Da titular, licenciada, ao em exercício (41)
Querido,
quanta alegria saber que tua obra literária está sendo discutida no Festival de Literatura Internacional de Parati. Para ti, posso imaginar o quanto isso significa. Se porventura deixares um dia a carrereira política tens onde te ancorar, com visibilidade e dignidade perante o mundo das letras.
E eu diria que no dos gestos também. Aquele murro que outro dia deste na mesa de trabalho repercute fundo denunciando e atemorizando a bandidagem. Não podias ter sido mais enfático. Momento para se por no gráfico dos feitos presidenciais, ainda que interimário.
Vi que para não colidir com o evento esportivo olímpico, há comum acordo para a decisão sobre minha licença se realize em agosto. Bem a gosto, repito cá, de meu encosto. E, bem a gosto, faço votos para que a sessão não seja tumultuada como tem sido na Comissão de Ética do Senado. De língua afiada e de gestual, é imbatível a Paschoal. Show de conhecimento, denodo e cometimento. O resto é golpe. De vista, bien-entendu. E virás me dizer que, ainda que de soslaio, não olhas para aquele voluptuoso decote. E nem deixes que a jararaca ali, antes de ti, dê o bote. Ou apague o holofote.
E o nadador Phelps, hein? Que maravilha, virá para sua quinta Olimpiada. Um monstro. Uma reincorporação do legendário Johnny Tarzan Weissmüler. Imperdível espetáculo e justamente sob os nossos olhos, nossas janarinas... Não perco nem que a vaca tussa, ou já no brejo bote sua carapuça. A gente há de se ver lá. Mas eu quero toda privadadacidade e discrição possível. Permito-me até fantasiar-me de Boçalnaro. Com boina verde, por supuesto.
Espero tua decisão, muito embora sei que não podes arredar o pé do Palácio, sem o risco de seres atacado pelas ariranhas de Brasília.
Fico, sei que tens agenda cheia e ainda deves apanhar o guri na escola.
Se houver tupperware meu aí, manda-o pelo Catalão. Com um pacote do café me grão.
Bisoux, Mimita