Pequeno Ensaio Sobre Questões de Filosofia - parte 31
Quando nos desligamos do egoísmo, passando a concentrar nossos esforços visando preferencialmente o outro, há uma chance maior de sermos felizes. Isto porque tira o foco de nós mesmos e lança-o sobre algo mais precioso: o crescimento global. As questões fundamentais da vida e que parecem sem respostas, mexem com o nosso interior. A introversão atrapalha o desenvolvimento porque turva as ideias e levam à inação.
É nesse ponto que residem quase todas as insatisfações da alma humana e, para que sejam transformadas em ações produtivas urge entregá-las ao mundo, dando um pouco mais de si à sociedade em forma de trabalhos que agreguem valor, que salvem vidas; enfim, que dissemine a felicidade. A recompensa disso é a felicidade verdadeira, a satisfação plena interior. O exercício do dar e receber coloca o mundo, e todos os seus habitantes no ciclo correto da evolução, por ser o caminho natural; é só observarmos a natureza. Todas as formas de vida, em todos os processos vitais, no ar, no solo, nas florestas e dentro do nosso organismo está exemplificado esse dar e receber que a tudo sustenta. Não pode ser diferente com nosso modo de levar a vida. Se dessa compreensão nascer a mudança na forma de dar e receber, tendo por base o altruísmo, o fardo se amainará e viver tornar-se-á muito mais prazeroso.
O estado de felicidade precisa ser simples e natural. Não pode depender de coisas exteriores; não pode vir pela mania da comparação; não tem que ser forçado nem imposto, tampouco cobrado do outro para nós. Nada disso gera felicidade, mas satisfação, o que é bem diferente. A balança da vida precisa estar equilibrada, com o amor de um lado e a sabedoria do outro. A felicidade é independente; tudo que torna complicado o ato de viver não condiz com felicidade, mas com ilusão. Se buscamos preenchimento da satisfação carnal, tornando túmido o desejo por prazeres fugazes, a felicidade foge como um animal acossado.
Daí os sofrimentos que poderiam ser evitados. A frugalidade no modo de viver o dia a dia contribui muito mais para a felicidade do que a disputa por superioridades. A paz de espirito jamais pode ser alcançada pela sede do ouro, mas pelo desapego da sua predominância. Mais vale um café com pão numa simples cabana ao lado de seres amados do que um banquete rodeado de amantes da voluptuosidade. Ser feliz é a matemática que fará com a soma de 2+2 seja sempre igual a 4. Não há mistérios, não há segredos, mas uma entrega ao ato de viver descontraído, alegre e agradecido.