Monólogo: Mariane X Victor e Tatiane

2011: 15:30 da tarde.

- O que aconteceu, Vitão?

- Briguei com o Saulo.

- Machucou?

- Só bati a nuca na parede, mas nada demais.

- Se fodeu, hein?

- Cala a boca, Mariane!

- Cala a boca vocês! Que já começou a aula.

- Desculpa, Professora Edna.

- Hoje, vamos fazer uma redação sobre a Canção do Exílio.

- Aê!

- Caralho, Victor, escreve mais, que isso daqui tá lindo.

- Porra, Vitão... Estourou.

- Aff, vou tentar roubar o talento do Vitão!

2013, Domingo: 20:30

- Vamos todos fechar nossos olhos, e perdoar todos os nossos inimigos!

O trauma e ódio que eu sinto pelo meu pai, me pegou mais forte, naquele dia:

- Eu não vou fechar os olhos, Mari!

- Por favor, Victor, feche os olhos!

- Prefiro, ir pro Inferno a perdoar meus inimigos!

Depois, eu vi o que tinha em volta de mim:

- Alimentos que davam pra encher o bucho do pastor daquela igreja, durante um ano.

- Conversões religiosas.

- E pessoas com cara de gente louca.

Tinha uma tal de Claudia que dizia ser ex-lésbica e que cheirou muita cocaína.

Tá, mas a menina tinha 16 anos. Mentira. Se você cheirar tanta cocaína, com essa idade, você morre. - Só deve ter cheirado um pino.

Tinha uma tal de Danila, cara de doente, dopada, drogada. - Mais verde do que eu com os meus narcóticos.

Naquele momento, a minha cabeça girou. E me perguntei o que eu estava fazendo ali. - E depois... Fiz um escândalo do caralho:

- Mariane, eu vou embora daqui! Eu não aguento mais as suas mentiras, sabe?! Eu confiei em você de novo e me fodi, de novo!

- Eu só queria te ajudar!

- Ajudar o cassete! Queria era roubar o meu dom! Vamos embora, vô.

Sim, eu fiz isso. - Só acreditaram em mim, porque, a porra da Mariane falou pra todo mundo que eu tava surtado. - Ela foi falar com o Vini:

- O que aconteceu com o Vitão? Ele não é mais o trouxa de antigamente.

- Lógico que não, Mari. Você já viu como o Vitão tá? Cortando até a porra dos pulsos. Tentou alienar o moleque, e se fodeu. Parabéns. Vou ver se ele tá bem.

Ele conversou comigo e eu, falei tudo o que havia acontecido ali.

2015: Segunda-Feira, 07:30:

- Você é responsável pela tristeza da Mariane, seu atraso na existência, seu louco!

- Eu?! Mas o que eu fiz?

- A Mariane tá deprimida e tá falando que vai fazer um livro falando de você.

- Pois, que faça. Ela é uma menina que já pegou num lápis. É a Andressa Urach estudada.

- Vai se foder!

- Vai se foder, você!

- Esqueça de mim, da Mariane e, do seu passado.

- Porra, me faça o favor. Você é quem vem me encher o saco 7:30 da manhã e sou eu, quem te encho o saco?!

- Thau, Victor!

- Ah, vai tomar no seu cu, sua idiota!

- Idiota foi a sua mãe que te pariu!

2016: A peça do colégio, 27 de Janeiro, 10:00:

- Mariane, você vai fazer a Maria Madalena, Tatiane, uma crente, Vínicius, Jesus Cristo, Vitão, Judas.

- Beleza.

- Todos prontos?

- Sim.

- Ação!

Não tive coragem de tacar as pedras fictícias no Vinícius, mas havia uma corda na cena em que iriamos gravar.

Então, subi em cima de um banquinho, e me enforquei com a corda. Na frente de todo mundo:

- Vitão!

Morri, onde a minha desgraça começou. Onde eu conheci Mariane e, Tatiane.

Se eu me arrependo? Nem um pouco. - Agora, elas é que estão loucas.

Inspirado no Curta: Paixão\Marina Dall'Acqua, Guiliana Palombo.

Vitts
Enviado por Vitts em 26/01/2016
Reeditado em 26/01/2016
Código do texto: T5523311
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