Da licenciada para o em exercício (31)

Querido,

Acabaram-se meus sucrilhos. E essa despensa aqui está uma zorra. Preciso urgente de uma desratização. E, honestamente, não tenho tempo, ou saco mesmo, para as domesticidades. Como sabes, estou com uma agenda de viagens bastante alentada e, dia desses, imagina, tive que fazer sala para o Eduardo Suplicy, com sua longa-lenga sobre a renda mínima. Diz que até a Suíça vai adotar seu programa.

Antes fosse o Cunha, sabes, que mesmo sem poder viajar, entende tudo de Suíça. Ele aliás, falou-me num plano de poupança infalível - e inflável. Genebra e Zurique nunca foram cidades de meus sonhos, mas o chocolate suíço é irresistível. E aquela entrecôte do Café de Paris? Mère de Dieux!

Estamos a 61 dias da abertura oficial dos Jeux Olympiques, mon cher. Continuas disposto a ir em meu lugar? Olha, na minha última exposição a um mega-público, no Mineirão, se não te recordas, fiquei ao lado daquela convencida e pretensiosa Chanceler. De propósito, evitei gastar meu alemão. Adoro Schumacher, aquele compositor do hino da Itália, mas nunca fui fã dum chucrute e de joelho de porco. Estranha aquela gente, podia bem ter aprendido um pouco de culinária com os vizinhos franceses...

Mas o que quero dizer-te é que te animes a abrir o evento. Leva Chela e Michelzinho para curtirem a beleza e o aconchego do Rio. Não ligues para as más línguas, ou eventuais cuspidas daquele menino insubordinado. No fundo no fundo ele até sabe se comportar. Sua pendenga é com o Jair, que tanto o provoca. E com o filhósofo, Olavo de Carvalho que, no fundo, no fundo, apesar de toda sua explícita homofobia, não passa de um carente.

O Machado, sem Cunha, começa a rachar a lenha para as fogueiras que logo logo começam. Não sei como acomodá-las, a minha apertada agenda de viagens. Esse pessoal da FAB é um amor.

Bises pour une nouvelle journée. Tou pensando em ir à missa lá da Ermida, para evitar o assédio dominical. Seguro de lá encontrar somente o Embaixador Ricupero. Figuraço. E più pio que o Papa Pio.

Bises, bises, Didil