Perolas perdidas

Carregava em meus olhos duas pequenas perolas que chamavam de luz, aquele brilho especial que algumas pessoas carregam nos olhos.

No coração um entusiasmo impenetrável de novas conquistas, a certeza de que todos os caminhos se abriram ao toque de meus pés; o que chamavam de vida.

Nas pernas uma força indomável para correr a direção necessária para alcançar os destinos e suas rotas.

Na cabeça muitos sonhos e projetos.

Mas um dia em uma grande tempestade a vida me roubou o barco, e sem nau ou remos me vi obrigada a nadar em auto mar. Enfrentei o sol escaldante dilacerando a pele e o frio da noite congelando a alma, monstros, predadores e piratas.

Para sobreviver fui jogando ao mar a bagagem, muito coisa parecia já não ter importância. Primeiro joguei as “coisas” pequenos apegos materiais, depois os planos, depois os sonhos, em seguida o entusiasmo, por ultimo a “luz” e só me restou à força a qual me manteve nadando.

Avistei uma ilha distante e fui até lá. Retirei-me do mar para descansar na Ilha e reorganizar a vida, um novo começo. Contudo, percebi ao ver o reflexo de meu olhar na água que só havia sobrado a força. Os sonhos eu havia perdido e com ele todos os outros elementos que faziam com que me movesse, incluindo as duas perolas de luz que outrora carregara nos olhos.

Sinto-me em luto. Realizando a morte do passado e ainda sem qualquer esperança em um futuro que me ressuscite.

Espero que um dia as feridas cicatrizem e façam de mim alguém melhor, que ainda consegue sonhar, mas desta vez; sonhos possíveis e neste momento quem sabe, consiga reencontrar minhas perolas.