EU QUERO CREDIBILIDADE

O peso que se carrega por crescer e conseqüentemente caminhar em frente é gigantesco. Ainda mais quando lidar com mentes do século passado faz parte do meu dia a dia. Eu queria dizer a meu pai que eu só quero conversar e manter elos com amigos que em determinada época foram meus únicos incentivos em acordar cedo e ir pra escola. Mas isso infelizmente não é possível. Eu confesso que o que mais anseio no século xxi é por credibilidade.

O prazer de ser jovem é o mesmo que sentir o cheiro do bacon sendo frito, por bons amigos de um apartamento que só querem comer um lanche e ouvir algumas músicas e ao meio dessas coisas jogarem conversa fora.

Mas o mundo é perigoso, sempre diz meu pai. Queria eu que ele soubesse que perigoso é não viver, eu sou jovem meu pai. Não imploro por liberdade eu quero apenas credibilidade.

O dia estava chuvoso e eu poderia muito bem receber uma bronca por chegar relativamente umas duas horas atrasadas em casa, eu já aceitara que a culpa fora da chuva. O cheddar na cozinha derretia e esse processo é o mesmo dentro de mim, meus sentimentos derretem. De repente comer um lanche com uns amigos envolve uma vida cheia de planos, problemas, sentimentos...

Meu pai está ligando, mas tudo bem o dia está chuvoso, talvez se eu esperar mais uns 10 minutos antes de ir embora, com a esperança nutrida pela vontade de ficar, a chuva passe e então, os caminhos de volta para casa seriam sem transtornos.

Mas então o som do violão não me deixa partir, tudo bem se eu levar uma bronca, o dia está chuvoso e eu só consigo pensar em como é bom ser jovem.

Por fim eu chego em casa duas horas atrasada, atraso causado por um imenso trânsito da cidade de São Paulo. Como era de se esperar eu levo bronca. Mas uma vez sem credibilidade, apenas com os acordes ainda em movimento no meu peito.