Negligenciar o amor, eis o pecado original

A única coisa para o qual vale a pena viver é o amor. Todo o resto é vaidade seguida de tédio e necessidade de sobreviver, porém mesmo sobrevivendo o prêmio final é a não sobrevivência, ou seja, a morte.

Como o amor está em extinção (historicamente) nos resta a idiotice de parecer ser alguém relevante para pessoas que mal notam a nossa presença, e se as notam, ou nos invejam, ou nos ridicularizam em segredo, ou as professam suas injúrias e conjecturas a outros infames, e com isso, fazem da vida o maior espetáculo de comédia trágica trajada de originalidade, porém nessa estupidez existencial todos esperam a morte, no entanto, sem a consciência de tal absurdo.

O absurdo maior não é a morte como recompensa, absurdo maior é não se dar conta do absurdo que é viver de vaidade e de luta pra sobreviver. Negligenciar o amor sempre foi o pecado original do Homem, não, não foi o pecado de querer ser igual a Deus, esse foi o segundo. O amor sempre (isso mesmo, sempre) foi a fonte de sentido e razão do Homem existir, porém, este primeiro negligenciou o amor, depois quis ser igual a Deus para prover o próprio sentido e razão da vida, e de tanto insistir conseguimos (historicamente): criamos o ódio, a inveja, o desamor, a cobiça, o demônio (para culpá-lo), e deus (para também culpá-lo)... Enfim, criamos o nosso paraíso e as nossas regras e condições para se viver em tal paraíso.

Criamos religiões para pregar o evangelho do ódio trajado de amor bobinho, para gente boba que quer uma religião para se livrar da culpa de ser um estúpido, e para se esconder de si mesmo num outro que a religião diz que ele é... Os que queriam se mostrarem mais fortes, rejeitaram a religião criando outra estupidez existencial, que podemos denominar de mil maneiras, porém, qualquer que seja o termo ou conceito, as coisas continuarão sendo o que sempre serão, ou seja, continuarão sendo religiões.

A Religião do amor morreu num contexto, numa cultura, numa religião, numa época, num dia qualquer, talvez no apagar das luzes, sim, ao apagar das luzes nos sentimos seguros para ser quem somos, num trecho de uma música o amor também pode morrer, num sermão de um pastor, num discurso político, numa conversa de bar, não sabemos, se foi num "oi' ou num "adeus", enfim, morreu como se morre tudo aquilo que deixa de existir em vida, porém até na morte o amor existiu...

O meu desejo foi que ao terceiro dia o amor ressuscitasse, porém no terceiro dia ele não ressuscitou.

Amor! Que Deus o tenha.

Sentimos diariamente a sua falta. Você deixou saudade em todos nós.

Que Deus perdoe o nosso modo de ser estúpido e de como tem sido construída a história da humanidade, uma história repleta de crueldade e sangue de inocentes, tudo isso práticado por gente que tinha nos lábios um belo discurso do amor.

Num mundo sem amor, status é sentido, e ter é uma necessidade inútil de sobrevivência.

Ah não me venham com a falácia de que sou dogmático. Para se falar de algo não dogmático é necessário fazer suposições de suposições, para com isso, chegar a outras possíveis suposições.

O amor é a salvação do Homem, se não estamos salvos, não é devido ao fracasso do amor, mas sim ao fracasso do Homem em amar, não julgue erroneamente um conceito devido ao descrédito daqueles que os denominou.

Falácia por falácia, não ser dogmático é um dogma.

Negligenciar o amor, eis o pecado original.

Luciano Cavalcante
Enviado por Luciano Cavalcante em 22/06/2015
Reeditado em 22/06/2015
Código do texto: T5286367
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