Há quem ao escrever afirme: "as pessoas isso", ou "as pessoas aquilo". Quem são essas referidas pessoas? Onde elas estão? Elas foram entrevistadas para dizerem o que pensam, o que sentem, o que  vivem, no que acreditam, o que buscam, quais suas dificuldades, quais seus prazeres? Parece-me que, quem escreve de certa maneira assume que todas as pessoas isso, ou que  todas as pessoas aquilo.
Eu, ao escrever, procuro limitar,  quando percebo que uma maioria age de tal maneira, eu as menciono como, 'algumas pessoas' isso, ou 'algumas pessoas' aquilo.
Tenho observado alguns escritos  mencionando que a vida acontece no hoje. Evidentemente, que isto é um fato. Os autores que escrevem  isto, deixam subentendido  que ‘as pessoas' (todas) não notam que a vida acontece no hoje e por isto, elas vivem para o trabalho, esquecendo de olharem ao redor, por somente pensarem em dinheiro, e em bens materiais.
Será mesmo que é desse modo que as coisas acontecem?
Eu acredito que todos, sem exceção, gostariam de trabalhar naquilo que gostam, durante poucas horas do dia, gostariam de fazer boas refeições, de terem dinheiro para pagar o lugar que habitam, ter dinheiro o suficiente para colocarem os filhos em boas escolas, dinheiro para fazer as viagens anuais sozinhos, ou com suas família – nas férias, obviamente – dinheiro para investirem na educação continuada para si mesmos, ou para aqueles que amam, dinheiro para empregarem em boas roupas (não necessariamente roupas de grife, mas aquelas roupas adequadas que protegem nas diferentes temperaturas das estações), dinheiro para comprar bons aparelhos tecnológicos, comprar bons livros, dinheiro no bolso para encontrar os amigos e pagar sua conta, dinheiro para lazer, como o teatro, o cinema, os shows, os eventos, as palestras, as visitas aos museus e as bibliotecas (pelo menos o dinheiro da condução, o sujeito deve ter), e uma outra série de coisinhas que são pessoais e individuais. Se o sujeito não for mágico, ele vai precisar trabalhar muito para poder aproveitar a vida linda de viver, tanto a vida intelectual,   a vida prazerosa, a vida das contas para pagar em dia, a vida da responsabilidade com a família, e mais todas as vidas que se juntam, numa única vida. Há muitas versatilidades dentro de uma única vida. A vida é plural.
Até mesmo para se poder ajudar o semelhante é preciso que se trabalhe arduamente.
O tempo remanescente será pouquíssimo, para que se possa viver além de se viver a vida laboriosa.
Não se deve esquecer que o corpo e a mente precisam de descanso por isto que existe os domingos - tediosos para muitos - (eu adoro os domingos), dia em que a maioria tenta recuperar as energias para o labor da semana seguinte. Lembrando que, há quem não tenha essa oportunidade e que trabalha de domingo a domingo.
Quanto tempo sobra para o ser humano  refletir sobre si mesmo, para sentir as batidas de seu coração, para olhar nos olhos de cada um daqueles com quem convive? Não muito, eu creio.
Portanto, viver é uma arte, cuja sabedoria precisa estar presente nessa bela arte. 
É fácil falar para o outro o que ele deve, ou o que ele não deve fazer. O difícil é compreender que cada um tem uma história de vida e tenta fazer dela o melhor que pode, ou o melhor que sabe.
Viver, apesar de ser ótimo, é muito complexo.
Se eu fosse dar um conselho para um adolescente – que muito provavelmente, não me ouviria – seria para que estudasse bastante e buscasse dentro de si algumas respostas antes de se lançar em determinadas escolhas, como por exemplo o que gosta de fazer, como poderia usar o que gosta a seu favor para empregar em sua vida coisas, as quais façam sentido e que o alegre. Para viver bem, é preciso viver com alegria.
Eu nunca parei de estudar, de ler, de escrever, e nunca vou parar. Eu trabalhei duro, durante muitos anos de minha vida, fazendo o que eu gostava de fazer, porque não importa o que se escolhe fazer, deve-se fazer bem feito e buscar o prazer em ver o resultado daquilo o qual se está, diariamente, fazendo. Caso contrário, o indivíduo irá criar ranços dentro de si, e os que conviverem com ele, sofrerão, no mínimo,  com seu mau humor.
Eu trabalhei duro e não depositei a minha vida em nenhum lugar, somente alguns trocados eu depositava pensando que um dia – pois nunca pretendi morrer – eu iria usufruir daquilo que eu estava economizando para aqueles dias aos quais eu não pudesse trabalhar no mesmo ritmo.
E ao pensar que eu estava trabalhando para o meu presente e para o meu futuro, a motivação que eu sentia era ainda maior. E com isso, eu coloquei um sorriso dentro de mim; um sorriso permanente. Eu tenho esse sorriso sempre de reserva, quanto mais o uso, mais o sorriso se compõe.
Também ouço dizer que 'as pessoas' não são felizes. O que eu duvido.
Eu acredito que, algumas pessoas não sejam felizes, por serem insatisfeitas em viver a vida que vivem, por não terem feito uma escolha que as colocassem em outro tipo de vida, aquela vida que sonham viver. São essas pessoas que vivem da expectativa de que alguém irá modificar suas vidas, pelo simples fato delas serem especiais e merecerem isso. Esse devaneio é pessoal. Infelizmente, nada acontecerá, enquanto essas tais  pessoas não tomarem a decisão de lutarem pelos seus objetivos, ou de se conformarem com suas vidas miseráveis, a qual escolheram viver, ou não escolheram, há essa possibilidade, simplesmente a aceitaram, sem se "mexerem do lugar". Mesmo essas pessoas, têm seus momentos de felicidade, porque todo ser humano tem um universo em si, e em algum de seus cantos internos existe  a felicidade. Mesmo que a felicidade esteja meio cansada por não ser notada, ela sorri nos momentos em que a deixam se manifestar.
E há aqueles indivíduos que são gratos a tudo. Há os que moram em comunidades, que buscam água do poço, que fervem a água da torneira para dar para o bebê tomar,  que cozinham uma única batata e a dividem entre os que moram no mesmo casebre, e elas não deixam de sorrir, mesmo sem todos os dentes em suas bocas.
Algumas pessoas são muito especiais por saberem que elas são o dia.
O que é o dia? O dia sou eu. Eu sou o dia. Quando alguém me diz: “bom dia”. Está me dizendo para eu ser boa nesse novo 'tempo' que foi estabelecido como o dia. Somente a bondade de cada um, sendo exercida no dia, é que poderá transformá-lo num bom dia. Portanto, o resultado de cada dia, é o resultado da minha bondade, é o resultado da minha paciência, é o resultado da minha inteligência, é o resultado das minhas atitudes, é o resultado da minha perseverança, é o resultado da minha disposição,  é o resultado do meu empenho, é o resultado da minha vontade de ser feliz.
Olhar ao redor, é preciso. Olhar para o alto, é preciso. Olhar para os lados, é preciso. Olhar para baixo, é preciso. Olhar para frente, é preciso. Olhar para trás, é necessário.
O que costuma atrapalhar a vida de alguns indivíduos  é a desculpa.
Pessoalmente, acredito que a desculpa é a maior aliada daquelas pessoas que não querem coisa alguma com a vida e precisam de dar uma satisfação àqueles que lhes cobram uma outra postura perante a mesma. Isto não quer dizer que essas pessoas não sejam felizes, elas não são felizes aos olhos daqueles que as exigem uma postura diferente daquelas que elas optaram em ter.
Eu conheço um jovem inteligente, que interrompeu os estudos universitários. E esse jovem vive dizendo que vai se matricular no próximo período, e tal período nunca chega. Parece-me que esse jovem gostaria de estar formado, sem que ele precisasse dispor de seu tempo para frequentar uma universidade.  Somente aquele jovem é que não sabe que desse modo, jamais irá se formar, e que os anos passam e a vida passa e não espera ninguém que queira somente brincar de viver. 
Levando a vida à sério, ou brincando com ela, todos irão chegar ao mesmo lugar comum, não por vontade própria, mas por imposição da vida, que é a morte. E somente se pode levar as satisfações do que se viveu. 
Triste é quem vive sem descobrir o que é satisfação.
Nem as crianças podem brincar de viver, como gostariam, tamanha são as responsabilidades que lhes são exigidas.
Eu vivo uma vida confortável, mas não julgo o outro por mim. Lembro-me sempre de que cada individuo tem a sua história.  Algumas histórias  que eu gosto de ler, outras histórias  eu aprecio, outras histórias  eu admiro, outras histórias eu me emociono, e também há aquelas histórias as quais, eu deprecio, eu repúdio, eu me enojo, eu me choco, eu me indigno.
No entanto, quem sou eu para querer ensinar a alguém como viver uma outra vida, diferente daquela que compreendem como uma vida certa, ou justa? 
Eu tenho a minha vida para compreender, para  tomar conta e viver, pois uma vida bem vivida precisa de todo o tempo disponível, e acredito que ainda não seja o suficiente.
O trabalho é muito importante e dele não se deve fugir. O que se deve, penso eu, é aprender a fazer o que se gosta de fazer. Ou de fazer bem aquilo que se serve para fazer.
Ao acordar eu abro a janela para entrar o ar e a luz do sol, e me extasio com a beleza das flores do meu jardim. O jardim é uma obra minha. Os pássaros e as borboletas que vivem nele  me encantando, são visitas. Se não houvesse jardim, não haveria tantos pássaros e borboletas, diariamente, ao meu redor. Todavia, se não houvesse minha decisão em compor um jardim, eu ao abrir minha janela não poderia contemplar flores.
Eu não vou dormir sem olhar para céu. Mesmo que esteja chovendo eu olho para o céu através de minha varanda, e todos os dias eu me sinto deslumbrada por ele, me encantando com as estrelas e com a lua. Mesmo quando ele está tristonho por ter poucas estrelas brilhando nele, eu me maravilho. Talvez porque eu não saiba como será o cenário da vida que viverei depois da morte. Talvez seja lindo, mas com coisas que eu jamais tenha visto antes, e não quero, então, me arrepender de não ter me fascinado com as maravilhas que existem na face da terra.
Eu todos os dias olho para o meu cachorro e o acho mais lindo do que no dia anterior. Eu fico maravilhada. Eu falo para ele: “Bentley, como é que você pode ser tão lindo assim, e tão meigo?”.
Todos os dias eu falo para os meus filhos que os amo e que eles são importantes para mim. E não esqueço de lhes dizer o quanto sinto orgulho por serem pessoas dignas, éticas, gentis e educadas.
A beleza está em mim. A beleza está no meu olhar. A beleza está no meu coração. A beleza está no meu espírito. A beleza está na minha alma.
Sim.
E por isso eu vejo o belo sem manchas. Sem desculpas. Sem desmerecimento.
E se há beleza em mim, há felicidade em mim.
E se há felicidade em mim, eu não vou fazer alguém infeliz. Não por livre e espontânea vontade. Eu posso fazer alguém infeliz, por esse alguém querer de mim, o que ele mesmo,  precisa  buscar em si.
A vida tem significado, e ao encontrar esse significado, é quase impossível, alguém, não ser feliz. 
 
Mari S Alexandre
Enviado por Mari S Alexandre em 01/08/2015
Reeditado em 01/08/2015
Código do texto: T5330975
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