A dissolução dos países e a tecitura do neo-feudalismo
Existe hoje, uma dezena de trilionários. Esses caras são mais poderosos que faraós, césares, mandarins, ou que todos os reis que já existiram, são os donos do mundo. Nunca tinha havido nada igual; antigos monarcas tinham um poder exclusivamente local, ainda que, por vezes, extenso. Esses caras têm poder global, imenso mesmo. Desde o final da segunda guerra, eles mandam no mundo de maneira hegemônica. O poder dos caras vinha crescendo até que, incompreensivelmente, foi fortemente confrontado pelo ressurgimento de um antigo rival.
A ressurreição do gigante chinês é estarrecedora, inacreditável. Em 1980 a China era uma localidade miserável, erma e esquecida, uma espécie de relíquia arruinada de tempos remotos. De uma maneira absurdamente surpreendente, 35 anos depois, o país se impõe como a maior potência econômica do planeta. (A economia chinesa superou a americana no final de 2014 de acordo com estimativas conservadoras como FMI, banco mundial, e CIA, expressos no GDP-PPP. Trata-se do GDP, ou PIB, corrigido, transformado para uma escala real, desconsiderada a supervalorização do dólar.).
O crescimento chinês continua estarrecedor, apesar da cortina de fumaça jogada sobre esse fato aqui no ocidente. A tendência claríssima é de que, em poucos anos, (estimo uns 5) a economia chinesa corresponda ao dobro da americana.
Tal situação é extremamente incômoda para os donos do mundo, analisemos.
A média de idade desses caras é alta, eles vivem muito. Foram crianças muito mimadas, a maioria deles continua sendo, mesmo aos 80, 90..., seus desejos nunca foram confrontados.
Seu poder se baseia, fundamentalmente, na economia, mas eles também controlam o maior aparato bélico já existente no planeta. Poderiam, facilmente, destruir o planeta, coisa que obviamente não lhes interessa. Um de seus problemas, aliás é: como usar tamanho poder sem causar destruição muitíssimo maior que a desejada?
O impasse do mundo, hoje, decorre do seguinte: os donos do mundo estão sendo confrontados por um adversário cujo poder aumenta dia após dia. Os desafiantes pretendem destronar os velhos donos, assumir as rédeas, definir novas regras, novos árbitros para todos os jogos. O poder dos antigos desmoronará como bolhas de sabão em tempestade de areia. A posição é insustentável; cada derrota sofrida reduzirá as forças de sustentação dos destroços remanescentes. Será uma implosão brutal, a derrocada será estrondosa e geral.
Mas os donos do mundo lutarão como velhos leões contra o dragão insurgente. Não entregarão o poder sem luta.
Um caminho tão óbvio quanto aterrorizante é a guerra. Difícil prever suas consequências, mas a estimativa de muitos bilhões de mortes é bastante plausível. A destruição da humanidade não é descartada. Será como a abertura da caixa de pandora, da qual sairão todos os males, restando nela, presa, apenas a esperança.
Outra possibilidade consiste em “melar o jogo” ante a iminência da derrota. Tal ação seria traduzida na dissolução dos países, uma vez que é a entidade “China” que está superando economicamente os EUA. A dissolução dos países teria como objetivo a eliminação do estado chinês, fortíssimo sustentáculo do novo poder.
Dois fatos favorecem essa linha de ação: a multiplicidade étnico-cultural da China, fator tendente à desunião, e os iminentes conflitos internos previstos nos EUA. Sublevações fortíssimas varrerão os EUA em resposta à depauperação da população que ocorrerá em consequência da derrocada do dólar. Sentimentos profundíssimos de indignação alimentarão revoltas que explodirão por todo o país e que transbordarão para além de suas fronteiras. Ludibriadas, depauperadas e atônitas, as populações indignadas se insurgirão contra aqueles a quem serviram, e que lhes retribuem com uma velhice miserável e nunca imaginada. Multidões de velhos e indigentes desprezados e relegados à mendicância unirão sua ira e seus clamores aos dos jovens desesperançados e furiosos tomados por ódios contra todas as estruturas.
Exportarão a revolta que não conseguirão conter em suas terras.
O sucesso chinês em impedir divisões e conflitos internos significará, de imediato, a translação do eixo de poder para o oriente.
Outro resultado possível é a dissolução dos estados, e o ressurgimento de um neo-feudalismo, com o fechamento de pequenas sociedades, feudos, sujeitos ao controle indireto de uma nova igreja baseada no Dinheiro, o substituto do antigo deus cristão, transformadas, as grandes corporações,
nos sucedâneos da igreja romana.
Os poderes políticos tradicionais serão dinamitados, estamos vivendo isso no Brasil. Após o desmantelamento e descrédito do estado, as grandes corporações se anunciarão como salvadoras.
As periferias morrerão à míngua; direitos previdenciários se extinguirão junto com o estado, reduzido, praticamente, a um poder jurídico subserviente aos poderosos.
Em outubro de 2016 a moeda chinesa passa a ser reconhecida como moeda de troca internacional, o que apressará a derrocada do dólar. 2017 promete ser mais turbulento que todos os anos passados. Tempos de mudança se assomam. Mudarão as ideias, mudarão os olhos; em breve, tudo mudará.
(P.S. A opção pela guerra, um ataque violentíssimo a China e Rússia, necessita de aprovação pública mundial. Para que a guerra seja uma opção real, é fundamental que o Brasil e países da América Latina estejam sob o domínio de lideranças subservientes aos americanos, razão pela qual lideranças independentes devem ser afastadas).