Chico Mendes recebe Prêmio Sasakawa da ONU
O líder seringueiro Chico Mendes foi o primeiro brasileiro a receber o Prêmio Sasakawa – considerado o Nobel da Ecologia.
O Prêmio Sasakawa, o mais importante e valioso do mundo na área ambiental, é concedido anualmente pelo Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (PNUMA) e foi conferido ao seringueiro e ecologista Chico Mendes por sua intensa luta pela proteção da Amazônia.
Chico Mendes se tornou um ambientalista de renome mundial em meados dos anos 1980, despertando a opinião pública internacional ao liderar os seringueiros do interior do estado do Acre na luta contra fazendeiros e exploradores da floresta amazônica. Propôs inovações na reforma agrária e uso sustentável dos recursos naturais ao sugerir a criação das “Reservas Extrativistas”.
Sua luta contra grupos oligárquicos poderosos da região, infelizmente, ocasionou a sua morte, em 22 de dezembro de 1988. Contudo, seu legado continuou a ser reconhecido e admirado, reforçando a importância de seus esforços para proteger a floresta tropical brasileira.
A cerimônia de entrega da premiação ocorreu no dia 20 de junho de 1990, conduzida pelo Secretário de Meio Ambiente da Presidência da República, José Lutzenberger, e Presidente do IBAMA, Tânia Maria Tonelli Munhoz. O Auditório do IBAMA estava cheio de funcionários, além de inúmeros dirigentes de entidades ambientalistas, líderes sindicais, representantes da CUT, jornalistas e universitários.
Os 200 mil dólares do Prêmio Sasakawa foram divididos entre três entidades onde Chico Mendes tinha papel relevante: Conselho Nacional de Seringueiros (CNS) e Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Xapuri e Basiléia, no Acre. Esse valor foi usado para regularizar a Reserva Extrativista Chico Mendes, criada pelo presidente José Sarney através do Decreto nº 99.144, de 12 de março de 1990.
Os escolhidos para receber a premiação post-mortem em nome de Chico Mendes foram dois grandes companheiros que militaram durante anos ao seu lado. O vice-presidente do CNS Pedro Ramos de Basileia e o seringueiro Raimundo Barros de Xapuri estavam bastante emocionados e reforçaram o compromisso de levar adiante aquele trabalho de seu amigo e líder.
Durante o evento foi firmado um convênio entre o IBAMA, o CNS e o Instituto Estudos Amazônicos (IEA), presidido pela antropóloga Mary Alegretti – uma das amigas mais próximas de Chico Mendes.
O valor do convênio de Cr$ 5 milhões de Cruzeiros, provenientes da Taxa de Organização e Regulamentação do Mercado da Borracha (TORMB), foi utilizado para implementar o Programa Nacional de Reservas Extrativistas na Amazônia, beneficiando milhares de seringueiros e nativos que vivem da extração da borracha, coleta de castanha e outros produtos da floresta.
Hoje, é visível o resultado daquela semente plantada por Chico Mendes. Existem por todo país quase 100 Reservas Extrativistas federais e estaduais, que se tornaram referência no uso racional dos recursos naturais e valorização do modo de vida dos povos tradicionais.
Relembrar essa história contribui para manter vivo os ideais e sonhos daquele homem simples e cheio de virtudes que se dedicou intensamente para lutar pela proteção da Amazônia!!!
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Palmas - TO, Novembro de 2015.
Giovanni Salera Júnior
E-mail: salerajunior@yahoo.com.br
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