Pequeno Ensaio Sobre Questões de Filosofia - parte 20

Pequeno Ensaio Sobre Questões de Filosofia - parte 20

E quais seriam esses atos do cotidiano? Somos seres sociais e dependemos de nossas relações com o meio por ser de onde advém a comunicação e o suporte para o que é humano; não faz sentido desvincular das atividades ordinárias a intenção de crescer espiritualmente. Espírito e mente se correlacionam. Sendo assim, purificar a mente de pensamentos destruidores seria o primeiro passo para a independência e para a liberdade. O homem deixou-se levar por influências negativas que, em última análise, não possuem força para desequilibrá-lo. É ele mesmo, por ignorância e acomodação que permite essas influências. O mundo nos impõe sua forma de ser e de pensar e esse mesmo mundo molda os comportamentos humanos para o seu interesse. O avanço científico, tecnológico, a modernidade e tudo que faz evoluir, podem vir para benefício do planeta como de uma minoria poderosa e manipuladora; é preciso extremo cuidado nesse ponto. Seria este o primeiro ato para uma vivência mais livre e independente. Todavia, sem preparo e persistência esse esforço resultaria em muito pouco porque está no subconsciente coletivo esta forma de viver e de acreditar.

As soluções para os problemas cruciais da vida encontram-se, na sua quase totalidade, dentro de nós mesmos se soubermos extrair do subconsciente, desse manancial inesgotável, o verdadeiro tesouro chamado intuição. A mente não foi feita exclusivamente para receber impressões do mundo exterior e reagir sempre em concordância com estas impressões. Se assim fosse, não haveria o porquê do livre arbítrio e da vontade independente. As religiões grassam ao redor de nós. Estas, Os meios de mídia, da mesma forma que os livros, com suas múltiplas orientações no que se refere ao bom viver. Tudo isto porque o homem possui o livre direito de escolha. É cada um que irá determinar em que sentido conduzir sua vida. Os homens costumam usar sua inteligência para influenciar outros homens. O conceito de Deus; quer de Sua existência, de Sua interferência nos destinos do universo, do amor que rege os mínimos detalhes de todas as coisas, é pessoal e concernente a cada um, individualmente; não deve ser imposto por doutrinas, mas alcançado através da sabedoria. Crer ou não crer não vem a ser o mais importante, mas em que sentido dirigir a crença, o que fazer com ela, que atitudes tomar em relação ao estado do mundo. O homem é um ser transformador por excelência. Em suas mãos está o caminho de todas as gerações. Encontrar o sentido da própria vida em consonância com a vida do todo; seria este o comportamento ideal. Cada um conhece, intuitivamente, as necessidades e os reclames da própria alma. A satisfação pessoal, quando advinda do esforço em preencher lacunas carentes em outras almas trás como prêmio a felicidade verdadeira.

A saúde é a recompensa de uma mente doutrinada por ela mesma. São tantas as literaturas do mundo, tantas as ideias, que nos sentimos esgotados pela indecisão de abarcá-las como instrumentos de salvação. Sendo assim, a escolha é fundamental. Não que haja diferenças fundamentais em cada escolha; cada uma levará a um fim determinado, o qual é opção para o interessado. No fundo do pensamento dos homens esclarecidos pela luz da sabedoria está o desejo de contribuir para a evolução do todo planetário. Seguir esses homens e partilhar de suas ideias só poderá trazer benefícios. O fator de sucesso está em descobrir, na essência dos pensamentos e opiniões desses homens, aqueles que, de verdade, trazem a luz para o carente dela. Só o exercício da leitura compenetrada e persistente já é, por si, uma fonte de luz. Da interpretação das palavras e de sua comparação com o que já foi concebido nasce o caminho do esclarecimento. Este cultivo precisa ser paciente e contínuo. É labuta séria e não tem nada a ver com dolorosa, como uns gostam de interpretar. É uma delícia poder contatar com pensamentos que convergem para um mesmo fim. A criatividade humana é algo de suprema importância, pois é dela que surgem caminhos múltiplos e variados de condução do destino; à medida em que todos passarem, com o mesmo propósito louvável, a desvendar caminhos de luz, o futuro paradisíaco do mundo será uma realidade.

A predisposição do homem para fazer o bem, somente o bem é o verdadeiro caminho para o mundo paradisíaco. Se levarmos em conta o tempo de existência do planeta e quanto mal já foi praticado, o que fica é um inegável desânimo quanto ao seu futuro; a esperança é esmagada pela constatação do cenário evidente de dor e de sofrimento de toda espécie. Todavia, não chegamos à extinção. Não é impossível a possibilidade de haver, por trás de todo acontecimento, uma vontade, um comando invisível que harmoniza as ações e que contribui para o equilíbrio. Uma explicação para fatos que fogem a nossa compreensão passa infalivelmente pela análise do invisível. Penso que o grande problema do homem é tirar conclusões precipitadas. Há uma tendência de se avaliar as situações por um simples prisma de observação sem que uma análise profunda tenha seu papel efetivo; falta prudência, espírito de comprometimento e vontade firme de conhecer-se a si próprio. A maior parte dos problemas do mundo provém da falta de iniciativa do ser humano em investigar as reais causas dos sofrimentos.

A razão precisa contrabalançar com o sentimento a fim de que não predomine o desequilíbrio da análise. Todo homem possui dentro de si os meios para a avalição do mundo e de si mesmo. Dependendo de onde ele extrair o seu conhecimento, a sua sabedoria, isto fará incrível diferença no seu destino. Ele pode fazer com que a razão predomine sobre o sentimento e, por causa disto, se tornar uma pessoa fria e calculista; como pode, contrariamente, deixar que predomine o sentimento e tornar-se escravo dos seus instintos, o que pode ser perigoso. Em vista disso, tomar o devido controle da própria mente é a chave para uma vida harmoniosa. O homem é mente acima de tudo; tudo remete ao seu uso perfeito e controlado. Quero crer que inteligência não se resume unicamente em ter um conhecimento privilegiado das ciências do mundo, manipular o cérebro para conseguir destaque nas transações ordinárias da vida, destaque profissional ou supremacia financeira. A felicidade verdadeira deve abranger um pouco mais do que isso. Até hoje não se conseguiu definir o conceito de felicidade; ela continua sendo forjada por opiniões divergentes e copiada pela observância do que aparenta ser. Esse conceito de felicidade difere muito entre as pessoas. O que faz a gente pensar que ela não existe. Em outras palavras, não existe o tal conceito; é como agarrar o vento ou encher com água uma peneira. E a filosofia tenta explicar essas coisas por todos os meandros possíveis, mas parece que são pouquíssimos os que captam a essência desse conceito de felicidade.

Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 26/07/2016
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