Sobre o futuro próximo

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Em vista do reconhecimento da falsidade das acusações de improbidade à presidente Dilma, tem sido divulgada, como justificativa para o golpe, a errônea intrpretação de que ela teria feito um mal governo.

A reclamação dos políticos decorre do fato de Dilma não ter feito o jogo da troca de favores, ela não “comercializava” com eles, razão principal de sua falta de apoio no congresso, e de seu afastamento.

Grupos de esquerda a acusam de ter sucumbido às pressões do capital, abandonando as prioridades sociais, o que, em certa medida ocorreu. Constatamos agora, no entanto, que nem as concessões ao capital foram suficientes para impedir sua queda, justificando tais adjudicações. Também percebemos, em vista da comparação com o governo interino golpista, o quanto dessas prioridades ela conseguiu manter.

A direita a acusa de má gestão econômica, um erro mentiroso pelo qual pagará caro.

3 enormes adversidades impediram a obtenção dos bons resultados financeiros:

1. Queda violenta dos preços dos principais produtos produzidos no país, derrubando as finanças do país.

2. Estrondosa propaganda contrária, fato que, por si, plantaria qualquer crença na população.

3. Torcida contrária. Insuflados pelos meios de comunicação, parte da população e empresários passaram a jogar contra o próprio time.

Parece impossível, em vista dessas 3 circunstâncias, conseguir obter resultados favoráveis. O que me espanta, ao considerar tais fatos, é perceber um crescimento da produção econômica real, da quantidade de produtos, independente de seu preço. Dadas as 3 circunstâncias listadas acima, o que mais surpreende é constatar, apesar da intensidade desses fatores contrários, a robustez da economia real brasileira, o quanto ela continua estruturada, apesar da turbulência. Economicamente, a gestão de Dilma foi maravilhosa, dadas as circunstâncias, o que ficará evidente após o desmonte iminente.

O governo do usurpador

Pressupondo erros onde eles não existem, avaliando erroneamente erros e acertos, o novo governo enfiará os pés pelas mãos, trocando diretrizes corretas por outras equivocadas. Esse único postulado é suficiente para garantir uma gerência catastrófica da economia brasileira. O momento, delicadíssimo, no entanto, tornará a catástrofe ainda mais aguda.

A impopularidade do novo governo será audível e crescente.

Ao perceber o barco naufragando os aliados partirão para a oposição, deixando o governo provisório completamente isolado.

2 erros revoltantes se somarão a esse:

1. A enorme pujança da economia brasileira obtida durante os governos Lula/Dilma se deveu à incorporação à economia de um vasto contingente da população brasileira que estava fora dela. A inclusão socioeconômica é um fato real. Excluídos não participam da economia. A inclusão socioeconômica de milhões de pessoas significou um enorme aumento da população brasileira economicamente efetiva. Equivale a um enorme crescimento populacional. As propostas já antecipadas pelo novo governo tenderão a reverter esse quadro, fazendo o país retornar às condições anteriores ao governo Lula. A economia sentirá o enorme revés. (Importantíssimo assinalar a imensa CRUELDADE dessas medidas econômicas que causarão imenso sofrimento a milhões de pessoas).

2. A voracidade impudica com que os rapinantes se lançam sobre os despojos, sobre o que restou do patrimônio do estado após a rapina dos anos 90, causa asco. Convém ressaltar que um usurpador governando o país, ilegítima e provisoriamente, não tem autoridade para entregar as empresas brasileiras às grandes corporações multinacionais. Esse episódio vergonhoso, no entanto, receberá uma fortíssima pressão devido à iminência do esboroamento do dólar. Sabe-se que o dólar não resistirá muito, ruirá, vaporizando toda a ficção financeira baseada apenas em números em uma conta bancária. Os possuidores de micos financeiros estão, nesse momento, às vésperas da bancarrota do dólar, ávidos por se livrar de seus micos e abocanhar qualquer ativo palpável que surja ao seu alcance.

Embora eu não acredite na durabilidade desse governo, devemos deixar claro que não reconheceremos os desmandos do usurpador, para que eventuais compradoes, em conluio com o golpista, saibam estar comprando o que não pertence ao vendedor, sujeitando-se à anulação da compra irregular.

De qualquer modo, creio que, em 1 mês, o governo provisório já deverá ter dado mostras claras de sua inviabilidade política e econômica, além da exposição gritante da farsa constituída pela fingida preocupação com a corrupção. Nesse momento, a sensatez nos recomendará a absolvição e o retorno da presidente eleita, e a deposição do golpista. Temos pressa. Considerações morais, políticas e econômicas fazem urgente o retorno à normalidade.