Do em exercício, à titular, licenciada (37)

Vanucha,

sem chance hoje para sermos primeira página na imprensa mundial, ou mesmo nacional: esse referendo impactante da saída do Reino Unido da União Européia só não foi manchete principal no (So)Correi o Braziliense, mais preocupado com a sorte do Bernardo. Esquecem-se até do fardo do Eduardo.

E para compor o quadro negrativo à nossa relevância no planetário (obs)cenário, o cidadão basquetebolista Lebron James opta por férias ao invés de vir disputar as Olimpíadas no Rio. Quem poderia esperar tal pusilanimidade em uma super-estrela do esporte mundial. Vamos ver o dele dirá o afiado Machado.

Apenas de relance - já que meu envolvimento com o bem da Nação é total - pude ver nos jornais o momento exato em que um buraco negro engole uma estrela passante em sua órbita. Aterrador! Vamos cobrir logo esse da Petrobrás. Já, já.

Mas, refletindo bem, há algo de positivo na decisão dos britânicos. Nós também, podemos romper os grilhões que nos prendem ao Merdosul. São demasiado limitantes a uma economia pujante e líder como a do Brasil. Precisamos, sim, penso eu, reforçar nossos laços com as ptências universais, sem essa trela que nos tolhe os passos.

Ando de tal maneira atarefado que corro o risco de perder as quadrilhas que animam e aquecem a noitada do justo cidadão brasileiro. Vejo injustiça em darem tanto destaque à acidental morte de uma onça, e apenas uma nota de pé-de-página, à operação médica vitoriosa que reabilitou o bico de um tucano - sem anastasia.

Não sou de falar para baixo, mas ando disposto a rever essa permanência do feijão e do arroz na dieta básica do cidadão nacional. O povo parece não fazer conta dos sucedâneos inúmeros e igualmente substanciosos que temos para substituírem esses dois vilões do soluço inflacionário. Será tema de meu despacho com o internacionalista Blairo. Maggi a pura.

Pouco mais de quarenta dias para a solene abertura dos Jogos Olímpicos. Já determinei ao Meirelles jogar à bóia da salvação ao Dor Neles. E vai ser uma festa sem paralelo. Michelzinho já está projetando quantas medalhas vamos ganhar. Inda mais agora com esse afastamento definitivo do perigo comunista russo no atletismo. De toda forma, parece-me um gesto cavalheiresco, penso em convidar Sharapova e Ysinbaieva, a da vara, para estarem ao meu lado na solenidade. Isso é, se não decidires entretempo, por tua retomada do timão desta nossa emborcação.

Ciao, querida

Do sempre teu, Elias

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 24/06/2016
Reeditado em 24/06/2016
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