A Arte e a Loucura

Acredito que a arte só acontece com motivos. Motivos esses que possam nos inspirar. Que nos fazem rir, chorar, sofrer, relaxar, ficar com raiva, com saudade, com dúvida, que nos fazem tremer, suspirar, achar que se está ficando louco, que é bobagem... enfim... motivos que nos desafiam, que nos fazem pensar que pode ser diferente, que se conflitam com nossos conceitos e que nos fazem pensar que tudo pode ser visto de outra forma.

O artista, por sua vez, tem que ser um eterno apaixonado. Apaixonado por outro ser, por um amor, pela vida, pelo mundo. Apaixonado pela conquista, pelo desafio e pela coragem de ir em busca do desconhecido. Deve ser um ser entregue à paixão e disposto a enfrentar as conseqüências da paixão, que podem levar a um espécie de loucura. O artista deve estar disposto a mergulhar no oceano dos sentimentos e os provar em seus diversos sabores, cores e aromas, mesmo estando sujeito a ficar aprisionado nas amarras da emoção, da sedução e do prazer repetitivo e desafiador que a cada passo vislumbra um novo gozo.

Enfim, quando o artista mergulhar no universo da paixão, do sentimento e da emoção, estará disposto a esta espécie de loucura. Mas, nesse momento, passará a ser guiado pelo coração e não mais pela razão. Então, estará desnudo e apresentado a mais profunda inspiração, onde os conteúdos estarão desinpregnados de qualquer contaminação que não seja fruto do oceano interior. É nesse estágio que a verdadeira arte acontece. É esse o momento que se pode exprimir o inexprimível.