De Michel a Dilma (13)

DilmAmada,

Vou tentar colocar em dia nosso saudável intercurso gráfico, já que oralmente ninguém hoje está seguro. Não é que tenhamos algo a esconder, fomos e somos pela absoluta transparência, mas essas escutas excessivas dão margem a interpretações e interpelações equivocadas. Vê o caso do Romerinho, por exemplo. Querendo agradar a todas as partes, comete algum deslize verbal, usando expressões pouco diplomáticas, acabou caindo no escárnio popular. E o populacho, como sabes, e acho, é o diacho.

Experimentei ontem o ruído das manifestações e a primeira providência que aí cabe, é diminuirmos os decibéis tolerados em vizinhanças residenciais e ordeiras. Imagina que o Michelzinho nem pode - ou poude? - concentrar-se para fazer seus deveres escolares?

O Boris está certo. Temos que escoimar de nossa vida pública e da privada tudo o que for uma vergonha. Há limites. Um povo sem limites foi o romano das saturnálias, e aquele fabuloso império já consolidado, respeitado, temido até, dissolveu-se, esboroou, simplesmente. Urge corrigir os mores.

O restaurante palaciano sente a tua falta. E não sem razão, muito embora o regime severo a que tinhas te submetido prive-te dalguma gulodice eventual. E me cumpre cumprimentar-te pela silhueta, de vera ninfeta, adquirida em tão curto espaço de tempo. Devias recomendar este regime ao Inácio, a quem quase estive a oferecer um terno dos meus no dia de sua posse na Casa Civil. Mas foi tão breve aquela passagem.

Demais, sou pelos tons mais escuros, sóbrios, que não parecem agradá-lo, de tão informal que é. Vendo-o junto com o ex-mandatário uruguaio Mujica no ano passado, por ocasião da celebração dos 35 anos de criação do partido laborista - só em fotos, lastimavelmente - cheguei a confundir um com outro, tal a sua harmonia sartorial. E justamente tu porejavas sobriedade no trajar naquela ocasião.

Temos um soufflé de cenoura que está um encanto. Combina bem com o faisão que trouxemos da paulicéia. Pena aqui não criarem essas aves.

Mando-os acondicionados para ti.

Bises,

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 23/05/2016
Reeditado em 23/05/2016
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