Pequeno Ensaio Sobre Questões de Filosofia - parte 4 - O estudo que transcende
Vivemos em um mundo cíclico; as transformações por que passam o planeta ligam-se aum preparo das condições necessárias aos seres que o habitarão em seguida. Não é preciso ser religioso para crer numa predisposição do universo comandada por uma inteligência superior com vistas a ordenar sua habitação. Estamos fechados dentro das nossas concepções e só podemos afirmar aquilo de que temos certeza. No entanto existem as intuições. Creio que opiniões formuladas apenas com o cérebro, baseadas em pesquisas de natureza lógica fornecem como respostas dados limitados.
Tudo o que acontece fora do âmbito de estudo lógico e cerebral o homem tende a chamar de milagre. Isto é porque ele não procurou ampliar a mente a fim de deixá-la aberta e receptiva a conceitos e conjeturas nunca antes formulados. A evolução do homem está exatamente aí nesta abertura da mente a tudo que, a primeira vista, possa parecer anormal ou impossível. Quando se fala em divino é simplesmente a capacidade do homem, que possui inteligência, de permitir o acesso dela a ideias superiores. É uma questão de experimentar e ver o que acontece.
É claro que ninguém vai propor o absurdo dos absurdos. Mas ficar preso apenas àquilo que foi estudado e pesquisado sem dar asas ao inusitado e diferente é ser científico em demasia. Em todas as pesquisas científicas que acompanhei, sem nenhuma exceção, há sempre um ponto em que paira a dúvida, ficando sempre uma ou mais perguntas no ar, completamente sem respostas.
À medida que passam os anos e aumenta a inteligência do homem, novas questões surgem, dando origens a novas pesquisas. As dúvidas anteriores, ou parte delas, mesmo que sanadas, deixam outras dúvidas correlatas e assim sucessivamente num ciclo infinito. Tem sido assim em todos os setores da humanidade. Se compreendermos que há uma ordem em todas as coisas fica mais fácil conviver com as incertezas. Nossos antepassados desconheciam totalmente as inovações que, hoje em dia, fazem parte integrante das nossas rotinas e até achamos estranho e mesmo inconcebível como eles não foram agraciados com essas facilidades. E se vivêssemos com a cabeça que temos hoje na época de nossos bisavôs, seriamos atacados pelo tédio e talvez nem sobrevivêssemos.
O homem é um eterno insatisfeito; isto em parte é muito bom porque condiz com sua natureza de ser que busca a evolução. Porém, reconhecer que somos limitados dentro do ciclo cósmico evolutivo é ser sábio. A capacidade que temos de lembrar-nos do passado e analisar o presente baseado nessas lembranças é uma dádiva que nos foi proporcionada, mas com limites. As eras planetárias anteriores ao surgimento do homem sobre a Terra vão muito além do que supõe nossa imaginação; ou seja, a imaginação não trabalhada, não intuitiva. Se nos prendermos às concepções cientificas que se baseiam nos instrumentos de medições, nas pesquisas arqueológicas e nos documentos históricos, estamos limitando nossa inteligência. Isto porque ela não é simplesmente o produto dos estudos e das pesquisas.
Inteligência ilimitada refere-se à dadiva que nos foi concedida. Se optarmos por sair um pouco da racionalidade e fizermos tentativa de reconhecer o homem muito mais do que um simples corpo físico, as possibilidades, nesse caso, tornar-se-ão infinitas. Mas não vou lançar luz, por hora, a esse contexto, senão como uma possibilidade. Desejo prender-me às possibilidades de o homem, dotado de um cérebro poderoso e de uma mente insondável, ir muito além nas pesquisas que tem feito para descobrir sua verdadeira origem e sua verdadeira missão no futuro.
As crianças de hoje já nascem com um quociente de inteligência sequer sonhado por nossos antepassados. Adaptarmo-nos a essa realidade é tão urgente quanto é urgente a elas, quanto antes em suas vidas, adaptarem-se às diferenças mentais com que se deparam. À medida que vão evoluindo fisicamente tomam conhecimento da verdadeira realidade. Há então grande tendência de perderem parte significativa do conteúdo mental que trouxeram ao nascer. Conviver com o avanço da tecnologia é-lhes totalmente natural e isto faz com que sua inteligência seja alavancada de uma forma por nós inimaginável. Como explicar a um adolescente que nossos bisavôs desconheceram o conforto e a facilidade de um aparelho de televisão, por exemplo? É unindo a ponte entre essas extremidades de progresso inacreditável e atraso inconcebível que faz nascer a humildade de reconhecer e conceber um futuro fora do alcance de uma simples inteligência racional.
A grandeza do cosmos é um magnifico exemplo de como o homem pode evoluir. Uma concepção, por mínima que seja, de um criador para esse universo infinito já é um grande avanço em sabedoria. Isto porque tira o homem da mediocridade. No entanto, por mais que nos esforcemos para nos posicionarmos dentro dele maior é o sentimento de impotência perante tal magnitude. Só podemos chegar à conclusão de que não passamos de um ínfimo grão de areia perdido num oceano infinito. Desconhecemos por completo nosso passado como não fazemos a mínima ideia do nosso futuro cósmico. Sequer sabemos que posição ocupamos; se na esquerda, direita, no centro, em cima ou embaixo. Para termos uma ideia, não paramos um milésimo de segundo no mesmo lugar e nossa velocidade é imensurável. O resultado de toda e qualquer pesquisa no que se refere ao estudo cósmico não passa de conjetura.
A ciência já admite a existência de múltiplos universos. Nada mais significativo e interessante para provar a capacidade infinita da mente humana do que essas adaptações às mudanças cíclicas do universo. Somos seres dotados de inteligência infinita, guiados por uma autoridade paciente e compreensiva. Tudo possui sua época e se o homem ainda não conhece o que se passa fora das fronteiras de sua casa é porque não chegou o tempo certo. Há um detalhe que passa totalmente despercebido quando se fala em desenvolvimento do homem.
Somos uma civilização; é bom que não esqueçamos disto.
E, da mesma forma que estudamos outras civilizações que existiram no passado, outras, que virão depois de nós, nos estudarão igualmente. Jamais pretendamos que somos superiores. Os arqueólogos já provaram a existência, num passado remoto, de civilizações muito superiores à raça humano e quem estiver bem consciente disso, deixará para sempre de lado, todo tipo de presunção. Civilizações vão e vem num ciclo constante que não para sobre a face do planeta. Se o estudo de nossa raça não ultrapassa a dez mil anos, o que não dizer das épocas remotas? Quantas eras, de fato já enfrentou nosso planeta? Que não esqueçamos a sua idade - segundo a ciência - de quatro ou cinco bilhões de anos.
Portanto, entre uma era e outra, as transformações por que passou o globo deixaram rastros impossíveis de serem concebidos por simples estudos humanos. O estudo da bíblia dá uma ideia muito aproximada da diversificação das raças e isto não passa de documentação que conseguiu resistir ao tempo e chegar até nossos dias. Agora, se somos ignorantes quanto ao que ocorreu no passado em nosso próprio planeta, não dá sequer para levantar hipóteses quanto aos segredos ocultos nos escaninhos desse universo fantástico.