Fica difícil falar de amor
Fica difícil falar de amor
sem escancarar a alma e sangrar até esvair-se toda num sangue sujo e mal cheiroso
Não poderia falar de um amor romântico, porque na verdade nunca vivi isso. Vivi amor de dor
e sofrimento de amar. Onde o medo maior era justamente não conseguir estancar o sangue
da alma esse sim é duro de ver jorrar.
Muita coisa aconteceu pra que minha alma hoje jorre sangue demasiado.
Muitos sonhos desfeitos, muitos casos terminados, sem ao menos um adeus ou um obrigado,
deixando em minha cama apenas marcas de uma noite vazia e desprovida de bem-querer.
Em quantas camas me deitei? Sinceramente não sei não contei...
Minha solidão não me dava tempo de contar, só queria amar, só queria tirar de mim esse vazio que consome minha alma e minha sensibilidade me deixando por vezes fria e cruel, não acreditando em nada e em ninguém.
Alguns já tentaram me amar, porém sem sucesso, não os deixei chegar muito perto.
Fiquei com medo de que perto demais vissem s marcas das torturas sofridas pela vida e se afastassem
de mim com nojo pelo que fui e pelo que vivi.
Hoje temo até a mim mesma no espelho, desnuda e de alma nua, vazia que estou do desejo e da sede de
amar.
Tenho medo hoje que essas cicatrizes se transformem em fantasmas que me aniquilariam em um só
golpe, me matariam sem ao menos me dar a chance de pedir clemência, perdão pelas inconsequências.
Hoje vivo escrevendo coisas que queria sentir, viver, ter, ser. Amores possíveis alegrias incontidas rsrs
quanta hipocrisia, eu conseguindo ser hipócrita comigo mesmo.
Onde fui parar?
Na sarjeta das palavras em que escrevo insistindo em acreditar.
Acreditar que existem amores reais, que podemos ser feliz por completa e total tola ilusão de poeta de fim
de carreira, que desperdiçou sua vida tentando ser o que não era:
alguém feliz.
Tola poeta que sou
tola.
Rosane Silveira
Rosane Silveira