Da titular, licenciada, ao em exercício (27)

Querido,

se te disser que torci contra o Brasil, ante o Peru, não vais acreditar - logo eu que tive até um Patriota como meu ministro do exterior. Mas eu explico: esse torneio nada vale - agora - e nosso sofrido povo precisa mesmo é plantar feijão. A carestia, assim como a eucaristia, está colocando um véu para inalcançado tornar o céu. Claro que me compreendes, mas que o quiseres - e sei que querê-lo-ás, desenho, não desdenho. Meu gesto é ferrenho. Dou tudo o que tenho.

Que maravilha os moços nossos se entenderem lá no spa do Paraná, Dirceu e Vaccari, e desenvolverem a proposta da "leniência partidária". Como o teus colaboradores, amigos e próximos já a praticam, nem vou descer a detalhes. Vão achar que estou plagiando Rocerto Barlos. Mas é o verdadeiro ovo de Colombo. Nos comiseramos uns dos outros, e tudo zeramos.

McDonald Trump vale-se da desgraça em Orlando e pede a renúncia de Obama, nada menos. E nem toca no controle de armamentos. Imagina se a moda pega entre nós? Seria o fim. Que diria Fernandinho Beiramar?

Em que país estaríamos? Nossa sorte é que a Santa Madre ainda não revogou a bula que isenta de pecado o Sul do Equador. Medida sábia para povoar esta nossa bendita terra.

Aliás, para fazermos justiça ao de Holanda, acho que deverias ter olhar menos severo sobre ele, e o convidar para alguma coisa na Cultura, ou Agricultura, que seja. Sabemos que, consoante sua própria admissão, ele tem comprado músicas para seu repertório, mas a verdade é que tem boas fontes. Sempre. Fala aí uma de suas músicas de que não gostes, ou que ao menos te deixe indiferente?

Nestor insiste em dizer que dele nunca gostei. Diz-me se sou capaz, ou mesmo rapaz, de uma tal ignomínia. Olhos nos olhos - olha Chico de volta - gostei tanto dele quanto de Machado. Mas tinha sempre o embaraço da escolha. E acabei, como vês, a ver navios. Na dependência só de meus pro-ventos e, não fosse o reajuste que estás concedendo, eu não teria como prover minha dispensa e arcar com as passagens aéreas que, em razão de minhas viagens serem decididas de afogadilho, custarem os olhos da cara e me forçarem a recorrer a um emprestimozinho no BNDES. Afioal, juros de acima de 14% ao ano invabilizam qualquer plano.

Talvez seja esta a razão da dificuldade de escontrares um novo titular para o Planejamento. Coloca um diplomata aí, não? Eles planejam tudo direitinho nas suas vidas profissionais e acabam chegando ao topo da carreira no Elizabeth Arden circuit, London, New York, Paris, Washington...Ou então pensa numa mulher, que já é hora de se falorizar essa turba de grandes expoentes da Academia - tua Chela também passou por uma delas na Suíça, né?

Vou ficando por aqui. Ainda vou picar a couve, que se deixar por conta da gentalha da cozinha, ela só pica grossa.

Bisoux,

Didil

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 13/06/2016
Reeditado em 18/06/2016
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