Gilberto Freyre e a política brasileira
Como escritor, Gilberto Freyre deixou um legado à cultura brasileira, o clássico, Casa Grande & Senzala; livro traduzido para vários idiomas e estudado nas principais universidades do mundo inteiro, levando o seu autor às honrarias. Condecorado e festejado, o título de cavalheiro do reino -- Sir - é apenas um exemplo "alegórico" das suas conquistas. Houve até quem afirmasse, que ao lado de aleijadinho, Gilberto Freyre, seria um dos poucos gênios surgido no continente latino americano.
O sociólogo - antropólogo também defendeu tese vitoriosa, como a que atribui ao indígena brasileiro influência na revolução francesa.De acordo com o mestre de Apipucos, o asseio, hábito comum ao nosso nativo , fora absorvido pela burguesia daquele país- França-, e isso gerou um novo comportamento aquela classe social, até entâo, à sombra da nobreza e da aristocracia, que a partir daí, passou a tomar posições mais audaciosas, e culminou na queda do " ancien régime".
No romance, criou obra delicada, como , Dona sinhá e o filho padre. Não muito compreendida em sua época: a questão religiosa causava polêmica.Tempo depois, Nilo Pereira, mostrava em um dos seus trabalhos, que a admiração de Gilberto Freyre pelo bispo de Olinda : Dom Vital , era inconteste.
Na vida pública, Gilberto Freyre, teve uma passagem, no mínimo, emocionante. Estácio Coimbra foi o seu mestre, até certo ponto, ressalvou o discípulo, que não se achava um virtuose, na arte política, na política, digamos convencional. Deputado federal, Gilberto Freyre, foi o autor do projeto que criava o instituto- hoje, Fundação- Joaquim Nabuco de pesquisas sociais, no ano do centenário de nascimento desse outro ilustre pernambucano, 1949. O objetivo: estudar e defender o homem do nordeste, em especial, o trabalhador rural e o pequeno lavrador. Não foi uma tarefa fácil. Gilberto Freyre encontrou muitos obstáculos, os próprios pernambucanos - alguns , evidentemente - foram seus adversários. Embora , na câmara, o projeto tenha sido aprovado sem maiores dificuldades, no senado , houve muitos problemas: empecilhos. Mesmo assim, Gilberto Freyre não perdeu o ânimo; a vontade de ajudar o povo sofrido de sua região, prevaleceu. E após muita luta, o projeto fora aprovado pelos senadores e sancionado pelo presidente Dutra. Enfim, seu sonho transformara-se em realidade. Parecia que tudo teria terminado bem , que as diferenças deram lugar a coerência e a tranqüilidade. Não foi bem assim, Gilberto Freyre, passaria por outro constrangimento: fora excluído das solenidades de inauguração do referido instituto. O governador do estado: Barbosa Lima Sobrinho, por essa atitude, foi acusado, por algumas pessoas, de ser "mesquinho". No entanto, na assembléia legislativa, onde estava sendo homenageado; Gilberto Freyre, discursou, dizendo que continuava a julgá-lo simplesmente fraco, porém pessoa distinta e simpática. Destacou que nunca o centenário de um Joaquim Nabuco poderia servir para separar pernambucanos de pernambucanos ou brasileiros de brasileiros ,mas, ao contrário uni-los no plano das aspirações e interesses suprapartidários do estado e da nação. Acredito, que com esse procedimento, Gilberto Freyre, fez bonito, na política-- na política brasileira.