Memória da pele
Então, não é difícil imaginar a intensidade de tudo. Meu corpo recebendo o seu, pela minha boca, braços, pernas, artérias, coração, pele, tudo em mim sentia bem. Um bem prazeroso, desejado, recíproco. Você me envolveu em sua carne como se quisesse penetrar até minha alma. Aquele calor do primeiro contato físico voltou, até o seu jeans não aguentar mais fechado, sua camisa desabar no chão da cozinha onde bebíamos alguma coisa. Nosso desejo não suportava mais nos manter vestidos, as peças que cobriam nossa pele foram caindo uma a uma. Depois ficamos ali no chão sem nos mexer, sem querer sair um do outro, esperando o calor baixar e ao mesmo tempo querendo recomeçar tudo de novo de tão profundo. Nossa primeira experiência foi cheia de emoção, cheia de afeto, em pleno chão, e nos sentimos tão completamente à vontade. É mesmo misterioso esse momento de intimidade, impossível prever antes de acontecer. Com a gente foi perfeito e a cada reencontro melhor ainda. Eu chamei de sexo, você de amor. O que fazemos é amor você diz. Eu acabo concordando, sim fazemos sexo com sentimento, então é amor. Daquele momento em diante como seria pensava eu. Até você romper o silêncio dizendo, você é uma mulher perigosa e se eu me apaixonar por você? Será que vai me querer na sua vida? (...)
(Trecho do ensaio "Memória da pele", escrito em julho de 2013)