Resoluções de Fim de Ano
Curioso como o tempo pode exercer um alto poder sobre nós, de repente no final de 365 dias somos tomados pelo “dever” de refletir sobre tudo que fizemos e tentar lidar com o saldo negativo na balança, automaticamente começamos a elaborar planos, os quais não vamos cumprir metade e nos sentiremos em dívida com isso no final do próximo ano, incrível como não percebemos que a maioria dos problemas reside aí, nessa cobrança desenfreada, tentamos preencher lacunas abertas por nós mesmos quando lutamos para estar em todos os lugares ao mesmo tempo, realizando o maior número de atividades possíveis e acabando por não fazer nada de maneira satisfatória, então, com relação a isso, a minha resolução é que não haverá resolução nenhuma, me recuso a selecionar todos os acontecimentos desse ano, colocá-los em uma mesa e classificá-los em ordem alfabética, grau de relevância ou seja lá o que for, porque a vida não pode ser tratada tal qual números frios, pois requer a observação dos momentos sublimes, aquilo que se sente e não se calcula, ela precisa de abraços apertados, perfumes embriagantes e olhos decididos, necessita também de empatia e compreensão mas sobretudo coragem, coragem pra deixar-se experienciar por todos os sentimentos, mesmo os mais desagradáveis e continuar de pé, sentindo, depois de tudo. Então, depois de tudo isso, constataremos que vivemos e isso é suficiente, não nos deixaremos alienar por listas impiedosas, observaremos o tempo não como uma chave para um novo portal, porque ele é como água que escorre por todos os lados, não é o tempo que muda, quem muda somos nós.