Impressões e Ideias
Uma coisa curiosa sobre o homo sapiens contemporâneo é o seu "achismo".
Toda a construção das nossas ideais deve estar baseada nas nossas impressões. Ex: só sabemos o que é o calor do fogo porque já sentimos, só sabemos o que são as linhas limites, arestas, pontos, porque vimos, só sabemos o que é uma dor de cabeça porque sentimos, etc. Não tem ligação com a explicação sobre as ideias mas unicamente em se houve a impressão. Porém habituamo-nos a estendermos nossas ideias para impressões que nunca tivemos e assim geramos noções deturpadas e errôneas do que são, porque são ou como são as coisas para essa ou aquela pessoa, ou ainda um determinado grupo social.
Outra forma de entender a dependência das ideias nas impressões é imaginar alguém que nasceu cego. Como explicar o que é um quadrado se isso depende de explicar o que é uma linha, uma aresta ou como explicar o que é a cor verde? Suas noções, concepções ou ideias serão construídas através do tato, mas não pode-se garantir que o quadrado do cego seja igual ao nosso. Extrapolemos o exemplo e pense que além de cego, a pessoa nasceu com uma doença cerebral que a deixou sem tato, sensibilidade ao calor, ao frio, etc. Como, então, alguém assim poderá formular corretamente suas ideias sem as impressões corretas?
Essa é a falha do homem atual. Formula conceitos e concepções sobre coisas das quais ele nunca experimentou, sentiu, passou, viu, ouviu, etc. Toma suas experiências como as de todo mundo e extrapola suas ideias para os demais, tentando variar de grau e intensidade.
Por isso colocar-se no lugar do outro é uma tarefa monumental, exige uma energia gigantesca para que o pré-julgamento seja sobrepujado pela racionalidade e noção de que podemos não ter a ideia correta sobre determinadas impressões.
E como não podemos experimentar de tudo, não é possível ter todas as impressões, devemos no mínimo colocar-nos em nosso lugar, não falar pelo outro, julgar menos e pensar mais.