De Dilma a Michel (14)

Querido,

não te abandonei, não, viu? Apenas dei uma saidinha de um animado buraco com o Romerinho, Renanzinho e Ribamar - o Machado, chamado, não nos respondeu... E vimos assim, varando a madrugada. O tempo tá fresquinho, e o silêncio da madrugada inspira. Além, é claro da sangria que o Romerinho trouxe consigo, e nos oferece generosamente, a cada rodada.

Providência salutar tomaste ao licenciar o Romerinho. Ele dava sinais de esgotamento após tantas jornadas em prol de um Brasil mais transparente, mais humano, tudo por uma entente cordiale. Lembras-te da expressão, né? Dos tempos colegiais. Oh saudade.

Pediram-me para assar uns pães de queijo, mais eu que à massa nunca fui omissa, vou mesmo é pedir uma pizza por telefone. Das gigantes. Mas será que dá pra fazer o pedido sem ser grampeada? Podem me interpretar mal, justo a essa hora. Ah, como o Catalão faz falta...

Viste só o Barack? Nos estertores de seu governo de oito anos e ainda acha tempo pra dar um passeio no Vietnã. Achas que fez bem em não levar a Michelle desta vez? Seu próximo passo é o Japão, onde visitará Hiroshima. Verá de perto o que andou fazendo a clava forte dos Estragos Unidos. Mas já adiantou que não pedirá perdão. E lhe dou até metade de razão: é afro-descendente, que nada teve com o Oriente.

E a reconciliação vai-se fazendo alhures também. O Papa e o Iman egípcio se reúnem em Roma e restabelecem o canal de diálogo que, é verdade, já foi mais fluido nos tempos em que César e Marco Antônio foram fechados pela sedução de Cleópatra. É o amor. Ando num romantismo - ou romanismo ? - de fazer dó. Acho que reencontrei meu eixo após ler as primeiras páginas de tua Anônima Intimação, Intimidade, digo. Quanta distraição...

Mas o que precisamos nos concentrar é nos teus compêndios constitucionais, obras-primas necessárias ao reenquadramento político do país. São guias-mestras de nossa salvação. Vê bem: eu não disse salivação nem sauvação!

Olha, ocorreu-me fazer uma sugestão, sem contudo querer imiscuir-me na tua regência de classe, até aqui exemplar: mas quem sabe, não conviria convidar para o lugar do licenciado Romerinho, aquela jurisconsulta, ainda quase menina, e já com vocação para heroína, a Janaína?

E por falar em heroínas, o Brasil tem sido omisso nesse quesito. É uma dívida que temos com as mulheres lutadoras desta terra de Caminha. Pouquíssimas são citadas em nossa história. Fui disso lembrada justamente pelo nosso amigo comum Mujica que me visitou enquanto passava meus dias no Sul. Mas não misturo as coisas: ele com seu baseado, eu com meu chimarrão.

bejus, da Didil

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 24/05/2016
Reeditado em 24/05/2016
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