O chamado
Na esquina a Morte, querendo antecipar os meus dias, me espera. Quer ceifar meus sonhos e esperanças, em troca promete-me uma vida eternal. Reluto em atendê-la, vou driblando as suas intenções, e fingindo compreendê-la, vou tardando a minha ida.
E assim, vão passando os dias, ela me chamando, eu não atendendo. Que ela aprenda a viver com minha rebeldia, pois se tão moço sou, não convém atendê-la. Que procure outro, lançando mão dos seus estratagemas.
Quantos desesperançados da vida não há? Estes, ela pode levar: mas a mim, que gosta de sorrir, namorar, curtir as coisas boas, não.
Apenas nestas circunstâncias que me deixarei levar: quando meu coração deixar de amar o semelhante, fenecer o sorriso nos meus lábios e deixar de admirar a pureza e inocência das crianças. Pois, quando estas coisas começarem a acontecer, começa o triunfo da morte.