Sobre ódios e monstruosidades
Temos inúmeros problemas no Brasil. O mais monstruoso deles, acredito, são as torturas e assassinatos cometidos cotidianamente e com absoluta naturalidade pelo estado. Decididos a erradicar o problema, seria simples fazê-lo, mas compactuamos com essa monstruosidade.
A prática sumamente covarde de torturar até a morte os feridos a caminho do hospital é corriqueira, a ponto de ter sido proibida por lei, em SP, a “ajuda” dos policiais aos feridos, reduzindo com isso o contingente de assassinatos perpetrados pela polícia.
Chacinas cruéis são defendidas e louvadas publicamente. O governador pode enaltecer descaradamente os artilheiros, enquanto o secretário de segurança ameaça os que denunciam o massacre.
Decididos que estivéssemos a por um fim nessa monstruosidade, e o faríamos rapidamente. Mas, juízes e promotores fecham os olhos ante as chacinas mais grotescas. Calam-se, aprovando o genocídio com sua inação. Secretarias de segurança não punem os assassinos, os promovem. A decisão de punir os assassinatos cometidos pelo estado é urgente.
Policiais extasiam-se sadicamente ao arrastar uma mulher pelas ruas da cidade, moendo-a no asfalto às vistas de todos.
A alegação de “passagem pela polícia” é suficiente para justificar assassinatos, nem crianças são poupadas.
A petulância do menino que ingenuamente não se submete ao policial é punida com a morte, como se a criança da favela fosse uma barata.
Tem-se como natural o desencadeamento de assassinatos cometidos a esmo, embora a título de vingança, em zonas pobres.
E nos calamos, todos nós.
Os meios de comunicação aplaudem os assassinos, induzindo-nos a também aplaudir os monstros bizarros, quase igualando-nos a eles.
Olhemos para nós ao justificar a monstruosidade dos assassinatos, dos massacres; veja no que nos tornamos.
Olhem para nós, somos monstros!