DADOS ENXUTOS SOBRE O AUTOR

Ao examinar e revisar os dados biográficos de autor, em obra coletiva, sempre procuro torná-los o mais enxuto possível para que não se desviem do objetivo maior: a obra poética ou prosaica a ser apresentada ao leitor. Ela tem de ser o alvo, o centro das preocupações. Há autores que nem dão atenção ao (seu) texto que sairá publicado na obra, somente exigem que haja, no mínimo, meia página com os seus dados e, muitas vezes, com informações irrelevantes sob o ângulo literário. Entendo que a apresentação do autor deve ser discreta, breve. O texto vale por si e revela o patamar em que se encontra o criador. Quanto mais enxutos os dados remetidos ao editor, melhor para o leitor. E este “abrir mão do egocentrismo” tem conotação e relação direta com a obra, especialmente em Poesia, que, em regra, no poema, tem de conter a devida concisão e ser o espelho da beleza estética contemporânea. A concisão é algo muito difícil de ser atingida. Um número expressivo de autores nem se dão conta, mas são fortemente prolixos na divulgação de seus dados de vida e obra, tal qual o que geralmente ocorre com os novos e novatos, em arte poética. A passagem do tempo doma a palavra quanto ao número de linhas gráficas, tanto no poema como nos dados pertinentes ao viver e seus registros. A singeleza nos dados pode vir a ser um bom elemento aferidor para o leitor saber em que patamar estético se encontra o autor do poema...

– Do livro OFICINA DO VERSO, 2015.

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