meteórico da vida ainda encontra tempo e liberdade para se dedicar plenamente ao exercício da poesia, como em versos como estes, os quais descrevem de maneira sui-generis o seu cotidiano:

TEMPOS DE ENTÃO

O gás por mais de três mil!

Só panela de pressão

Para cozer mais ligeiro

O magro e duro feijão.

A cozinha tão pequena

Com fogão e geladeira

Mistura frio e calor

E atrapalha a cozinheira.

A carne vai “a galope”

Nos preços é “dianteira”

Se esconde amedrontada

No fundo da frigideira.

A comida não varia

Só bife e batata frita

Isto quando a patroa

Não é uma naturalista.

A cozinheira enfezada

Não tem prazer no fogão

E corre para a saleta

Para ver televisão.

Não canta lavando pratos

Nem preparando o almoço:

Resmunga baixo e se queixa:

“_Essa tal de inflação...”

(Extraída do livro GRITOS D’ESTAMPADOS,

Edição de 1984)

AINDA A MULHER

Dividida entre momentos de sonhos e outros de pura e cruel realidade, a Mabel Velloso não se intimida frente aos desafios da vida e prossegue na sua lida extraordinária em meio aos seus inúmero afazeres domésticos, dando conta dos seus deveres de Mãe junto às suas três filhas e ainda toma parte na vida cultural baiana ao ministrar cursos, participar de seminários, conferências, lançamentos literários e mesas-redondas sobre Literatura Infanto-Juvenil – outra das suas áreas específicas – e a Poesia!

A poesia da Mabel Velloso é leve e solta, despojada de lugares-comuns ou artifícios, plena e transbordante de amor. Uma poesia envolvente e que exprime emoção verso a verso e que hoje não mais lhe pertence, pertence sim ao patrimônio intelectual baiano e brasileiro que a consagram e a recebem de braços abertos entre outras valorosas mulheres baianas com inteligência, cultura e valor que ousamos comparar a sua personalidade, talento e o seu incessante labor cultural, sobretudo poético, a sua predisposição absoluta para o exercício da Poesia com os de outra escritora, poetisa e mestra santamarense célebre que foi a poetisa AMÉLIA RODRIGUES (Amélia Augusta do Sacramento Rodrigues) que deu a própria vida para que fossem eternizados os seus versos.

Outro trabalho maravilhoso da Mabel Velloso é o intitulado EM TEMPO, extraído do seu primeiro livro de poesias PEDRAS DE SEIXO, publicado em 1980. Ei-lo:

TEMPO vamos fazer uma troca?

Eu lhe dou as minhas rugas

Você devolve o meu rosto

Jovem e limpo como ontem.

Eu lhe dou cabelos brancos

Você me devolve os cachos

Negros, longos, bem sedosos

Assim como antigamente.

Eu lhe dou minha agenda

Cheia de notas e horários

E você me dá de volta

Meu álbum de figurinhas

Toma de mim a caneta,

Cadernos prá corrigir

Me dá de volta os meus lápis

E quadros prá eu colorir.

Eu lhe dou toda essa roupa

Que devo agora lavar

Você me dá outra vez

Bonecas para eu brincar.

Eu lhe dou a pia cheia

De pratos engordurados

E você me dá em troca

Caxixis para eu brincar.

Eu lhe dou esses transportes

Que sou obrigada a usar

E você me dá de volta

Bicicleta para eu montar.

Eu lhe dou esses meus óculos

Que da cara já não tiro

E você me dá de volta

Os meus olhos com o seu brilho.

Eu lhe dou as minhas pernas

Que já andam lentamente

Em você devolve em troca

As grossas de antigamente.

Eu lhe entrego os meus braços

Cansados de trabalhar

Você me dá os meus braços

Relaxados de folgar.

É essa mulher que envelhece lentamente, mas continua carregando dentro de si um espírito jovem e terno, apesar da beleza romântica e sonhadoramente barroca dos seus cabelos brancos; do seu saudosismo tão natural e pleno de sabedoria e dos momentos agradáveis de regressão à infância, tão natural entre os poetas, quando a Mabel Velloso dialogando com o Tempo pede de volta os maravilhosos cachos dos seus cabelos negros, o seu álbum de figurinhas, os seus lápis de cores, as bonecas que enfeitavam toda a sua infância e hoje estão simbolizadas em “três” outras bonecas que são as suas filhas: Jú, Lala e Belô! Recentemente Papai do Céu lhe deu outra boneca mais nova, de nome Ana Luíza!

Apesar do eterno saudosismo, a poetisa Mabel Velloso segue adiante, quando ainda pede ao Tempo que lhe devolva a sua bicicleta antiga para que ela volte a passear pelas ruas poéticas e cheias de mistérios de Santo Amaro da Purificação... e ela se queixa do brilho dos seus olhos que o Tempo apagou e este a responde através dos olhos meigos e pacientes da Juvina Dulce, com os olhos ávidos/saltitantes/vivos e irrequietos da minha Lala e com a beleza tranquila, reflexiva e profunda dos olhos negros da Belô! Para que mais felicidades que três tipos de olhares tão santamarenses e tão eternos, Mabel?

‘BONECAS”

Minhas bonecas de louça

Eram brancas pequeninas

Tinham olhinhos bem pretos

Parecidos com os meus

Dormiam dentro de caixas

Forradas de seda fina

Fora para mim o encanto

Do meu tempo de menina.

Cresci, ganhei três bonecas

De olhos iguais aos meus

Ah! Quem me dera guardá-las

Prá sempre dentro de mim

Forradas com seda fina!

E que prá sempre elas fossem

A alegria e o encanto

Como foram as bonequinhas

Do meu tempo de menina.

(extraído do livro PEDRAS DE SEIXO, páginas 129)

UMA MULHER E TANTO!

A Mabel Velloso é isso: uma pessoa simples, sincera, tímida de dar vergonha e recatada ao extremo. Levando uma vida modesta, cercada de carinhos e amor pelas suas filhas e neto (a)s, procurando sempre dar bons exemplos e atitudes, sem nunca se esquecer de ensinar cotidianamente às suas filhas sobre os dogmas e mistérios da Religião Católica, pois, sendo filha de pais católicos, participa ativamente de missas, festas de Igrejas, procissões, novenas, reisados etc. passando esses sentimentos e devoções, verdadeiros atos de Fé, para a Jú, Lala e a Belô as quais seguem ao pé da letra os seus sagrados e sábios ensinamentos.

É maravilhoso chegar à residência da Mabel, como já tive oportunidades de fazer, inclusive com a Sueli, de ver e assistir às concorridas rezas e Trezenas de Santo Antônio, onde, além das pessoas da Família, ainda congregam muitos amigos e vizinhos que ali contritos e sob o símbolo da Fé, rezam a Deus, a Santo Antônio, enfim a todos os Santos s pedir dias melhores para toda a humanidade.

Quanto à Mabel Velloso poetisa, o seu primeiro livro foi de poesias, intitulado PEDRAS DE SEIXO, editado em 1980 pela Ranier do Nordeste e Fundação Cultural do Estado da Bahia, sendo ilustrado por fotos artisticamente trabalhadas pela Mara Sampaio, a qual, com muita sensibilidade soube captar através das suas fotografias, os momentos mais bonitos de PEDRAS DE SEIXO que teve a sua primeira edição esgotada em pouco tempo. A Mabel também participou da Antologia Poética À MATOVERDE E MAGIA, editada nacionalmente pelas Edições Contemp, do velho amigo e também escritor, poeta, Luiz Ademir Souza, que foi dedicada carinhosamente aos “50 Anos de Literatura do Jorge Amado”.

A Mabel Velloso participou também do livro GRITOS D’ESTAMPADOS, ao lado da poetisa Claudionora Rocha, editado em 1984 e que foi especialmente ilustrado pelo Caetano Veloso, que cedeu às autoras várias pinturas da sua autoria, realizadas durante a década de 1960, sendo, portanto, raríssimas e valiosas, de alto valor documental, sentimental e histórico. Lembro que compareci a este lançamento na companhia do escritor e poeta baiano Gilfrancisco, o poeta Paulo Garcez de Sena não nos acompanhou por que estava de ressaca da noitada anterior, no Mercado das Sete Portas.

Durante a noite do lançamento de GRITOS D’ESTAMPADOS, encontramos com o poeta e compositor Jorge Portugal e o próprio Caetano Veloso que também estava presente junto com a dona Canozinha Velloso, naquele congraçamento literário que aconteceu na Igreja da Palma, numa noite fria e saudosa em Salvador – Bahia. Lembro-me que antes de sair da festa, comprei um exemplar avulso de GRITOS D’ESTAMPADOS para dar de presente ao amigo e poeta Paulo Garcez de Sena, que o Caetano e a dona Canozinha Velloso autografaram.

Na minha modesta opinião, GRITOS D’ESTAMPADOS foi um dos livros mais marcantes da poetisa Mabel Velloso, onde ficou enraizada em definitivo a sua presença no âmbito da literatura baiana e nacional, quando, ao lado da advogada e também poetisa Claudionora Rocha, apresentaram ao público e à crítica versos impregnados de forte e denso conteúdo social, mostrando no seu contexto a realidade humana sob todas as suas variáveis e dentro de uma estrutura histórica e lingüística coerentes e atualizadas, merecendo sucessivas e elogiosas referências nos principais jornais desta Capital e em outros estados, o que levou a um número recorde de vendas e logo depois, toda a sua edição também estaria esgotada. Hoje, GRITOS D’ESTAMPADOS é uma obra rara, procurada por colecionadores.

Dando continuidade à sua atividade poética, a Mabel Velloso volta-se agora para a sua terra natal, Santo Amaro da Purificação, resolvendo prestar uma homenagem aos seus filhos mais ilustres e também às pessoas simples do lugar, justamente aquelas menos favorecidas pela sorte, porém favorecidas por Deus e que mesmo assim ganham a estima daqueles que os conhecem nas ruas e avenidas barrocas de Santo Amaro, caracterizadas nas figuras simples dos seus doidinhos, das suas mulheres estropiadas e loucas, das pessoas engraçadas do lugar, sobre as quais traça um painel poético e documental de uma época que jamais retornará, a não ser nas páginas amarelecidas das nossas saudades.

Antes de tudo é um trabalho a quatro mãos, onde à tenacidade lírica da Mabel Velloso, se somam também a pureza, a plasticidade e a sensibilidade artística da fotógrafa Maria Sampaio, acima de tudo uma artista da lente... Artista sim, porque não? Existe poesia nos dedos e na imaginação daquele que artisticamente pressiona o disparador de uma máquina fotográfica. Existe ternura, talento e uma sensação que não tem nome por ser inerente ao universo cósmico do próprio artista. Quem admira uma boa fotografia de certo irá se lembrar do querido primo Sílvio Robatto, que há mais de meio século documentou a cidade do Salvador, em particular o Recôncavo da Bahia, sob os seus múltiplos aspectos: religioso, profano, popular, tradicional etc. com fotografias que são nada mais nada menos que monumentais Obras de Arte!

A Maria Sampaio não faz por menos e segue as trilhas indicadas pela poetisa Mabel Velloso e consegue dar vazão aos seus instintos artísticos ao documentar nas páginas do livro que recebe o nome de TRILHAS, as características não só fisionômicas, mas sobretudo psicológicas de cada personagem, executando um trabalho soberbo! Encontramos nesse livro da Mabel Velloso os vultos de personalidades ilustres da vida social e cultural santamarense que se projetaram muito além das suas fronteiras, tais como: Padre Gaspar Sadock, Dr. José Silveira, Prof. Adroaldo Ribeiro Costa entre outros. A Mabel Velloso conta também a história de Maria Pé No Mato (imortalizada na música do Caetano Veloso), da Bahia Doida, Bonitinho, Luiz Cumcum, Serafim Será, Mãe da Lua e inúmeros outros doidinhos que enfeitaram a sua infância descontraída nas ruas acanhadas de Santo Amaro da Purificação.

O lançamento do livro TRILHAS aconteceu em Salvador, no dia 07 de novembro de 1985 e teve as presenças da dona Canozinha Velloso e do Caetano Veloso que lá estiveram para oferecer todo o carinho e gratidão possíveis à Mabel Velloso que entre congratulações e abraços autografava os exemplares do seu livro, num ambiente de suprema e doce felicidade, onde a cidade que foi o seu berço vem agora contada nas páginas do livro, dignificada na sua poesia, retratada nas fotografias existenciais e líricas da Maria Sampaio, com os seus sobrados antigos, bailes de formaturas, as suas filarmônicas e festas do APOLO e da LIRA DOS ARTISTAS (onde nessa última o meu avô materno, Dr. Manoel Bahia, foi Orador). Das ruas românticas, barrocas e antigas da infância da Mabel Velloso, com os seus bondes puxados a burro, os seus aguadeiros, recanto encantado onde tinham viscondes, condes e baronesas, do maculelê e da maniçoba no mercado, das novenas solenes de Nossa Senhora da Purificação, das festas de Fevereiro e tantas outras recordações gostosas que deixamos os nossos olhos se embaciarem nostalgicamente com as lágrimas doces das saudades!

Depois desse livro, se seguiram outros trabalhos da Mabel Velloso, já na linha Infanto-Juvenil, quando foram editadas algumas publicações que tiveram apoio irrestrito da maioria das Escolas de Primeiro Grau em Salvador, quando as mesmas cediam à poetisa salas de aula e auditórios para que a mesma ministrasse as suas palestras, promovesse seminários de Literatura Juvenil, encontros de arte e folclore, entre outros. Esses eventos eram canalizados para a população infanto-juvenil, repetimos, que correspondia e participava plenamente, gerando um fluxo contínuo e positivo entre emissor-receptor, satisfazendo e superando de uma maneira ampla e global a todas as expectativas anteriormente propostas, resultando num trabalho técnico-pedagógico maravilhoso, sempre obtendo os maiores elogios junto à rede escolar da nossa capital.

O resultado do excelente trabalho pedagógico-cultural desenvolvido em salas de aulas pela poetisa e escritora Mabel Velloso, adicionadas à sua experiência de Avó, fez brotar sementezinhas através de um dos seus inúmeros livros de história infantil de maior sucesso, intitulado ARRAIA AZUL. A própria Mabel Velloso me contou certo dia “que tudo começou com o Jorginho...” o seu primeiro neto, filho da minha Lala Velloso, que desta vez lhe pedira para que contasse “uma estória diferente...”, a levou a contar a estória de um menino que entrando no quarto, numa tarde de chuva, encontrou a sua avó dormindo e como não poderia sair com ela a fim de empinar a sua arraia, então amarrou a linha na ponta do robe da sua avó e qual não foi a sua surpresa quando soprou um vento mais forte que abriu as janelas e a sua avó saiu voando pelos céus, igual a uma arraia bem bonita, que o vento soprava e sacudia a fazendo dançar para lá e para cá!!

O livro ARRAIA AZUL foi publicado no ano de 1986, ela Editora Rio Gráfica Ltda. na Coleção Tempos Mágicos, Rio de Janeiro, tendo obtido o sucesso esperado e tendo sucessivos lançamentos, o primeiro em Salvador e os outros em várias cidades do interior do estado, com exemplares vendidos também em outras capitais e ainda enviados posteriormente a Portugal, motivando desta maneira a 2ª. Edição. Finalizando, constatamos com alegria que a Mabel Velloso, além de grande escritora e poetisa se torna célebre como contadeira de estórias e enquanto houver crianças existirá sempre a Mabel Velloso para lhes embalar comas suas histórias e estórias da carochinha, do príncipe encantado, da gata borralheira e um sem número de histórias e estórias de faz de conta, extraídas com amor e ternura daquele coração imenso e apaixonado, as cabecinhas cheias de sonhos dessas criancinhas ingênuas e puras que somos todos nós!

MÃE CANÔ

Em minha mãe envelheceu somente o corpo

A alma é jovem, a mente é linda e sã

Minha mãe é mãe, é amiga, é irmã.

Minha mãe tem dois amores

Zeca e seus oito filhos

Que ela cuida com amor e graça

Crê muito em Deus, confia na bondade

Olha o futuro com alegria e calma.

Não fala em ontem, esquece o que passou

Vive o presente e ensina isso

E ama forte tudo ao seu redor

Minha mãe é linda, doce, boa

Dança e canta como os vinte anos

E não nos deixa lembrar

Que fez oitenta.

(extraído do livro PEDRAS DE SEIXO, edição de 1980, páginas 136)

TADEU BAHIA
Enviado por TADEU BAHIA em 01/08/2016
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