RIGOLETTO, Verdi -
Óperas, guia para iniciantes- Ensaio completo
Óperas, guia para iniciantes- Ensaio completo
Autoria – Verdi (Giuseppe Fortunino Francesco – 1813-1901 – Itália)
Libreto – Francesco Maria Piave.
Personagens:
Duque de Mântua – poderoso Senhor Feudal, conhecido pela devassidão. Interpretado por um Tenor.
Rigoletto – Bufão de sua corte. Interpretado por um Barítono.
Gilda– filha de Rigoletto. Interpretada por uma Soprano.
Sparafucile – famoso e cruel bandoleiro da região. Interpretado por um Baixo.
Maddalena – irmã de Sparafucile. Interpretada por uma Mezzo Soprano.
Giovanna – aia de Gilda. Interpretada por uma Soprano.
Conde Monterone – interpretado por um Baixo.
Cavaliere Marullo – interpretado por um Barítono.
Matteo Borsa – interpretado por um Tenor.
Conde Ceprano – interpretado por um Barítono.
Condessa Ceprano – interpretada por uma Soprano.
Época e local
Mântua, Itália, meados do século XVI.
Enredo
O primeiro ato da peça é encenado na réplica de um dos salões de festas do suntuoso castelo do poderoso duque de Mântua.
Em meio a grande festa que acontece, o duque exercita a sua proverbial arrogância e devassidão ao conversar animadamente com Matteo Borsa, um de seus servis cortesãos.
Falam acerca do desejo que o duque vem sentindo, há cerca de três meses, por uma jovem que avista semanalmente na igreja.
Pouco sabe da mesma, mas foi informado de que um homem visita a sua casa todas as noites e a existência desse suposto “rival” aumenta ainda mais a sua vontade de conquista; pois, além do prazer que a jovem possa lhe proporcionar, ele terá, também, a satisfação de ter suplantado o outro homem.
São metas e objetivos sórdidos e típicos de seu deformado senso ético e moral.
Em certo momento, Matteo chama a sua atenção para um grupo de moças que caminha em direção de ambos.
- São belas, belíssimas (!) diz o duque; mas, fazendo jus a sua fama de devasso, completa: nenhuma delas se compara à beleza da condessa de Ceprano, aludindo à esposa do conde que, teoricamente, seria seu amigo.
Depois, zombeteiro, diz ao servil Matteo que todas as mulheres lhe interessam, já que para ele nada as diferencia, sendo todas, apenas objetos para o seu prazer: “esta ou aquela para mim se equivalem a tantas outras que vivem ao meu redor”. E para arrematar a sua exibição de petulância, entoa a ária “Questa o Quela”, na qual reafirma o seu desprezo pelo gênero feminino.
Pouco depois, ele encontra o casal Ceprano e sem se incomodar com o fato de a condessa estar acompanhada por seu marido, faz-lhe uma série de galanteios vulgares, despertando a fúria e o ciúme do conde, que só a muita custa consegue refrear a vontade de atacar-lhe.
E para aumentar o mal-estar, o bufão Rigoletto ridiculariza em altos brados o marido ofendido, rindo de sua impotência e de sua incapacidade de defender a esposa daquele vexatório assédio.
Em verdade, essas zombarias de Rigoletto são rotineiras e acabam sendo uma “maldade complementar” à do duque, o qual se sente satisfeito por causar tais constrangimentos adicionais, vindo, daí, o seu apreço pelo bobo de sua corte.
Inexistem cortesões, militares, regentes, nobres etc. que não tenham sofrido com as suas zombarias, ironias, cinismos, acintes e difamações. Um conjunto de práticas tão odioso, sempre com o beneplácito do duque, que o resultado foi um acúmulo de ódio e de ressentimento por parte dos atingidos; e de gaudio para o depravado Senhor, que se sentindo protagonista das histórias e anedotas que o bufão inventa, aumenta e reconta cada qual como se fossem proezas maravilhosas.
Assim, quase todos já não conseguem suportar mais aquelas maldades e, por isso, a notícia trazida por Marullo de que Rigoletto teria uma amante oculta, leva-os a pensar em raptá-la e entregar ao Duque de Mântua que a seduziria ou violentaria, causando a mesma mágoa no bufão.
Seria a vingança perfeita. Rigoletto sentiria, então, o mesmo ciúme, a mesma amargura e veria o quanto são dolorosos os momentos que eles são obrigados a suportar em função dos caprichos do duque e de suas injúrias.
Contudo, antes de terem tempo hábil para trabalharem no planejamento da ação, a chegada intempestiva do Conde Monterone interrompe-os.
Possesso, o velho nobre interpela o maldoso duque aos gritos, exigindo explicações e desculpas pelo seu comportamento indecente com a sua filha, ocorrido há pouco.
Insolente e desafiador, o Senhor de Mântua permanece em irritante silêncio, mas Rigoletto não perde a chance de tripudiar sobre a dor do idoso homem, que, ciente de que a sua indignação não irá além daquela explosão de cólera, dá as costas ao duque e amaldiçoa o bufão com a seguinte invectiva: “E tu que ri da dor de um pai, sê maldito!”.
Após lançar a aziaga predição, os guardas agarram-no com violência e o arrastam para fora do Palácio. Porém a sua expulsão não areja o ambiente e é esse clima pesado que encerra a primeira cena.
A segunda cena tem como cenário a representação de uma noite escura, num distante bairro de Mântua, nas vizinhanças do castelo do conde Ceprano.
Trajando um casaco pesado, Rigoletto caminha em uma rua escura e deserta, ainda preocupado com a maldição que lhe foi lançada. E tal é o seu temor que nem percebe que está verbalizando aquela sensação tenebrosa e, tampouco, que há poucos passos está sendo seguido pelo temível facínora Sparafucile, que ao ouvir os seus lamentos, aproxima-se e lhe oferece os serviços de um assassino profissional.
Todavia, aquela oferta é demasiada até mesmo para alguém tão sem honra quanto Rigoletto, que a recusa com repugnância.
Todavia, apesar da repugnância, o bufão sabe que a sua deformidade moral não é tão diferente da do assassino Sparafucile e ao entoar a ária “Pari Siamo (somos iguais)” ele confessa essa nefasta similaridade.
Pouco depois, ainda se lamentando por sua torpeza e pela maldição que lhe pespegou o velho conde, ele chega à sua casa e, então, o seu estado de espírito muda completamente. Tudo se modifica em seu ânimo e é com muita afetuosidade que ele recebe os carinhosos beijos e abraços de Gilda, sua filha, a quem ama mais que a qualquer um.
Há entre ambos um relacionamento sincero e repleto de amor paternal e respeito e afeto filial, mesmo quando ela pede explicações sobre a sua origem, ao entoar com ele o célebre Dueto relativo ao tema e tem como resposta, apenas uma narrativa parcial. Nas palavras do bufão: “não fale ao arruinado sobre os seus antigos haveres... Foi por pena de sua solidão, de sua deformidade e de sua pobreza que (ela) o amou... mas, depois de sua morte, apenas ela, Gilda, sua filha amada lhe sobrou”.
E, de fato, o amor que ele tem pela garota é puro, casto e verdadeiro, sendo, por isso, o seu maior pesadelo a hipótese de que algum dia os vários inimigos que fez com suas infâmias, levem-na de si e lhe façam alguma maldade.
Um temor tão agudo que sempre o leva a recomendar exaustivamente a Giovanna, a aia, que mantenha sempre uma cuidadosa atenção para impedir que estranhos adentrem à casa.
Contudo, uma armadilha já se prepara contra o seu tesouro, pois o Duque de Mântua, disfarçado como um estudante pobre está à espreita para falar com a jovem, após ter subornado Giovanna.
Assim, tão logo ele sai o duque, com o pseudônimo de Gualtier Maldé, adentra a residência e se declara à Gilda, despertando-lhe o interesse e conquistando a sua afeição.
Dessa sorte, após o breve e alegre diálogo entre ambos, ela se põe a divagar sobre a bela figura, sobre a vivacidade e sobre a inteligência e gentileza do recém conhecido. Convencida de que a paixão a encontrou pela primeira vez, sem qualquer censura racional, diz em alta voz: “Caro nome que fizeste pela primeira vez o meu coração palpitar”.
A isca lançada pelo duque predador aprisionou o ingênuo passarinho.
Enquanto isso, os vassalos Borsa, Ceprano e Marullo preparam-se para sequestrarem a suposta amante de Rigoletto e entregarem-na à licenciosidade do Senhor de Mântua, cujas prováveis malfeitorias servirão como justa e dura lição para o boquirroto e infame “Bobo da Corte”.
Porém, naquele momento, o plano tem de ser interrompido, já que Rigoletto está voltando inesperadamente a sua casa e os avista, sem identificá-los, entre as sombras que escurecem a cena.
É um momento difícil para o trio, mas como eles estão mascarados, Rigoletto não os reconhece. Improvisando, eles dizem que estão ali para sequestrarem a Condessa Ceprano, sua vizinha.
Rigoletto imagina que assim procedem a mando do Duque e a sua inclinação ao mal e ao servilismo logo o faz manifestar o seu desejo de juntar-se ao bando. Em seguida, pede para também usar uma máscara, como fazem os demais.
Marullo se prontifica em mascarar-lhe, mas ao fazê-lo aproveita para vendá-lo completamente, sem que o Bobo perceba que a total escuridão não se deve apenas à máscara.
Assim, incautamente, ele não se dá conta de que os companheiros estão invadindo a sua própria residência para raptar a sua filha amada. Apenas quando eles já vão longe é que reconhece a voz de sua Gilda e se conscientiza do terrível rapto que ele ajudou a realizar.
Foi-se a sua joia mais preciosa e só lhe resta praguejar: “Ah, la maledizione”.
É o fim do primeiro ato.
§§§
O segundo ato tem como cenário um dos luxuosos salões do Palácio ducal.
Após o episódio do rapto. O Senhor de Mântua voltou à casa de Gilda e ficou sabendo que ela fora raptada. Esse infausto acontecimento atinge os seus sentimentos, causando-lhe uma sincera tristeza, expressa na sofrida ária, “Ella mi fu rapita” que entoa.
Enquanto isso, Marullo, Ceprano, Borsa e outros entram em cena e rindo sarcasticamente contam-lhe que raptaram a “amante” do bufão e que ela está no castelo à sua disposição.
O Duque esquece a tristeza e sem conseguir disfarçar a sua alegria, vai imediatamente ao encontro da jovem.
Para os cortesões que foram ultrajados e tripudiados por Rigoletto, agora é o momento da doce vingança. Chegou a sua vez de experimentar o gosto amargo da humilhação, do ciúme, da dor e da impotência.
Mas enquanto eles saboreiam esse “delicioso prato frio”, eis que Rigoletto se junta a eles. Há um silencio constrangedor e o bufão busca aparentar despreocupação, pois, primeiro, quer ter a certeza de que a sua amada filha está no castelo.
Nisso, um pajem chega à procura do duque dizendo que a duquesa quer vê-lo naquele mesmo instante. Porém, a sua insistência em nada resulta, já que os áulicos vassalos, entre risos maliciosos e irônicos, despacham-no dizendo que: “no momento o duque não pode parar o que está fazendo”.
O tom de voz empregado e a maldade embutida naquela resposta apunhalam o coração paterno de Rigoletto, pois, então, ele passa a ter certeza de que a sua querida Gilda está sendo abusada pelo pervertido nobre.
Contudo, ainda que lhe tenha causado tanta dor, aquelas palavras também confirmaram a presença de sua filha em um local que lhe é acessível e que isso pode lhe dar a chance de salvá-la.
Desesperado, corre até o aposento onde presume que ela esteja, enquanto entoa a belíssima ária “Cortigiani, vil, razza dannata!”. Em seguida, volta e brada todo o seu ódio perguntando aos “áulicos bajuladores” a que preço eles venderam a honra de sua filha?
- Como? Filha? Sua filha?
O espanto é geral.
- Mas Gilda não era a sua amante?
Então, Rigoletto troca a fúria pela súplica e implora que eles a devolvam. Com isso conquista a imediata compaixão de todos, haja vista que para eles é bem diferente o amor por uma filha, que o amor que se sente por uma amante. Há até certo remorso entre os raptores e os que os ajudaram.
Nisso, Gilda aparece e se abraça ao pai, que, então, suspira aliviado. Sente-se como quem voltou a enxergar alguma luz em meio a mais completa escuridão. E se permite rir, um riso bem diferente do que dava ao praticar as suas infâmias diárias.
Gilda, todavia, não acompanha a felicidade do pai. Ao contrário, tem os olhos marejados e uma grande tristeza no semblante.
Rigoletto percebe o estado da filha e atende ao pedido da mesma para lhe falar em particular.
Os outros se afastam e através da sentida ária “Tutte le feste al tempio” ela lhe conta de sua paixão pelo “estudante pobre” Gualtier Maldé, que a tornou mulher, e que acabou de saber é o duque de Mântua,
Nesse instante, sob escolta, passa por eles o conde Monterone, cuja filha também fora abusada pelo duque, que aponta para o retrato do Senhor de Mântua e diz lamentar que aquele crápula continuasse vivo e feliz, a despeito da maldição que ele lhe rogou.
Agora Rigoletto pôde compreender toda a dor do velho nobre e ao invés de tripudiar sobre ele, como fez no primeiro ato, solidariza-se com o seu desejo de vingança.
E tão intensa se mostra a sua ira e tão firme a sua disposição, que Gilda passa a temer pelo Duque e a implorar ao pai que não lhe faça mal, pois, apesar de tudo, ele é o homem que ela ama.
Mas Rigoletto sequer lhe escuta e o seu discurso exprime a obsessão que lhe vai à alma: “Vendetta, tremenda vendetta!”.
É o fim do segundo ato.
Após o episódio do rapto. O Senhor de Mântua voltou à casa de Gilda e ficou sabendo que ela fora raptada. Esse infausto acontecimento atinge os seus sentimentos, causando-lhe uma sincera tristeza, expressa na sofrida ária, “Ella mi fu rapita” que entoa.
Enquanto isso, Marullo, Ceprano, Borsa e outros entram em cena e rindo sarcasticamente contam-lhe que raptaram a “amante” do bufão e que ela está no castelo à sua disposição.
O Duque esquece a tristeza e sem conseguir disfarçar a sua alegria, vai imediatamente ao encontro da jovem.
Para os cortesões que foram ultrajados e tripudiados por Rigoletto, agora é o momento da doce vingança. Chegou a sua vez de experimentar o gosto amargo da humilhação, do ciúme, da dor e da impotência.
Mas enquanto eles saboreiam esse “delicioso prato frio”, eis que Rigoletto se junta a eles. Há um silencio constrangedor e o bufão busca aparentar despreocupação, pois, primeiro, quer ter a certeza de que a sua amada filha está no castelo.
Nisso, um pajem chega à procura do duque dizendo que a duquesa quer vê-lo naquele mesmo instante. Porém, a sua insistência em nada resulta, já que os áulicos vassalos, entre risos maliciosos e irônicos, despacham-no dizendo que: “no momento o duque não pode parar o que está fazendo”.
O tom de voz empregado e a maldade embutida naquela resposta apunhalam o coração paterno de Rigoletto, pois, então, ele passa a ter certeza de que a sua querida Gilda está sendo abusada pelo pervertido nobre.
Contudo, ainda que lhe tenha causado tanta dor, aquelas palavras também confirmaram a presença de sua filha em um local que lhe é acessível e que isso pode lhe dar a chance de salvá-la.
Desesperado, corre até o aposento onde presume que ela esteja, enquanto entoa a belíssima ária “Cortigiani, vil, razza dannata!”. Em seguida, volta e brada todo o seu ódio perguntando aos “áulicos bajuladores” a que preço eles venderam a honra de sua filha?
- Como? Filha? Sua filha?
O espanto é geral.
- Mas Gilda não era a sua amante?
Então, Rigoletto troca a fúria pela súplica e implora que eles a devolvam. Com isso conquista a imediata compaixão de todos, haja vista que para eles é bem diferente o amor por uma filha, que o amor que se sente por uma amante. Há até certo remorso entre os raptores e os que os ajudaram.
Nisso, Gilda aparece e se abraça ao pai, que, então, suspira aliviado. Sente-se como quem voltou a enxergar alguma luz em meio a mais completa escuridão. E se permite rir, um riso bem diferente do que dava ao praticar as suas infâmias diárias.
Gilda, todavia, não acompanha a felicidade do pai. Ao contrário, tem os olhos marejados e uma grande tristeza no semblante.
Rigoletto percebe o estado da filha e atende ao pedido da mesma para lhe falar em particular.
Os outros se afastam e através da sentida ária “Tutte le feste al tempio” ela lhe conta de sua paixão pelo “estudante pobre” Gualtier Maldé, que a tornou mulher, e que acabou de saber é o duque de Mântua,
Nesse instante, sob escolta, passa por eles o conde Monterone, cuja filha também fora abusada pelo duque, que aponta para o retrato do Senhor de Mântua e diz lamentar que aquele crápula continuasse vivo e feliz, a despeito da maldição que ele lhe rogou.
Agora Rigoletto pôde compreender toda a dor do velho nobre e ao invés de tripudiar sobre ele, como fez no primeiro ato, solidariza-se com o seu desejo de vingança.
E tão intensa se mostra a sua ira e tão firme a sua disposição, que Gilda passa a temer pelo Duque e a implorar ao pai que não lhe faça mal, pois, apesar de tudo, ele é o homem que ela ama.
Mas Rigoletto sequer lhe escuta e o seu discurso exprime a obsessão que lhe vai à alma: “Vendetta, tremenda vendetta!”.
É o fim do segundo ato.
§§§
O terceiro ato começa sendo encenado na reprodução de uma pobre estalagem situada às margens do rio Míncio. A baixa iluminação da cena indica ser noite.
Sentado em uma mesa está o facínora Sparafucile. A caminho da mesma estão Gilda e Rigoletto, que pretende mostrar-lhe o quão volúvel é o seu amado.
Logo depois, nos jardins da hospedaria veem-no chegando com um fardamento militar de baixa patente. Ali veio para ter um encontro amoroso com Maddalena, a irmã do assassino Sparafucile.
Seus modos são arrogantes, presunçosos e enquanto aguarda a mulher, entoa a ária que se tornou uma das mais conhecidas em todo mundo, “La Donna é Móbile*”, cuja temática é a suposta volubilidade do gênero feminino.
Em verdade, volúvel e pervertido é ele mesmo, mas a sociedade machista da época (será diferente hoje?) não lhe debitava a mesma culpa que às mulheres mais ativas.
Ao fim da ária Maddalena desce de seu quarto para o encontro e, nisso, o seu mano, Sparafucile vai ao jardim para confirmar com Rigoletto a ordem para matar o duque e receber o seu pagamento.
Nesse momento inicia-se outro belíssimo momento musical com um belo Quarteto, no qual o Duque entoa “Bella Figlia Dell´Amore” para cortejar a nova conquista; Rigoletto demonstra para a filha o péssimo caráter de seu amado e ela canta a sua mágoa e decepção; enquanto Maddalena pede que o irmão poupe o duque, já que ele lhe interessa, e mate em seu lugar o primeiro hóspede que chegar à estalagem após a meia-noite, entregando o cadáver, envolto em grossas mantas, ao bufão, que de nada desconfiará.
Pouco depois, Rigoletto e Gilda preparam-se para partir, mas, alegando outros pretextos, Gilda não volta para a casa e camuflada retorna à estalagem, pois desconfia do risco que o Duque corre. E, de fato, tão logo chega ouve o que os irmãos facínoras estão tramando e decide sacrificar-se em prol de seu amor.
Assim, pouco antes da meia-noite e da tempestade aumentar, bate à porta do hotel e solicita hospedagem. Então, sem vacilar, Sparafucile a mata instantaneamente.
Momentos depois, a tempestade cessa e Rigoletto volta à hospedaria para cobrar o corpo do morto. Sparafucile entrega-lhe um defunto rigidamente embrulhado e o bufão, eufórico, celebra a concretização de sua vingança.
Uma tétrica comemoração que se prolonga até que ele sente ter chegado o momento de se desfazer do corpo, jogando-o no rio.
Célere, caminha em direção ao local apropriado, mas, então, ouve ao longe a voz do odiado Duque. Apurando o ouvido, torna a escutá-lo, mas ainda quer acreditar que é apenas a sua imaginação pregando-lhe uma peça. Porém, uma terceira vez, aumenta-lhe a suspeita que já se insinuara em seu peito e sem poder resistir por mais tempo, abre a mortalha e vê horrorizado que em vez do detestado Senhor, é a sua adorada filha, Gilda, que ali está agonizando, prestes a exalar o último suspiro.
Fora de si, insano de dor e de desespero, ele tenta salvá-la, mas os seus esforços são inúteis, pois a pouca vida que resta à jovem ela usa para lhe suplicar que perdoe o seu amado duque de Mântua.
E quando ela fecha os olhos para sempre, só lhe resta bradar lamentosamente: “Ah! La Maledizione...”.
É o fim da Ópera.
Seus modos são arrogantes, presunçosos e enquanto aguarda a mulher, entoa a ária que se tornou uma das mais conhecidas em todo mundo, “La Donna é Móbile*”, cuja temática é a suposta volubilidade do gênero feminino.
Em verdade, volúvel e pervertido é ele mesmo, mas a sociedade machista da época (será diferente hoje?) não lhe debitava a mesma culpa que às mulheres mais ativas.
Ao fim da ária Maddalena desce de seu quarto para o encontro e, nisso, o seu mano, Sparafucile vai ao jardim para confirmar com Rigoletto a ordem para matar o duque e receber o seu pagamento.
Nesse momento inicia-se outro belíssimo momento musical com um belo Quarteto, no qual o Duque entoa “Bella Figlia Dell´Amore” para cortejar a nova conquista; Rigoletto demonstra para a filha o péssimo caráter de seu amado e ela canta a sua mágoa e decepção; enquanto Maddalena pede que o irmão poupe o duque, já que ele lhe interessa, e mate em seu lugar o primeiro hóspede que chegar à estalagem após a meia-noite, entregando o cadáver, envolto em grossas mantas, ao bufão, que de nada desconfiará.
Pouco depois, Rigoletto e Gilda preparam-se para partir, mas, alegando outros pretextos, Gilda não volta para a casa e camuflada retorna à estalagem, pois desconfia do risco que o Duque corre. E, de fato, tão logo chega ouve o que os irmãos facínoras estão tramando e decide sacrificar-se em prol de seu amor.
Assim, pouco antes da meia-noite e da tempestade aumentar, bate à porta do hotel e solicita hospedagem. Então, sem vacilar, Sparafucile a mata instantaneamente.
Momentos depois, a tempestade cessa e Rigoletto volta à hospedaria para cobrar o corpo do morto. Sparafucile entrega-lhe um defunto rigidamente embrulhado e o bufão, eufórico, celebra a concretização de sua vingança.
Uma tétrica comemoração que se prolonga até que ele sente ter chegado o momento de se desfazer do corpo, jogando-o no rio.
Célere, caminha em direção ao local apropriado, mas, então, ouve ao longe a voz do odiado Duque. Apurando o ouvido, torna a escutá-lo, mas ainda quer acreditar que é apenas a sua imaginação pregando-lhe uma peça. Porém, uma terceira vez, aumenta-lhe a suspeita que já se insinuara em seu peito e sem poder resistir por mais tempo, abre a mortalha e vê horrorizado que em vez do detestado Senhor, é a sua adorada filha, Gilda, que ali está agonizando, prestes a exalar o último suspiro.
Fora de si, insano de dor e de desespero, ele tenta salvá-la, mas os seus esforços são inúteis, pois a pouca vida que resta à jovem ela usa para lhe suplicar que perdoe o seu amado duque de Mântua.
E quando ela fecha os olhos para sempre, só lhe resta bradar lamentosamente: “Ah! La Maledizione...”.
É o fim da Ópera.
Histórico
Para escrever “Rigoletto”, o libretista Francesco Piave baseou-se numa obra do grande escritor francês Victor Hugo, intitulada de “O Rei se diverte”.
Obra, aliás, que não foi criada apenas pela prodigiosa imaginação do mestre francês, tratando-se, em verdade, de uma ácida crítica aos depravados hábitos de nobres e, especialmente, do monarca austríaco Francisco I e do bufão de sua corte, Triboulet, dono de uma personalidade complexa, na qual convivia a crueldade, a devassidão e, paradoxalmente, alguns sentimentos mais elevados.
Porém, quando a Ópera foi composta, a Itália estava sob o domínio austríaco e os censores de Viena proibiram que um representante de sua Casa Real fosse reratado com aqueles atributos negativos.
Sem se abalarem, Verdi e Piave fizeram as alterações necessárias, passando a chamar a sofrida Blanchet de Gilda, o rei Francisco de Duque de Mântua e Triboulet de Rigoletto.
Com isso, a Ópera foi liberada e desde a sua estreia o êxito foi absoluto. Para vários Críticos e diletantes é a mais perfeita expressão da “Grande Arte”.
Nota do Autor – para muitos Críticos essa ária é a que melhor representa o gênero operístico; e graças à interpretação de grandes cantores, especialmente o Tenor italiano Pavarotti, ela atingiu a máxima repercussão junto ao grande público: “A mulher é volúvel qual pluma ao vento, transforma a fala e o pensamento: o rosto sempre amável e gracioso – esteja em lágrimas ou riso – é mentiroso...”.
São Paulo, 04 de agosto de 2015.
Produção e divulgação de Vera Lucia M.Teragosa
Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, inverno de 2015.