A POLÍTICA SOB A ÓTICA DA “ESCRITA POR LINHAS TORTAS”
Diz um dito popular que “ Deus escreve certo por linhas tortas”.
Esse dito ilustrativo da sabedoria popular é usado pela e para a observação de situações adversas da vida nas quais, num primeiro momento e até como sublimação das ocorrências que não aceitamos, ficamos a aguardar os desfechos dos acontecimentos de modo que, lá na frente, percebemos que a vida, toda ela tendo uma logística cinética perfeita, sempre nos mandará algum recado, nos fazendo deduzir que Deus nunca erra nos seus escritos ainda que só aparentemente tortos..
Em suma, “escrever por linha tortas” é como se Deus nos escrevesse os atos das páginas da vida a nos pedir calma, que respiremos fundo, que contemos até dez, vinte, trinta, que aguardemos o seu epílogo dos fatos, de modo a nos revelar seus desígnios ao nosso parco entendimento de filhos apequenados.
Entendo que nada ocorre ou deixa de acontecer por acaso e decerto que o tempo da Supremacia não é o tempo temporalizado do Homem.
Mas aqui a intenção do meu pensamento não é teológica e nem psicológica, filosófica quiçá, e pelo meu título, acredito que já deu para sentir que o que quero pensar e repensar são os contemporâneos escritos das nossa vida política, escritos algo passionais e conflituosos, que hoje reverberam seus impactos na vida social de forma algo nefasta.
Não vou chover no molhado do tudo que nos assola porque, além de ficar redundante algo que o mundo já sabe, frente à minha inquietação eu teria que obrigatoriamente enxugar gelo para pensar e repensar soluções possíveis ao nosso grande e atual impasse de que: somos reféns de nós mesmos.
Por dedução penso que tudo que precisaremos fazer para nos salvar do retrocesso acelerado repercurtirá sobre nós.
Não há milagre e não há como fugir das dores sociais implementadas num curto tempo com certa maestria, todas de natureza política e interna, as que nos atormentam em cada esquina da vida a nos evidenciar que fomos furtados inclusive na consciência, um de nossos maoires bens por direito natural.
Por analogia ao dito popular quero e preciso entender que os escritos atuais pelas "linhas pra lá de tortas" da política Nacional brasileira talvez nos sejam producentes a um futuro de melhor consciência e prosperidade, se entendermos que eles possam ter sido escritos nas linhas tortas de Deus.
Nunca o brasileiro falou e pensou tanto a política.
Política hoje é assunto de todas as rodas, até mesmo nas filas dos supermercados, assunto alavancado por pessoas de todas as classes sociais, indignadas com o alto preço da liquidação das bananas verdes, política, assunto que já pauta até mais que dois grandes assuntos da preferência nacional: a cerveja e o futebol.
No final da última eleição presidencial, que para nós foi uma aceitação da situação social que já vinha ladeira abaixo, vimos o resultado eleitoral dum país dividido pela vontade e pelo nível da consciência, parte meio obnubilada (pelo interesse intrínseco) e outra parte não.
Estávamos quase empatados entre quem sabia e quem fingia que não sabia.
A situação, a que inacreditavelmente foi ratificada pela reeleição, nos prometia que novo governo significaria novas ideias.
Nos palanques se fez belos poemas de sustentabilidade social, de dar inveja ao maior IDH do primeiro mundo em meio aos bastidores do Karma duma miséria holística crescente e avassaladora, drenada silenciosamente por todos os cantos.
O mundo ainda acreditava mas já abria seus olhos à megalomania de fachada cantada aos quatro ventos das mentiras e aos maus feitos que pipocavam ali e aqui, até a inauguração do maior lava- jato do mundo cuja sujeira e pestilência não desgrudam nunca da sociedade cronicamente parasitada por homens inescrupulosos.
Estamos socialmente tatuados pelas mãos sujas dos que ludibriaram a Nação.
Descobriríamos depois do pleito e da diplomação aquilo que já se sabia: o cenário doente, já na UTI da imoralidade, estava maquiado de “indisposição social passageira” já solucionada pelo crescimento dos pobres cada vez mais pobres...
O mundo sequer foi pego de surpresa e a casa vergonhosamente cairia com notoriedade mundial.
Pagamos fortunas de dinheiro público, via sucateamento de grandes estatais, sagradas colunas de sustentação econômica do país que bancaram propagandas milionárias para se montar um país de “faz- de- conta” , mas cujas contas já corriam deficitárias por bancarem todos os ductos.
Era a política escrita pelas linhas tortas das falcatruas.
Novo início do mandato que até hoje, depois de exatos nove meses sequer pariu um filho sob controle, com a devida eficiência à sociedade perante todas as demandas que urgem ; e não demoraria muito para que o Brasil todo fosse única consciência democrática surrupiada, agora de volta ,já que sua “ metade mais um” saíria dramaticamente acometida do seu “coma vigio”.
Não haveria mais recursos para bancar as fantasias...de se ser rico por completo.
A política escrita pelas linhas tortas não tardaria a dar os seus sinais de alívio a quem não ganharia a eleição por pouco, nos ensinando que nunca foi tão bom perder ; posto que hoje como cidadãos minimamente conectados à vida do país entendemos, às duras penas dos danos resultantes duma corrupção assustadora, que fosse quem fosse o vencedor do pleito e ainda que bem intencionado, sequer ele saberia por onde começar para dar conta da avalanche sócio- econômica que nos dizima em dor e em desesperança.
Pelas escritas linhas tortas da política descobriríamos o tudo social prioritário absolutamente fora das metas e do lugar, o tudo que nos levaram de soberania Nacional, o tudo que nos negligenciaram e o mais instigante: aprenderíamos que o perdedor sofreria seu sagrado livramento. Seria abençoado pelas linhas tortas de Deus.
Pelas escritas linhas tortas da política aprenderíamoss em campo cidadão e democrático que só mais tarde entenderíamos que o grande vencedor do pleito seria aquele que fora poupado de ter que assumir sem culpa a gerência master duma sociedade decadente em tudo, num ônus social sem solução a curto e a médio prazo, nem para quem opera milagres sociais com perdidas palavras ao vento do retrocesso tão doloroso.
Pelas escritas linhas tortas da política aprenderíamos que o “vencedor” seria o verdadeiro perdedor crônico e notório aos olhos do país e do mundo, castigado em causa própria por ter que dar respostas ao erros frutos das suas próprias linhas políticas tortíssimas escritas equivocadamente pelo tempo.
Pelas escritas linhas tortas da política aprenderíamos que vergonha pode ser castigo, todavia só incomoda aos seres sem senso do entorno pífio acostumados na cega e vaidosa entronização perpétua de si mesmos.
Pelas escritas linhas tortas da política remodelaríamos o dito popular de que , na verdade, "o pior cego é a quele que se nega a ver".
Assim, o Brasil que somos todos nós, aprenderíamos na dor pungente que também na política se escreve por linha tortas: tomaríamos lá na frente uma dolorida consciência a jato do tudo que hoje acontece no país através do funcionamento sofrido das poucas instituições democráticas, as que milagrosamente restaram frente ao rescaldo do terremoto político que nos assolou por caminhos tortuososos.
Caminhos nunca dantes visto nesse Brasil de tantas escritas linhas tortas, repleto de gente que não sabia de nada, que nunca fez nada porque não lhes era propósito o saber fazer.
Gente que escreveria uma triste História por linhas aéticas, insanas.
Portanto: Não é só Deus quem escreve por linhas tortas, a política também as escreve.
A diferença primordial é que Deus ama seus filhos leitores e sempre tem um “script” e um epílogo de lições bem mais nobres e aprazíveis para nos ilustrar a decência da vida.