Corrupção, Justiça, e Teatro
Essa busca ensandecida da justiça brasileira pelos culpados do petrolão, deixa certas dúvidas. Afinal, gradativamente os culpados de hoje estão ligados aos culpados de ontem, os de ontem aos de anteontem, e assim sucessivamente até a descoberta do Brasil, e insistindo-se a culpa propagar-se-á aos portugueses, e etc.
E então, ainda que descobertos todos os culpados, que solução viável resta? Todas as nossas leis garantem direitos quase infinitos para criminosos de gravata; inúmeros políticos estão diretamente ligados a empresas que propulsionam o país; ao condenar um político, hoje, por corrupção, forçaria o sistema judiciário a fazer o mesmo com os demais também do passado que ainda vivem; e também julgar as consequências favoráveis aos familiares destes, que usufruíram da ilicitude.
Enfim, a intenção de explanar a longinquidade dos envolvidos e a impossibilidade de um julgamento verdadeiro, é denunciar uma grandessíssima peça teatral. Nada irá acontecer, ou se acontecer, não fará jus às mudanças necessárias do país, ou pior, será resultado planejado destes que nos governam.
Afinal, a corrupção é como uma árvore. Eventualmente podam-se as pontas para que esta cresça ainda mais. Mas essa afirmação não tem o intuito de, dada essa característica intrínseca da nossa história, legitimar nossas atitudes por ventura corruptivas ou ilícitas. Ao contrário, a ideia é preparar aos indivíduo o inimigo em comum. É deixar claro que os sistemas institucionais orientados pelo próprio governo não irão atentar contra essa própria estrutura que a mantém funcionando.
A Justiça não fará jus às nossas expectativas.
Soluções são possíveis, mas ficam para outros devaneios.