Do sem exercício à titular, licenciada (42)

Didil Miminha,

Quero porque quero jactar-me hoje: os institutos de pesquisa dão me aprovação ainda maior que a tua: 13% contra 10% que tinhas quando iniciada tua licença. Espero teu abraço, meigo como de hábito - e hálito.

E isso me dá forças para continuar tocando o timão.

Sabes que estou gostando cada vez mais desse interinato, apesar da intensidade de ações. Hoje mesmo tive a satisfação de acompanhar a medida saneadora com que se espalha essa nova operação Sepsis. Acho a denominação greco-latina mais instrutiva do que Lava Jato, por exemplo, que soa chula e pobre de imaginação.

Sigo deliberando com meus botões sobre o preenchimento das vagas ministeriais. A leitura de curricula-vitarum conquanto interessante, reveladora, carece sempre da chancela da investigação. Ah, não sabes a falta que nos faz um Tuma, com toda a sua souplesse para lidar com levantamentos de vidas pregressas, liaisons dangereuses, et coletar.

Vi inda há pouco a autoritária vitória do País de Gales sobre a Bélgica, válido pelas quartas-de-finais da Eurocopa. Se estes novos tão regiamente remunerados atletas de nossa Seleção e das tatuagens tivessem a mesma aplicação, foco e comprometimento que os galeses, podíamos esperar por dias melhores. Vou conversar seriamente com os responsáveis pelo setor. E se precisar, dou uns murros na mesa, e convoco o cidadão Edson Arantes para dar razões de seu tão prematuro afastamento da Canarinha.

Louvável tua idéia de levantar fundos voluntários para realizar um périplo pelo país. Romerito, estou seguro, será teu primeiro anfitrião lá no Setentrião. Sua ansiedade presente, nada obstante, é poder acolher

venezuelanos exauridos de esperarem um Maduro que não cai. Caracas.

Autorizei a concessão de passaporte diplomático ao Missionário não só por ser um Homem de Deus, mensageiro do Altíssimo, mas também, e sobretudo, por ser um verdadeiro Embaixador da virtude e do despojamento. E até lhe recomendei, quando de passagem por Londres recorrer a alfaiates do Saville Row, bambas no corte e na escolha de cores sóbrias para cavalheiros de boa-fé - que nele, não só abunda, quanto é profunda.

Não posso perder um capítulo do Velho Chico. Quanta fidelidade histórica dessa produção.

Chela e o infante mandam-te afetuosos beijos. Sobejos.

Ciao, querida.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 01/07/2016
Reeditado em 05/07/2016
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