Sobre um erro comum aos físicos e a muitos filósofos da ciência
Um erro comum aos físicos consiste em considerar a existência de propriedades tais como energia, massa, espaço, carga... como se essas coisas tivessem uma existência prévia e o papel do físico consistisse em relacionar e equacionar tais grandezas, erro ingênuo.
Mais propriamente, o papel do físico consiste em criar, em inventar propriedades como essas e atribuí-las ao mundo, relacionando-as, umas às outras em seguida.
Considero, assim, que tais conceitos tenham sido criados pelos cientistas, ou aperfeiçoados e definidos precisamente por eles.
Esse erro ingênuo tem uma consequência especialmente conservadora e nefasta por sugerir, sempre, que a ciência fundamental já foi descoberta, toda ela, no passado, restando agora apenas detalhes menores a serem compreendidos.
Pensando assim, acredita-se, por exemplo, que a microfísica já se encontra, basicamente, compreendida, tendo sido desvendada, fundamentalmente, durante a primeira metade do século XX, especialmente durante os anos 20 e 30, com o estabelecimento da mecânica quântica. Teria restado, segundo esse modo de ver, pouco mais a ser feito, nada comparável às grandes e surpreendentes descobertas de então. (Creio que nossa compreensão sobre a microfísica seja quase nula).
A visão pragmática, tecnologizante, característica do século XX solidificou a maneira instrumental de fazer ciência, ou melhor, substituiu a busca científica de conhecimento pelo desejo tecnológico, lucrativo, de controle da natureza.
Há uma nítida distinção entre ciência e tecnologia, a primeira busca a compreensão do mundo, a segunda seu domínio. A primeira tende a compartilhar seus frutos com toda a humanidade, a segunda tende a produzir patentes lucrativas apropriadas pelas grandes corporações.
Einstein, um grande cientista, um dos últimos dessa estirpe, reformulou por completo a visão do mundo material. Einstein revolucionou TODA a concepção que se tinha sobre o mundo material; nada, exceto os sonhos, permaneceu imune a sua reconceitualização, nada!
Vista sob a ótica instrumental, essa forma pobre e gananciosa de ver o mundo com o intuito de se apoderar das coisas, a teoria relativística de Einstein, no entanto, não passa de uma reformulação ligeira, válida apenas em uma macroescala gigantesca. Para um cientista, no entanto, a relatividade consistiu em uma revolução drástica, inigualada. A ciência não se coaduna com o capitalismo; o capital está sempre ávido por lucros, sua filha dileta é a tecnologia. A ciência anda à míngua há quase um século, desenvolvimentos tecnológicos usurparam seu posto. Fingem propiciar conhecimento, almejam lucro e poder.
A fronteira da miniaturização esbarrará brevemente com os limites quânticos e, suspeito, não se verá intimidada por eles. As concepções conservadoras, no entanto, os irracionalismos passionais, insistirão em manter a pose. Não permitirão, creio, que a superação desses limites lance dúvidas sobre a teoria, evitando assim abalos em suas fontes de financiamento.
3 pontos devem deixar os físicos atentos: a superação dos limites quânticos impostos pelo princípio de incerteza, as contradições entre a teoria quântica e a relativísticas expostas no EPR, e as reconstruções linguísticas orwellianas impeditivas de constatação das contradições inerentes ao conhecimento contemporâneo. Uma novilíngua quântica vem impedindo, por exemplo, a denúncia das contradições expostas pelo EPR. Interpretações tortuosas dos fatos apontados por Einstein vêm mantendo as aparências da teoria quântica.
A razão e a ciência se contrapõem ao poder, são as únicas forças capazes de se lhe opor. A substituição do conhecimento científico pelo tecnológico foi fruto desse embate. O financiamento aos irracionalismos retrógrados é consequência dessa luta. Grassa a confusão onde deveria reinar lucidez. Uma revolução iminente em todo o pensamento inundará com luzes os enclaves da irracionalidade.
Rompidas as barreiras quântica da miniaturização, será necessário desenvolver uma nova teoria. Novos conceitos serão criados, uma nova visão de mundo iluminará antigos fatos. Que se busquem alternativas racionais, as irracionalidades são sempre fáceis, mas fúteis e vãs, embora frequentemente lucrativas e maleáveis, moldáveis ao poder, seu grande trunfo.
Compreensão, entendimento. Não há nada de excepcional, extraordinário, na busca científica, exceto seus resultados. Sua justificativa, seu motor, é a mesma curiosidade que nos move e encanta desde a primeira infância. A glutoneria capitalista, a ânsia voraz e irrefreada pelos lucros é o maior entrave à ciência. Sua meta, cândida e simples, é apenas o conhecimento.