Lixeiro

Corre como um maratonista, lança objetos como um lançador de dardos. Quem é este que agrega em si estas qualidades olímpicas? Eles estão em todas as ruas, embora poucas vezes os percebamos, ou notemos o efeito do seu trabalho.

Engraçada e irônica a vida, o manto da invisibilidade pública não permite que os vejamos. No entanto, seu serviço prestado a nós é essencial.

Em contraste a estas personagens, às quais seguramente poderíamos dar o título de heróis, encontram-se os famosos sempre cercados pela mídia tendenciosa, impondo suas crenças e costumes espúrios.

Dos primeiros necessitamos que recolham nosso lixo, nossas imundícias, destes outros, colocamos prazerosamente o lixo que produzem dentro de nossas casas, mudando nosso jeito salutar de viver, tornando-nos prisioneiros de pensamentos hedonistas.

Como não exercitamos o direito de pensar, de criticar, temos a tendência de aplaudir nossos aliciadores, de julgar que eles, com suas mentes diminutas, são exemplos a serem seguidos.

Vivemos enganando e sendo enganados. Somos os comedores de lixo, os fãs do lixo cultural produzido por intermédio da mídia. Enquanto isso, nos aborrecemos com a sujeira das nossas ruas, mas não queremos levantar um dedo para removê-la.

Resta uma dúvida diante de tudo isso: Lixeiro é quem recolhe lixo, ou quem o produz?