Ensaio Sobre a Saudade

Curioso como somos ínfimos e frágeis frente à imensidão de suportar certas verdades, aquelas que por muitas vezes, não conseguimos admitir para nós mesmos, escondemos por debaixo dos panos, camuflamos com frases de autoafirmação, ou simplesmente tentamos atropelá-las com pensamentos sem sentido, depois de tudo, o que fica é a saudade, saudade do que foi, do que poderia ter sido, saudade daquilo que foi sentido, seja o que for, um cheiro, um sabor, um toque, de uma pele macia, ou de um lençol que nos cobria na tenra infância, saudade de um afago, de um sorriso, do timbre de uma voz, aquela, a única, que somente você conhece todas as suas nuances, ou talvez sinta falta de um momento, aquele breve espaço de tempo onde tudo fez sentido e você poderia permanecer ali, para sempre, somos como uma colcha de retalhos, feita de momentos de glória ou desolação, de pequenos e necessários prazeres, de gargalhadas gostosas, ou lágrimas de desilusão, carne exposta à putrefação, somos sobretudo aprendizes na vida que levam a saudade consigo, seja em altas ou baixas proporções, bagagem às vezes doce outrora amarga, depende do seu ponto de vista, mas inegavelmente vivida.

Vanessa Miranda
Enviado por Vanessa Miranda em 29/11/2015
Código do texto: T5464162
Classificação de conteúdo: seguro