Os Atores
Surge no branco fosforescente, cheio de luz e de brilhos. É a semente dotada de toda vida que facetada por infinitos feixes, invade, elabora, cria e faz existir o cosmo, o tudo, o aqui, o agora e o ontem que já passou...
Tudo como numa peça de teatro, onde cada cena só pode ser vista quando as luzes da ribalta estiverem acessas, uma a uma, cada uma em seu tempo, com seu foco, e em seu momento...
Os atores são muitos e, a platéia, é ainda maior...
A luz que ilumina os atores é a mesma luz que os torna cegos, impedindo-os de ver a platéia...
A luz continua a iluminar e permitir que a vida possa existir. Em cada ato, em cada cena, em cada gesto, em cada performance, pois, sem a luminosidade, nada teria sentido... não haveria entendimento, diálogos, cenário, atores e nem platéia.... Ou melhor, todos estes estariam imersos em um imenso caos, indistinguível, sem peça, sem trama, sem enredo, sem palco localizado.
Neste palco, alguns vestem carapusas, máscaras e testas, outros, são atores de seu próprio papel de atuar, interpretam a sua própria interpretação, sem perceber que existe uma trama maior do que aquela que eles imaginam estar tramando.
As luzes piscam, giram, vão e voltam, mudando de cores e de intensidade. A chama maior que emana todas as chamas continua a iluminar.
A platéia continua a observar e a tentar compreender a peça. Busca compreender cada personagem, cada ação e cada reação, cada cena e cada trama.
Ao final, as luzes se apagam, as cortinas se fecham por alguns segundos, então, as luzes voltam a se acender, agora iluminando também a platéia. Os atores, perplexos, então percebem que estavam sendo observados. Eles percebem que são atores. A platéia aplaude, se emociona e entre lágrimas e sorrisos compreende então a essência de cada ser. A peça chega ao fim e as luzes permanecem. Prontas para iluminar outros atores, outras peças e outras tramas.