Ordem e Progresso
Luciana Carrero· Quinta, 12 de maio de 2016
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Eu votei em Dilma, nos dois mandatos, mas há um bom tempo que critico o governo que era dela e do PT e já tenho muitos textos espalhados por aí, falando das minhas posições. Eu não queria um golpe. O que eu queria é que a presidente tomasse medidas políticas para botar ordem no país, sem a qual não pode haver progresso. Por diversas vezes falei que ela fazia um governo frouxo e que isto iria levar o país à derrocada. Se não dessem certo as medidas políticas, eu queria que ela tomasse medidas drásticas para manter a ordem. Eu sonhava em acabar com as rebeliões, tanto de direita como de esquerda e esperava que a presidente tomasse as tais medidas drásticas para acabar com as badernas que começaram em junho de 2013. Nesta ocasião eu dizia que elas gerariam uma conta sócio-econômica que futuramente iríamos pagar. E a conta veio, pesada, insustentável, nefasta para o povo brasileiro. Repito que eu não queria um golpe, mas não ouve alternativa. Foi necessário. E não digo isto com júbilo, mas com tristeza. Lamento o fato da presidente ter se metido num labirinto cruel por culpa de seus próprios atos, pelo excesso de democracia, a qual denominei democracia permissiva, pelo instauração de um sistema de compra e venda dos destinos do país, favorecendo os políticos picaretas de todas as facções, para conseguir governar. O que deu foi um desgoverno intolerável que acabou tendo como instrumentos da sua queda as próprias turbas que dela se serviram e se fartaram a não mais poder. Mas sempre tive esperanças, esperança de que ela fizesse uma reviravolta, que refizesse os planos de governo e que tomasse atitude corajosa de acabar, ao contrário de favorecer, com a corrupção. O tempo passou e nada aconteceu. E eu via a presidente enterrada até o pescoço numa areia movediça e, quanto mais se debatia, mais afundava. Os nossos representantes eleitos, deputados e senadores, ouvindo o clamor das ruas e aliados às pessoas mais próximas do governo, tomaram a medida séria e dolorosa de cortar o mal, mesmo que tardiamente, pois a nação não mais poderia suportar este estado de coisas, digamos assim. Era preciso limpar e, justa ou injustamente, tomar medidas. Nem falo em termos técnicos como pedaladas fiscais. Falo no descalabro moral do país, descalabro este que precisava ser atacado. Penso que o terreno está sendo limpo, para construir um novo país. Não tenho nenhuma antipatia pessoal com o novo presidente Temer. Já demos muito tempo ao governo do PT para brincar de governar, com Dilma, que apesar de bem intencionada, entre aspas, conseguiu perder tudo que os governos de Lula conquistaram. Não foi falta de confiança nossa. Vamos ver o que o Michel Temer pode fazer nestes 180 dias, até que se abra uma nova perspectiva, pois se trata de um governo de transição. A nova sorte está lançada. E veio com um lema, para mim, animador: Ordem e Progresso, que foi o que sempre preconizei. Mas espero que o novo presidente bote ordem e acabe com as facções de malfeitores e de povo sem noção atrapalhando o governo nas ruas. É preciso, em primeiro lugar, que ele consiga acabar com as badernas, sejam de direita ou esquerda e que apresente um novo projeto conciliador urgente. Caso contrário será um fracasso como foi o governo Dilma Roussef. Sinto muito, mas eu penso e externo o que penso. Não estou aqui para contentar a ninguém Só quero um país melhor. Se o PT tivesse conseguido isto, eu estaria com o PT, pois sou esquerda. Felizmente, eu penso e o PT não costuma pensar. Deu no que deu. Sinto muito. (Luciana Carrero)