Para que servem as palavras?
Só há um ser neste mundo com a capacidade de pensar e de usar as palavras: o ser humano. Essa prerrogativa é nossa. No entanto, muitos indivíduos não usam bem as palavras. Usam-nas para mentir, roubar, furtar, enganar, maltratar, zombar, julgar, condenar, matar, ser infeliz. No mundo, há pessoas de todos os caracteres imagináveis e inimagináveis.
Há pessoas que diminuem a importância das palavras; são aquelas que as usam para fazer uma das coisas mencionadas acima, ou muitas. Essas pessoas não respeitam a si mesmas. Eu, porém, tenho um grande respeito por mim mesmo. Não uso uma palavra por acaso. Elas servem para a comunicação, para expressar o que há dentro de mim. Em mim, não há falsidade.
As minhas palavras não são apenas belas palavras. Eu tenho certeza de que as minhas palavras são belas. Sou muito grato a Deus pelo dom que ele me deu e pela oportunidade que eu tive e tenho de aprender a me expressar com clareza, elegância e beleza, quando eu quiser, tanto na fala quanto na escrita. Se for para uma multidão que eu deva me expressar, melhor eu me sinto e me sentirei. Atenção: Humildade é reconhecer a sua limitação, mas é ter também a capacidade de reconhecer o seu talento, suas qualidades, como li no livro “Amar... apesar de tudo”, de Jean-Yves Leloup, Encontro com Marie de Solemne. Segundo essa obra, quem se menospreza não é humilde. “Ser humilde é ser você mesmo”, diz o livro. Eu acrescento: ser humilde é não reconhecer-se mais nem menos do que se é; é não reconhecer-se mais nem menos do que ninguém. Mas a humildade é sempre um caminho; nunca um ponto estático; penso e defendo.
Sócrates e Platão defendiam o uso da retórica para o bem. Certa vez, eu participei de uma campanha política. Nos meus discursos, eu fazia questão de usar a minha retórica, ainda que eu não tenha usado tudo o que eu podia usar. Depois de alguns meses de administração, eu me retirei do grupo administrativo, pois eu reconheci que a realidade era muito diferente do conteúdo dos meus discursos. Eu não menti. No entanto, eu me retirei quando vi a impossibilidade de que o conteúdo dos meus discursos fosse colocado em prática; não só os meus discursos, mas, principalmente, as promessas de campanha. Não saí com ódio, nem com rancor; não alimento nada disso em mim, pois eu quero saúde interior, não apenas física; quero saúde integral. A política brasileira é muito limitada. Obs.: Apesar de ser crítico, eu amo (sem hipocrisia) todas as pessoas. Amar não é ser conivente com os erros de alguém, nem com os próprios erros; ser crítico não é ser insensível.
As palavras são muito importantes. Elas nos colocam em contato com as demais pessoas; elas nos tornam seres sociais. São elas a principal forma de comunicação entre os seres humanos. Por isso, devemos ter muito cuidado com as críticas e os elogios que fazemos; com tudo o que dizemos. Não devemos dizer o que não condiz com o que pensamos, sentimos ou acreditamos. Certa vez, a um amigo que lhe pedia que usasse “um pouquinho de astúcia e de uma linguagem diplomática”, Daniel Comboni respondeu: “Isso nunca. Eu sou sincero; não posso mentir. Elogio somente quem merece. Ou falo a verdade ou me calo” (Arriscar com Jesus, 1999). Magnífico!!! Exemplar!!! Um homem digno de confiança. Serve de exemplo. Bom exemplo!!! Eu, também, não minto. Se eu não puder falar a verdade, eu me calarei. Se eu não puder expressar o que penso e sinto, eu ficarei calado. Sendo assim, não devo nem posso mais voltar a defender nenhum grupo político, porque, na política partidária brasileira, infelizmente, as pessoas são levadas a mentir, ainda que eu não tenha mentido. O homem justo que entrar na política brasileira, se quiser permanecer justo, deve sair dela. Falo da política partidária. Todos os homens são políticos. Da política verdadeira (busca do bem comum) nenhum homem deve sair.
As minhas palavras jamais serão apenas palavras. As minhas palavras são retrato do meu ser. Jesus afirmou: “Se vocês plantarem uma árvore boa, o fruto dela será bom; mas se plantarem uma árvore má, também o fruto dela será mau, porque é pelo fruto que se conhece a árvore. Raça de cobras venenosas! Se vocês são maus, como podem dizer coisas boas? Pois a boca fala aquilo de que o coração está cheio” (Mateus 12, 33-34). Do versículo 36-37: “Eu digo a vocês: no dia do julgamento, todos devem prestar contas de cada palavra inútil que tiverem falado. Porque você será justificado por suas próprias palavras, e será condenado por suas próprias palavras”.
As minhas palavras servem para expressar o que eu penso, sinto, acredito, defendo e sou. As minhas palavras são retrato do meu ser. As minhas palavras dizem exatamente o que eu quero dizer. Elas me obedecem.