De Dilma a Michel (07)
Querido,
como sabes, tenho horror de ser repetitiva, mas como mulier sapiens, não posso deixar de aplaudir teu gesto cavalheiresco em posar com as parlamentares, que reivindicam, com muita justiça, a Presidência da Câmara. Desnecessário dizer que são todas qualificadas para exercer esse nobilíssimo cargo, todas boas de câmara. E seria ainda mais nobreza de caráter o teu apoio à pretensão. E mais, se tanto atraem, não traem.
Agora, em off. Checa se não há aparelho de escuta em teu gabinete primeiro: o que há de falsidade ali, não há no gibi. Afora, o permanente tititi. Rasga este papel, e para meu comment não rasgues não. Son celos de mujer.
E o Renanzinho, que delicadeza: veio verme, sorry, veio ver-me. Ah, como esse hífen faz a diferença, né? Às vezes mais vale um hífen do que um hímen. Hímensos valores que ambos exprimem, nada obstante.
Pois é, ele esteve aqui comigo e até elogiou meu pão de queijo. Conversamos e nos convergimos sobre a realidade nacional e combinamos manter um canal aberto de comunicação. O Bessias, como de hábito, será instrumental nesse processo. Mas nada de envelopes castanhos para acondicionarem nossa correspondência. São de mau-agouro. Vou pensar numa outro cor, e te falarei oportunamente.
Pois é, concordo contigo na remoção do Maranhão, aliviando-o da penosa situação de ser desacreditado em ambos os lados de seus bigodes. Mas a do Catalão, não engulo. O moço nunca deixou um pingo sequer de café manchar nosso belo carpete e sempre serviu equanimemente a gregos e goianos, em sua diturna faina. Verdade que nunca chegará a ser um mordomo da estirpe que está em moda, mas quem sabe, mandado fazer um estágio em Paris, por exemplo, ele se requinta em seu modo de servir? Pensa nisso.
Acho que já fiz menção a atribuição do passaporte diplomático ao homem de Deus. Nada mais justo. Ele é que faz a ponte de tanta baixeza nossa com o Altíssimo. E para lá chegar, a nave russa é a que resta, pois, ao que parece os americanos estão também embarcando nessa de cortar orçamento.
Ando esperando também a vinda do Fernando, aquele gato, agora ainda mais charmoso, e até filosófico, que, estóico, soube dar a volta por cima, com galhardia. Se ele não vier logo, tomarei a ousadia de ir à Dinda. Que achas?
Eduardo é que se queixa do ostracismo. Embora estivesse mesmo precisando de um break para retemperar suas energias, o seu afastamento foi por demais súbito. Justamente às vésperas de ser o teu imediato aí no timão. E não é ao Corínthians que me refiro. Confio nele, principalmente quando esclareceu à Comissão de Ética que não tem mesmo as propaladas contas. Foi didático o suficiente: o que tem é expectativa de direito.
O Professor Cipro Neto fez referência, na Folha, a uma mesóclise mal empregada por ti. Esse povo vive escarafunchando e revirando tudo. Falta do que fazer, essa classe, já tão bem remunerada e apreciada.
Ouviste especulação de que o Inácio estaria al borde de uma depressão emocional? E não pode ser para menos, pois seu empenho em salvar a democracia não conheceu limites. Quem sabe lhe ofereces, de bandeja, o lugar do Catalão?
Vou entregar-me aos braços de Morfeu. E do que for meu.
beijos, Didil