Conexões
Se colocarmos a mão no fogo nos queimaremos; certas conexões causais são bastante óbvias. Outras não são óbvias.
O enigmático “efeito borboleta” pode ser compreendido assim. Usualmente, quando alteramos uma causa, alteramos, proporcionalmente, sua consequência. Eventualmente, no entanto, pequenas alterações na causa podem ser amplificadas, ocasionando consequências inesperadas, muito maiores que a original. Vejamos.
Imaginemos uma formiga buscando alimento quando um galho de árvore cai interceptando seu caminho. Consideremos que ela tenha duas alternativas equivalentes; seguir por um lado, ou por outro. Se ela segue por um lado, nada especial acontece, e a queda do galho se dissipa sem que faça qualquer diferença, no futuro, que o galho tenha caído, ou não; tudo acabará ocorrendo do mesmo modo. A maioria dos fenômenos é desse tipo, acabando por desvanecer com o tempo, sendo irrelevante ter acontecido. Se a formiga segue pelo outro lado, no entanto, ela será interceptada por uma criancinha e a picará. A picada causará o choro da criança apressando, por isso, o fim do piquenique e o retorno da mãe para casa, chegando lá intempestivamente e se deparando com situação incômoda que altera toda a sua vida e o futuro de seus filhos. Uma das crianças, tendo crescido em outra cidade, acaba conhecendo um grande professor que a encaminha para determinada área de estudo, na qual acaba por fazer uma grande descoberta tecnológica que afeta todo o planeta.
A sucessão de fatos acima não é implausível, e sempre que retrocedermos de algum evento desse tipo, uma ação humana com consequências drásticas, encontraremos inúmeros detalhes aparentemente irrelevantes, como a opção da formiga, que, caso houvessem sido alterados, teriam ocasionado alterações drásticas no futuro.